Sentado no aeroporto, digitando rápido uma explicação resumida para Carina do porque estava voltando mais cedo pra São Paulo, sabia que ouviria um grande "eu avisei" de sua irmã, ela realmente disse que era estupidez ir visitar sem avisar uma mulher que ele ficou no Carnaval, claro que era, mas ele estava apaixonado. Andrew se perguntava em qual momento da sua vida, se tornou tão ingênuo. Ele nunca foi um mulherengo, mas também não era daqueles que ligava no dia seguinte, sempre foi confiante, galanteador, mas perto da Meredith, se sentia um idiota, agia como um, queria tudo, de todo jeito, queria te-la por inteiro, rápido demais, intenso demais. Por que alguém se entregaria tão fácil a alguém que pouco conhece? Ele se entregou por emoção, mas ela sempre foi racional.
Antes de embarcar, ele jurou que a viu, ficou parado no portão olhando aquela loira se aproximar, jurando que seria ela pedindo que ele ficasse. Ela foi para o outro lado. A fiscal tocou no ombro dele, o despertando para entrar no avião.
Ela não foi. Ela nunca iria.
Ele pousou em São Paulo, era ilusão demais achar que ela ia ligar? Sim. E ele ficou se iludindo por semanas. Vários stories nos rascunhos, várias letras de música que ele queria postar para chamar a atenção dela, mas não fazia, porque lembrava que não estava mais no ensino médio.
Carina o sentiu tão triste que tinha dó, decidiu ocupa-lo com o que, na teoria, ele odiava: a empresa da família. O pai dele tinha uma grande agência de modelos na Itália, e apesar do Andrew ter começado lá, ele não queria mais contato, por conflitos de interesse com o Vicenzo, que era um imbecil na maior parte do tempo e não aceitava diversidade, vivia para reforçar um padrão, pois infelizmente, na Europa, é o que dá lucro. Então, a Carina o convenceu que os dois deveriam voltar para mudar esse cenário.
Nada o segurava. Nem ninguém. Decidiu topar, suas metas eram: Conseguir mudar a empresa e conseguir esquecer a carioca que tinha seu coração na mão.
De forma dramática, ouvindo Marisa Monte nos AirPods, ele deixou o Brasil, com pensamento fixo de não voltar, de esquecer aquela paixão, ou obsessão tosca pela Meredith. Na metade de um ano ele já havia se apaixonado, se iludido, e saído do país, eram muitas emoções, precisava mesmo de aires novos.
Só que, era como se ela estivesse em toda parte, e tudo lembrasse ela. Toda vez que ouvia alguma música romântica, que bebia tequila, ou que via uma estrela cadente, pensava nela, queria ela, pedia ela.
Dois meses depois, uma das metas foi concluída: Não foi esquece-lá. Seu pai cedeu as mudanças e a empresa se estendeu tendo modelos escolhidas para países além da Europa, Andrew se encheu de trabalho, ocupou a mente com todo tipo de inovação possível no meio, passava os dias estudando e procurando hobbys, até que não sobrasse um segundo do dia que ele estivesse livre, porque se não, a procuraria. Ele negava a quem perguntasse, mas a procurava toda hora, disfarçadamente em conversas com Arizona, nas redes sociais, olhando as curtidas das fotos, e quanto mais tempo passava, mais forte o sentimento parecia ficar.
Uma foto dela sorrindo. Um comentário dizendo "Linda, amor" de @nathanrgs. No perfil dele, o user dela marcado com uma aliança.
Você perdeu, Andrew. De vez. Pra sempre. Exagerei, pra sempre é muita coisa, e ela não gosta de juramentos eternos. Nunca gostou ou acreditou num pra sempre, levava em consideração tudo que Renato Russo dizia.
Ele se perguntou por pelo menos duas semanas se Meredith amava esse homem, o porquê dela ter mudado de ideia sobre namorar, se o problema na verdade era único e exclusivo dele, já que, ela estava morando em São Paulo.
