✫ᴄᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ ᴅᴇᴢᴏɪᴛᴏ✫

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Pov Payton

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Pov Payton

Se eu soubesse que ela era assim... Desço a página e clico no primeiro vídeo. Vejo a miniatura de uma foto de Stella mais nova, com aparelho nos dentes e um rabo de cavalo alto. Tento não rir. Me pergunto como serão os dentes dela agora, já que ela não sorriu para mim nem uma vez. Provavelmente ótimos. Ela parece o tipo de pessoa que de fato usa o aparelho móvel antes de dormir, em vez de deixá-lo pegando poeira na prateleira do banheiro. Acho que o meu nem chegou a sair do consultório do dentista. Aumento o volume e a voz dela

começa a vazar pelos alto-falantes do notebook. - Como todos os portadores de FC, eu nasci paciente terminal. Nosso corpo produz muito muco, e esse muco entra nos pulmões e causa infecções, provocando uma de-te-rio-ra-ção na função pulmonar. - Ela se atrapalha com a palavra grande antes de abrir um grande sorriso para a câmera. - Nesse exato momento, estou com cinquenta por cento da minha função pulmonar. Há um corte bem amador, mas no segundo seguinte, Stella vira de frente para uma escadaria que

reconheço como a entrada principal do hospital. Não é de se estranhar que ela conheça aqui tão bem. Ela praticamente mora nesse lugar. Sorrio de volta para a garotinha na tela, mesmo que esse corte de edição seja a coisa mais cafona que já vi. Ela senta num degrau e respira fundo. - A dra. Hamid me disse que, nesse ritmo, vou precisar de um transplante mais ou menos quando estiver no Ensino Médio. Um transplante não é a cura, mas vai me dar mais tempo de vida! Vou amar viver mais alguns anos, se eu tiver a sorte de conseguir pulmões

novos! Nem me fale, Stella... Pelo menos ela tem uma chance.

 Pelo menos ela tem uma chance

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Pov Sttela

isto meu AffloVest azul, amarrando-o no meu corpo com a ajuda de Barbie. O colete vibratório parece muito com um salva-vidas, exceto pelo controle remoto saindo dele. Por um segundo, eu finjo que é de fato um colete salva-vidas e olho pela janela, me imaginando em Cabo San Lucas, dentro de um barco com Mya e Camila, o sol da tarde brilhando no horizonte.

Gaivotas gorjeando, a areia da praia à distância, os surfistas sem camisa - e então, contra a minha vontade, penso em Payton. Num piscar de olhos, Cabo some de vista e as árvores secas do lado de fora do hospital voltam a aparecer. - Então, o Payton... Ele também tem fibrose cística? - pergunto, embora a resposta seja óbvia. Barbie me ajuda a colocar a última alça no lugar. Puxo a parte do ombro para o lado de modo que o colete não fique roçando no osso da clavícula. - Fibrose cística e mais um pouco. B. cepacia. Ele faz parte do novo tratamento experimental com Cevaflomalin. - Ela estica o braço para ligar a máquina e olha para mim. Arregalo os olhos e encaro o meu frasco enorme de álcool em gel. Fiquei tão perto de Will e ele tem B. cepacia? Isso é praticamente uma sentença de morte para quem tem fibrose cística. Com sorte, ele vai viver mais alguns anos. Isso se ele seguir o tratamento à risca, como eu. O colete começa a vibrar. Bastante. Consigo sentir o muco dos meus pulmões se soltando aos poucos. - Se você pegar uma bactéria

dessas, adeus pulmões novos - Barbie adverte, me encarando. - Fique longe dele. Faço que sim com a cabeça. Eu com certeza pretendo fazer isso. Preciso desse tempo a mais. Além disso, Will é convencido demais para ser meu tipo. - O tratamento... - começo a dizer, erguendo minha mão para Barbie para pausar a conversa e cuspir o catarro. Ela assente e me entrega uma bacia rosa-clara. Eu cuspo e limpo a boca antes de retomar o assunto. - Quais são as chances dele? Barbie suspira, balançando a

cabeça antes de olhar para mim. - Ninguém sabe. A droga é muito nova. Mas sua expressão diz tudo. Ficamos em silêncio, exceto pelo ruído da máquina enquanto o colete vibra. - Tudo pronto. Precisa de alguma coisa antes de eu ir embora? Eu sorrio e faço um olhar suplicante: - Um milk-shake? Barbie revira os olhos e coloca as mãos na cintura. - Era só o que me faltava. Agora eu também faço serviço de

quarto? - Preciso aproveitar as vantagens desse lugar, Barbie - digo, o que a faz rir. Ela sai e eu me recosto na cama, meu corpo todo vibrando com o AffloVest. Meu pensamento viaja e eu vejo o reflexo de Payton no vidro da UTI, parado bem atrás de mim, um sorriso debochado no rosto. B. cepacia. Complicado. Mas andar pelo hospital sem máscara? Não me surpreende ele ter contraído a bactéria, fazendo coisas desse tipo. Perdi as contas de quanta gente igual a ele já encontrei por aqui.

a 5 passos de você - Payton MoormeierOnde histórias criam vida. Descubra agora