— Eu estou me sentido com quinze anos. — Meredith disse se olhando no espelho do elevador enquanto colava pedrinhas brilhantes no rosto.
— Estamos lindas. — Amelia exclamou, elas estavam saindo de par de vaso: Meredith de Sol, Amelia de Lua e a Callie de estrela. Era pra Jo participar, mas ela quis ir fantasiada de girassol, e o Alex de jardineiro... Everybody Hates Casais Felizes.
— Jackson falou que encontra a gente no bloco, ele casou mesmo. — Alex falou mexendo no celular.
— Olha quem fala. — Amelia rebateu.
— E a italiana? Se liga, Amelia.
— Conclusão: Só eu tenho moral pra falar sobre casar no rolê. A Callie vive nessa doideira com a doida da Arizona, vocês dois — Ela aponta pra Jo e Alex. — falam que não são namorados mas vivem como um casal. E você Amelia, se apaixona três vezes por dia.
— Você fala como se não tivesse ficado toda boba olhando pro meu futuro cunhadinho.
— Ah, então a grande Grey já caiu nas graças do italiano gostosão? — Callie falou rindo enquanto saiam do elevador.
— Calem a boca. — Meredith respondeu séria quando avistou os irmãos e Arizona na recepção do hotel esperando por eles.
Andrew estava com uma bermuda preta e uma camisa branca, óculos de sol e uma plaquinha pendurada escrito algo que ainda não conseguiam ler, Carina e Arizona estavam com fantasias combinando, a loira estava de anjinho e a morena de diabinha. Ah, a energia caótica do carnaval.
Quando se aproximaram, começaram a se cumprimentar com beijinhos no rosto, quando chegou a vez de Meredith falar com Andrew, ela lhe deu um beijo do lado do rosto e virou para dar outro, mas ele não, foi aí que ela quase beijou a boca dele. Ele sorriu confuso e ela quase morreu de vergonha.
— No Rio são dois. — Ela falou tímida.
— Foi mal, paulista dá um só. — Ele riu. — Achei que queria me beijar.
— Desculpa. — Ela olhou pra baixo, e de relance leu a placa, olhou de novo com calma e tentou processar o que ele queria dizer com "era Sol que me faltava".
— Gostou? A Arizona me falou que você ia estar fantasiada de Sol.
— Tá de sacanagem? — Ela perguntou rindo. Não era fácil conquistar a Meredith, mas só com esse gesto tosco, ele havia ganhado a loira.
— Foi uma cantada, poxa. — Dessa vez, ele ficou sem graça.
— Obvio que eu gostei, ótima cantada, achei fofo. — Ela falou arrumando o barbante que segurava a plaquinha. — E tentador...
Ele se aproximou, ia tomar a iniciativa bem ali no meio da entrada do hotel, quando Arizona gritou os chamando pra ir. A maior corta clima. Eles sorriram sem jeito e foram.
Enquanto eles andavam pra perto da multidão, Amelia carinhosamente contava fatos históricos sobre a cidade e principalmente sobre o carnaval para Carina, com as mãos entrelaçadas, aquilo de alguma forma fez a Meredith querer a mesma coisa com o Andrew, seria só um feriado, nenhum compromisso. E por esse pensamento, de forma desajeitada, ela o alcançou e segurou sua mão, ele ficou feliz com o gesto, e com medo dela perceber que suas mãos trêmulas, nunca havia ficado tão nervoso na presença de uma mulher.
Mãos entrelaçadas, fantasias "combinando", ninguém pensaria que eles não eram um casal, pelo contrário, passavam por um casal muito bonito inclusive, mas a realidade é que eram estranhos com alguma ligação inexplicável, e clichê.Pessoas bebendo, vomitando, gritando, dançando, cantando em volta do trio elétrico, mas quando finalmente os lábios dos dois se encontraram, foi como se o mundo em volta tivesse congelado. Ao som da Roda do Caranguejo, sim, zero romântico, Andrew envolveu os braços na cintura dela, que reagiu imediatamente segurado o rosto dele delicadamente, nada ao redor importava mais, as bocas se encaixaram e deram permissão para que as línguas pudessem se encontrar num ritmo perfeito com gosto de Skol Beats da vermelha. Meredith desceu as mãos do rosto dele para a nuca, deixando leves arranhões, ele a pressionou mais pra perto aproveitando até o último vestígio de ar daquele beijo, disparado o melhor da sua vida. Quando se separaram para respirar, só sabiam sorrir um para o outro.
Eles conversaram pouco, mais cantaram, dançaram e beijaram. Ele não conseguia tirar os olhos dela, era linda, era tão brilhante quanto o Sol sem sequer precisar estar fantasiada, ele idealizou toda a personalidade dela enquanto a admirava, estava ansioso para conhecê-la, daria seu carnaval inteiro só pra ela, todos os dias e horas queria passar ouvindo-a falar.
Ela sem dúvidas estava fisurada pelo italiano, ele dava um meio sorriso com a cabeça virada de lado que conseguia ser fofo e sensual, o jeito que ele beijava era indecente, ela só sabia querer que ele chagasse mais perto, sempre mais perto, mas, era além do carnal, até o jeito que as mãos dele seguravam a dela quando começavam a seguir o trio elétrico mexia com ela.
Quando começou a anoitecer, eles já tinham se perdido do grupo, um pouco mais bêbados que o ideal, andaram pelas calçadas de mãos dadas. A cada vez que ela sorria ele podia jurar que era ele que iluminava a avenida inteira, Lua nenhuma se comparava ao brilho daquele sorriso.
— Eu nunca comi acarajé. — Ele comentou quando passaram por um quiosque.
— É sua primeira vez aqui?
— Não, vim faz uns anos, antes da Carina vir pro Brasil, mas não tava preocupado com turismo ou acarajés.
— Tava preocupado em fazer bebês e contrair DST's?
— Tipo isso. — Ele riram.
— Vamos comer um acarajé então, italianinho. — Ela o puxou para o banco, se sentou quase caindo e eles fizeram o pedido.
Eles fizeram o pedido, enquanto Meredith tirava sarro dele por ter pedido sem pimenta. Ela nunca tinha se sentido tão a vontade com um homem na vida, só com seus amigos, mas dessa vez é diferente, ela não sente que precisa ser a Meredith Grey, diretora criativa e publicitária, ela sabe que pode ser só a Mer e rir do vento, talvez seja o álcool e a energia carnavalesca, mas com ele parecia tudo mais leve.
Eles comeram e ela passou mal por causa da pimenta, bebeu quase dois litros de água quase se engasgado enquanto ele ria tirando sarro. Depois dessa parada cômica, eles seguiram o caminho do hotel, tropeçando na calçada e rindo alto.
— Quer subir? — Ela perguntou quando eles cruzaram a recepção do hotel.
— Você tá bêbada.
— Você também.
— E eu adoraria subir, mas, é melhor não. — Ele passou a mão no rosto dela que revirou os olhos.
— Então tá certo. Vejo você amanhã?
— Com certeza.
Ele sorriu e a beijou de novo, quando se separaram ela ficou desnorteada e foi para o elevador completamente rendida. Dormiu pensando no toque dele, em cada gesto, cada detalhe daquele dia, sabia que ressaca nenhuma do dia seguinte seria capaz de tirar a ansiedade dela em ve-lo novamente.

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Clareiamô
FanfictionEssa é uma fanfic curtinha baseada no EP Musical: Anavitória Canta para Foliões de Bloco, Foliões de Avenida e Não Foliões Também.