✫ᴄᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ ᴅᴇᴢᴇɴᴏᴠᴇ✫

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Pov Sttela

O tipo despreocupado e valentão, tentando desesperadamente desafiar o diagnóstico antes que tudo acabe. Não é nem original. - Tá legal - Barb diz, me trazendo não um, mas dois milkshakes, sendo a rainha que ela é. - Isso deve segurar um pouco a sua fome. Ela coloca os copos ao meu lado e eu sorrio ao observar seus olhos castanho-escuros tão familiares. - Valeu, Barb. Ela assente e acaricia de leve a minha cabeça antes de sair. - Boa noite, meu amor. Até

amanhã. Eu me sento e fico olhando pela janela, cuspindo mais e mais catarro enquanto o colete faz seu trabalho de limpar minhas vias aéreas. Meu olhar vai até o desenho dos pulmões e a foto pendurada ao lado dele. Sinto uma dor no peito que não tem nada a ver com o tratamento ao pensar na minha cama de verdade. Meus pais. Abby. Pego o celular e vejo uma mensagem do meu pai. É uma foto de seu velho violão encostado na mesa de cabeceira antiga do seu novo apartamento. Ele passou o dia inteiro arrumando tudo depois de eu

insistir que fizesse isso em vez de me levar para o hospital. Ele fingiu não estar aliviado, assim como eu fingi que minha mãe me levaria, para que ele não se sentisse culpado. Tem sido um festival de fingimentos desde o divórcio mais ridículo de todos os tempos. Já faz seis meses, e eles ainda não conseguem olhar na cara um do outro. Por algum motivo, sinto uma vontade enorme de ouvir sua voz. Toco nas informações de contato dele e quase aperto o botão verde de chamada, mas desisto no último

segundo. Nunca ligo no primeiro dia de internação, e toda a tosse que o AffloVest provoca só o deixaria nervoso. Ele continua me mandando mensagem de hora em hora para saber como eu estou. Não quero preocupar meus pais. Não posso preocupá-los. Melhor esperar até amanhã.

Meus olhos se abrem na manhã seguinte procurando o que me acordou, e vejo meu celular vibrando alto no chão, depois de cair da mesa de cabeceira. Com os olhos entreabertos, vejo os copos

vazios de milk-shake e os potinhos vazios de flã de chocolate, ocupando praticamente a mesa toda. Não me estranha que o celular tenha caído. Se somos sessenta por cento água, meus outros quarenta por cento definitivamente são flã. Com um gemido, estico o braço até o chão para pegar o celular, sentindo uma queimação na pele em volta do acesso da sonda. Levanto cuidadosamente a camiseta para soltar o tubo e fico surpresa ao ver que a pele ao redor do buraco está ainda mais vermelha e inflamada do que antes.

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⏰ Última atualização: Oct 05, 2021 ⏰

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