CAPÍTULO 3 - Vizinhos de varanda. Ouvintes improváveis (EM REVISÃO)

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           — Um novo dia. Uma nova mulher.

Logo nos primeiros raios do dia, Júlia se levanta para colocar em prática a mais nova fase de sua vida. Muitas coisas necessitam ser mudadas para que possa sair desse zero a zero de emoções.

— Preciso anotar tudo, antes que me esqueça.

Júlia abre e fecha as gavetas da sala, numa empolgação mais do que necessária, a procura de caneta e qualquer pedaço de papel perdido. Até mesmo os armários da cozinha são revistados.

— Quando a gente precisa de uma coisa, a gente acha um unicórnio, mas não encontra a bendita. — Reclamou em voz alta, depois de verificar a geladeira.

Meio apartamento já tinha sido revirado, quando um pequeno bloco de notas e uma caneta toda mastigada na ponta são finalmente encontrados.

No entanto, uma estratégia digna de guerra só poderá ser planejada quando a mente de sua estrategista for devidamente acordada. Acordada com uma boa e cheia xícara de café.

A chaleira apita, avisando que a água chegou aos

100° C. Até que enfim Júlia poderá saborear o seu amado vício, ao mesmo tempo que anota as primeiras etapas da Missão Trouxa nunca mais.

— Não acredito! Diz para mim que isso é mentira.

As portas dos armários da cozinha voltam a sofrer violência. Cada uma delas é aberta e fechada num ímpeto que beira ao desespero. Mais barulhos preenchem o ar da manhã.

— Não! Não! Não faça isso comigo! Eu não sou ninguém sem você!

— Bom dia, artista de escola de samba! O ensaio da bateria já começou? — Brinca Carol ainda um pouco grogue de sono, assim que chega à cozinha.

Sem esperar por resposta, ela se acomoda em um dos bancos que cercam a bancada que faz a fronteira com a sala, antes de apoiar os braços no mármore claro, fazendo-os de travesseiro. A cabeça pesa pelo sono ainda não saciado.

— Por que você acordou tão cedo?... Não, espera um pouco! Tentarei elaborar essa pergunta de uma forma mais correta. — Uma mão é erguida preguiçosamente. — Para que acordar os outros tão cedo? Caramba! Você é tão silenciosa quanto um elefante com caibra pela manhã!

— Cadê o pó? — Júlia interpela bruscamente, fazendo a amiga se lembrar de um viciado em abstinência. Os olhos castanhos chegaram até a ganhar um brilho psicótico. — Eu preciso dele! Você o trouxe, não é?

— Calma, garota! Vou daqui a pouco ao supermercado para fazer as compras. Só trouxe o necessário. O indispensável. — Explica Carol, que luta para manter os olhos abertos, mas eles teimavam em permanecer fechados.

De que adianta estar de férias, se tiver que acordar cedo no seu período de descanso? Na opinião da baixinha sonolenta, acordar cedo sem necessidade é coisa de louco.

— Mas café é indispensável! — Júlia afirmou com ímpeto.

— Para um viciado, com certeza! — Carol acrescentou, antes de se levantar com dificuldade, e ir até a bolsa que contém alguns mantimentos que trouxe, que ainda não foram acomodados nos armários. — Eu trouxe chá. Toma!

— Não, eu preciso de café! CAFÉ! Eu preciso pensar, e a cafeína ajuda minha mente a clarear.

Júlia se move de um lado para o outro na cozinha, na esperança de achar algum restinho pó, deixado pelos últimos ocupantes do apartamento. Haviam abandonado um pacote de macarrão, então quem sabe também não deixaram mais algumas coisas para trás.

SOS: verão! (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora