— Ah, amiga! Infelizmente, eu tive que colocar um ponto final.
— Mas por quê? — O lamento era sincero.
— Ele é muito novo. Nossa diferença de idade iria pesar a qualquer instante. Eu me conheço. Sei que mais tarde eu iria cobrar dele responsabilidades e atitudes que ainda não estão na hora dele ter. Isso só iria nos desgastar. E eu prefiro terminar com boas lembranças. — Disse segura de sua decisão.
— Mas por que você não deixou rolar mais um pouco? Vocês estavam se curtindo tanto...
— Uma hora ou outra teríamos que terminar mesmo. Eu só me adiantei. — Deu de ombros. — E você sabe que eu não me sentia confortável...
— E o que ele disse?
— Ele disse que eu estava sendo impulsiva e que não podia saber como as coisas iriam acontecer no futuro. E que no fundo era pura insegurança da minha parte. — A mão de unhas compridas e bem-feitas que passeava pelos cabelos repetidamente era a única coisa que demonstrava sua inquietação. — Então eu disse que ele devia aproveitar esse fim de férias para conhecer garotas da idade dele e se divertir.
— É uma pena. — Tocou de leve na mão da amiga, que ainda estava apoiada na mesa do restaurante, em sinal de solidariedade.
— Talvez. Mas por outro lado é libertador. — Olhou pensativa pela vidraça do restaurante que dava para a rua de pedras. — Agora eu não vou mais ficar sentindo o peso dos olhos das pessoas sobre nós em todo lugar que fossemos. Ele disse que não percebeu nada disso. Mas o que me irritava mesmo eram as piadinhas constantes que eu era obrigada a ouvir. Era muito estressante! — Soltou o ar dos pulmões impaciente. — Às vezes eu acabava descontando nele. E ele não merecia.
Carol estava sentada em uma das mesas do restaurante de Renato, enquanto esperava Daniel retornar do banheiro, quando ouviu a conversa das duas mulheres sobre o rompimento de uma delas. Parecia que estava ouvindo o seu futuro através da boca de desconhecidos. E isso era um pouco assustador. Não queria que aquilo acontecesse com ela e Daniel. Não estava dizendo que iriam se casar e ter filhos, mas estava se divertindo e queria aproveitar o momento ao máximo. Não queria terminar. Pelo menos, não agora.
— Pare de tentar adivinhar o futuro. — Uma voz familiar tirou Carol de seus devaneios.
— Ah... Olá, Renato! Como vai? — Disse, depois de reconhecer o dono da voz.
— Eu estou ótimo! Graças a Deus! — A simpatia continuava a mesma que Carol se recordava. — Mas, infelizmente, quem parece estar em um impasse é você.
— Está tão aparente assim?
— Só um pouquinho. — Sorriu, tentando aliviar um pouco a tensão. — E posso até dizer o motivo.
— Jura? — Perguntou interessada. — E qual é a razão do meu impasse?
Fingindo analisar as possíveis opções, disse logo em seguida:
— Você está preocupada com o seu rolo com o Daniel, e não sabe se continua ou não. — Estudou a reação de Carol por uns instantes antes de continuar. — Está preocupada com a diferença de idade, e não consegue aproveitar o momento como deveria. Acertei?
— Misericórdia! Como você sabe disso? — Carol levou as mãos à boca surpresa.
— Sou vidente.
Depois de ver a boca de Carol se abrir em surpresa, sorriu e disse:
— Estou brincando. — Levando uma mão a boca em formato de concha para que a mesa ao lado não os ouvisse, Renato confessou: — Na verdade, essas mulheres falam muito alto e eu escutei tudo.
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SOS: verão! (Em revisão)
RomansaJúlia sempre ficava à espera de "sei lá o quê" acontecer. Algo, que trazido pelo vento, daria um novo rumo a sua vida. E definitivamente esse "algo mais" aconteceu: seu amor platônico por seu colega de trabalho vai por água abaixo quando ele se in...