Me Abraça

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Um fio de claridade iluminava o quarto, parecia vir da luminária do jardim, ela abriu os olhos lentamente tentando se adaptar, pegou o celular em baixo do travesseiro e viu que ainda eram 04hrs. Se virou na cama e se deparou com a visão do paraíso ao seu lado: Andrew Deluca. Como podia ser tão lindo? A boca entreaberta, respiração tranquila, descabelado e coberto apenas da cintura pra baixo com um lençol. É possível se apaixonar em tão rápido?  Se perdeu rapidamente em vários questionamentos, nem se deu conta quando adormeceu de novo.

Algumas horas depois Andrew levantou cuidadosamente para não acordar Meredith, foi tomar banho pensando na noite incrível que tiveram, nunca tinha sido tão bom, e ele juraria que nunca mais seria tão bom de novo com outra pessoa. Ele saiu do banho enrolado na toalha, penteou o cabelo, escovou os dentes, passou perfume e saiu do banheiro, se deparou com Meredith já vestida sentada na cama, seu coração apertou pensando que ela poderia ter se arrependido.

— Você tá tão cheiroso. — Ela falou se levantando.

— Não vai embora não, meu amor.

— Tava torcendo pra você pedir. Qual o programa de hoje? — Ela fingiu não ter ficado completamente fraca com o "meu amor".

— Praia. Só nós dois. — Ele abraçou sua cintura e ela afundou o rosto na curva do pescoço dele pra sentir seu cheiro de pertinho.

— Gosto muito, mas eu preciso pegar um biquíni no hotel.

— Você fica mais bonita sem nada. — Ele sussurrou.

— Eu sei, mas não quero ser presa hoje.

— Que pena, queria tanto cometer um ato obsceno.

Ela riu alto e ele adicionou aquela risada a lista de sons preferidos no mundo, junto com o ronco baixinho dela.

Ele vestiu uma bermuda e uma camiseta, convenceu Meredith a usar um dos biquínis de Arizona, que por sorte estava num sono muito profundo com Callie pra perceber qualquer movimento ao seu redor, assim eles conseguiram poupar uma manhã com várias perguntas contragedoras. Eles saíram da casa já com os pés na areia, andaram por um tempinho pra uma parte mais reservada, onde tinham algumas rochas, eles se sentaram por lá, o Sol ainda não havia alçando seu ponto mais alto, mas já brilhava forte.

— Quem é você? — Ele perguntou deitando a cabeça nas pernas dela.

— Seja mais específico no que quer saber.

— Eu quero saber tudo.

— Tudo é muita coisa, se você souber tudo não vai ter graça, e provavelmente você vai fugir.

— Só se você for uma assassina... Talvez eu fique mesmo assim.

— Sou só uma marketeira trabalhando feito doida.

— Gosta do que faz?

— Muito — Um sorriso surgiu nos lábios dela. — Mas e você? É modelo, então diga mais.

— Sabe que eu não sei? Acho que só tô tentando me achar no mundo. Parece papo de sem futuro, mas, as vezes acho que ainda posso ser tudo que eu quiser, sabe?

— Eu tenho certeza que sim.

— Besteira, só achismos, na realidade eu não posso deixar tudo e virar encanador.

— Só porque não quer. — Ela passou os dedos entre os fios de cabelo enrolado dele. — Qual teu sonho? Ser encanador?

— Já tive muitos, mas agora, é você.

— Duvido. — Ela riu.

— Você já se apaixonou, Meredith?

— Já. Derek Shepherd. Oitava série. Namoramos no ensino médio mas não rolou depois, eu fui pra faculdade, ele não, então dizia que eu não tinha tempo pra ele, daí acabou. E você?

— Sam Bello. Tinha quinze anos e ia me mudar pra cá, ela ficou muito triste e parou de falar comigo meses antes, eu sequestrei o cachorro dela e ela invadiu minha casa.

— Você sequestrou o cachorro dela?

— Ela não queria falar comigo e eu tinha quinze anos. — Os dois deram risada. — A Carina me defendeu e ameaçou bater nela.

— Uma vez eu bati no Jackson por causa da minha irmã. — Ele encarou esperando ela continuar. — Sim, tenho uma irmã, a Maggie. Ela não quis vir pra não ficar um clima estranho, ela já namorou o Jackson e não terminou bem.

— Ele foi babaca?

— Não precisa se preocupar com sua amiga, ele é incrível, só que ele e a Maggie não rolou mesmo. Eu bati nele por um mal entendido, achei que ele estava traindo ela, mas era a mãe dele no telefone...

— Doida. — Ele falou rindo.

— Você que sequestrou um cachorro.

— Vai usar isso contra mim pra sempre?

— Eu espero que sim. — Ela respondeu contornando o rosto dele. Pra sempre é muito tempo. Será que tem alguma chance do pra sempre existir?

— Então, você tem só uma irmã? — Ele mudou o assunto.

— Na verdade tenho umas por parte de pai, mas não sou tão próxima. É complicado, minha mãe traiu meu pai e daí veio a Maggie, mas o pai dela é mais meu pai do que meu próprio pai, saca?

— Sim, meu pai também não é dos melhores. E minha mãe morreu.

— A minha também. — Eles trocaram um olhar que dizia "meus pêsames". — Podemos trocar a pauta?

Ele assentiu, e mudaram o rumo da conversa, falaram sobre música, livros, poesia, todo tipo de arte, falaram de novelas e debateram a monogamia. Falaram de política, da vida, das pessoas, de tudo, os ideais bateram, os pontos de vista eram os mesmos, ele não poderia estar mais fascinado por Meredith, diria aos sete mares e aos cinco continentes o quão inteligente e engraçada ela era, além de linda. E ela pensava o mesmo, Deluca era disparado o mais encantador que já havia cruzado seu caminho, além de sensato e atencioso. Foram horas falando sem parar sobre tudo, dividindo as idéias, os sonhos, as metas, por alguns segundos parecia até fácil se incluírem nos planos um do outro.

Depois de muita insistência, Andrew cansou de pedir pra Meredith entrar no mar com ele, então apenas a segurou pelas pernas e a pendurou no ombro, correu em direção a água enquanto ela implorava pra ele a soltar. Ele a jogou no mar e ela jogou água no rosto dele, iniciando uma guerrinha, que ele interrompeu beijando-a. A água estava fria e eles foram mergulhando juntos pra se adaptar a temperatura.

Então, Andrew saiu correndo e Meredith continou na água sem entender, até enxergar o paulista, ou melhor, italiano, correndo com uma prancha de surf, ela nadou até a parte mais rasa onde ele estava tentando se equilibrar na prancha.

— Você não sabe fazer isso. — Ela afirmou e o derrubou da prancha. — Vingança!

— Ei! — Ele gritou. — E você sabe surfar?

— Óbvio que não. Mais uma coisa pra descobrirmos juntos. — Ela sentou na prancha e estendeu a mão pra ele, que subiu de novo.

Quedas, caldos e quase afogamentos, só isso que eles conseguiram, e foram muitas tentativas. Mal conseguiam se equilibrar na prancha, e quando conseguiam não durava um minuto até a onda vir e derruba-los. Mer nunca havia dado tanta risada como naquela manhã.

Desistiram e voltaram para areia, deitaram juntos na pedra de novo, deixando que o Sol os secasse, ficaram ali o resto da tarde, conversando, namorando, rindo, e provavelmente, se apaixonando.

ClareiamôOnde histórias criam vida. Descubra agora