Muitas perguntas e um e-mail dizendo que queriam modelos da agência no Brasil, e que, já que conheciam bem o país, Carina e Andrew deviam administrar uma filial da Excalibur em São Paulo.
Destino, universo, Deus, ou sei lá quem, queria justiça, e o Deluca jamais recusaria a chance de poder olhar nos olhos de Meredith e descobrir o que ela sentia, porque se ele não havia lhe esquecido nem por um dia, seria impossível ela ter conseguido. Então, sem pensar duas vezes ele voltou, alguns dias antes da virada do ano.
●
- Não sei se quero ir na festa da Calliope. - Carina resmungou vendo Andrew se arrumar no banheiro. - A Amelia tá distante.
- Vai ficar aqui atoa? Se liga, primeiro de janeiro, vai acertar as coisas com ela. - Ele falou penteando o cabelo pela milésima vez.
- Você acha que vai fazer isso com a loirinha? Não se iluda Andrea, ela está numa relação, de acordo com a Ari, chata, mas, é uma relação.
- Se eu ver que não tem mais nada entre eu e a Meredith, acabou, fim. Mas, se existir, Carina, se existir um porcento de sentimento dentro dela, vale a pena. Eu nunca devia ter ido, quer dizer, foi ótimo pra gente, mas, eu devia ter insistindo, e precisou um Nathan chegar para eu notar... Nathan... Nome sem graça. - Ele ajeita a camisa. - Bonito?
- Tá lindo. - Ela riu fraco. - Não se diminua pra caber nela, você é intenso, merece alguém que te dê o que você merece, não uma relação meia boca igual a de agora... A Arizona fala demais.
- Eu tô indo, você devia ir, ou pelo menos mandar uma mensagem pra Amy. - Ele disse e saiu do banheiro.
- Amy? Vocês são amigos agora, é?
- Tô saindo. - Ele gritou já cruzando a porta.
Com a garrafa nas mãos, que suavam de nervoso, ele já sabia que ela estava lá, viu fotos e também perguntou para a Robbins antes, sua informante fiel. O elevador parou, ele desceu, encarou a porta, respirou fundo e empurrou a maçaneta, que emperrou, ele pelo menos achou que tivesse emperrado, empurrou com força e ouviu ela resmungar, já sabia que era ela, mas era clichê demais para acreditar que ela estava ali, linda, diante dos seus olhos, logo de cara.
- Andrew? - Ela perguntou surpresa com a mão nas costas apertando onde ele bateu.
- Te machuquei? Desculpa! - Ele se aproximou tentando olhar.
- Sim... Quer dizer, tudo bem. Você tá fazendo o que aqui?
- O mesmo que você. Deixa eu ver suas costas, vira. - Ele disse gentilmente tocando no braço dela, ela se virou, seu vestido tinha as costas abertas, e ele conseguiu ver o vermelho, e passou a mão por cima. - Vai ficar roxo, sinto muito, quer colocar gelo?
- É... - Ela demorou para raciocinar sentindo a mão quentinha dele na sua pele. - Não precisa... - Ela virou de novo e de repente eles estavam próximos.
- Então? - Ele recuou dando um passo pro lado.
- Então... Você voltou de vez?
- Voltei, e você tá morando aqui né?
- Sim. Não aqui, aqui, mas aqui perto.
- Entendi.
Silêncio.
- Vamos pra lá, vão ficar felizes em te ver. - Ela sorriu e em um gesto automático, ela pegou na mão dele puxando para onde todos estavam. - Olha quem eu achei no caminho, direto da Itália.
Todos se cumprimentaram, Nathan e Andrew se apresentaram formalmente, mas o Riggs não fazia ideia de que ele já havia tido algo com a Grey. Todos continuaram conversando, mas na maior parte do tempo, Andrew e Meredith estavam dispersos se olhando, ela tinha bem mais que um porcento de sentimento, e ele percebeu.

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Clareiamô
FanfictionEssa é uma fanfic curtinha baseada no EP Musical: Anavitória Canta para Foliões de Bloco, Foliões de Avenida e Não Foliões Também.