Terra

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Talvez fossem os vestígios da bebida, ou os vestígios do que um sentia pelo outro. Era claramente uma atitude irresponsável e impensada, que não poderia ser justificativa, era apenas desrespeitosa com eles dois e a terceira pessoa que sequer sabia que estava envolvida em um triângulo. No fundo, Andrew sabia que não devia deixar aquilo acontecer, mas ele queria aquilo mais que qualquer coisa no mundo, e já havia cruzado uma linha sem volta, com o álcool na cabeça e ela parada atrás dele enquanto abria a porta.

Eles entraram no apartamento em silêncio, ele trancou a porta e ela caminhou olhando em volta, por algum motivo, se sentia mais confortável ali do que em qualquer outro lugar do mundo. Reparou nos porta-retratos em cima da estante, fotos dele, da Carina, de uma família enorme e algumas dele com amigos, havia uma do último carnaval inclusive. O controle do vídeo game também estava jogado ali em cima junto com um caderno que parecia um diário, ela colocou sua bolsa em cima da mesa e se aproximou. Ele apenas a observava se sentir a vontade na sua casa, era especial a forma como um se sentia incluído no mundo do pouco. Ela folheou o caderninho que estava ali e sorriu, eram textos, poemas, poesias, algumas páginas com palavras rasuradas impossíveis de ler, ela imaginou ele escrevendo tudo aquilo, rabiscando e tentando de novo, se perguntou se um dia seria inspiração para algo ali.

— Você escreve então?

— Eu sou meio artista também... — Ele coçou a nuca tímido, ela colocou o bloco no lugar e caminhou até ele, ainda sorrindo. — Você gostou?

— Muito, você sempre me surpreende. — Repetiu o que ele havia lhe dito no karaoke.

Ela envolveu os braços no pescoço dele acariciando o cabelo do mesmo, que abraçou a cintura dela, colaram suas testas e ficaram em silêncio, apenas sentindo aquele momento, aquele dia. Sabiam e não sabiam o que estavam fazendo, pensavam nas consequências mas ali, naquele abraço, o mudo era só deles, e as consequências começaram a parecer bobagem.

— Não é uma boa ideia, não é? — Ela sussurrou.

— É uma péssima ideia, Mer. — Respondeu no mesmo tom.

— Por que nosso timing é tão ruim? Em um ano a gente só errou.

— Eu fui imaturo. Eu te perdi sem ao menos te ter.

— Eu disse que não queria uma relação e entrei em uma. — Os dois riram fraco. — Eu nunca me senti assim por ninguém, isso me assusta um pouc-muito.

— É uma péssima ideia, mas, eu quero que você fique hoje.

— Eu não pretendo ir a lugar algum, Andrew.

Foi como se o mundo tivesse parado para que os dois pudessem se amar: O relógio parou de girar quando começaram a se beijar e o tic-tac ficava mais inaudível a cada vez que as línguas se encontravam. Os carros pararam de passar na rua conforme as peças de roupas ocupavam o chão e o sofá.

Semi nus, Andrew colocou Meredith sentada na bancada que separava a sala da cozinha, as mãos dela acariciavam os cachos de sem pressa sentindo os lábios dele descerem de seu pescoço para seus seios já descobertos, ele trabalhou sua língua em cada um, fazendo a loira soltar suspiros de prazer, empurrando a cabeça dele contra seu corpo cada vez mais.
Ele desceu os beijos e chupões até a barra da calcinha dela, depois a abaixou com a ajuda de Meredith, que estava ansiosa pra sentir seus lábios no seu íntimo. Não demorou para que os gemidos tomasse conta de todo o espaço, ele fazia um excelente oral nela e a penetrava com dois dedos, por um momento ele quase ficou sem ar pela maneira que ela apertou as pernas na sua cabeça. A língua dele era mágica, ela se sentia no paraíso e gemia como se não houvessem vizinhos, se ela conseguisse pensar em algo, se perguntaria onde o Deluca havia aprendido a fazer aquilo com a boca.

Não demorou para que ela gozasse chamando pelo nome dele, o que fazia seu membro doer dentro da cueca, doer de um jeito bom. Andrew voltou a ficar cara a cara com ela, se beijaram com calma, ambos segurando no rosto um do outro, como se quisessem se prender, ela cruzou as pernas no quadril dele, que aproveitou para tira-lá de lá e sentou no sofá com ela em seu colo.

Desajeitadamente ele desceu a cueca, ela segurou o membro dele ajeitando em sua entrada, foi sentando devagar até se acostumar, depois criaram um ritmo próprio de sobe e desce delicioso, ela jogou a cabeça pra trás respirando pesado e puxando o cabelo dele, enquanto ele chupava seus seios e apertava sua bunda ajudando-a nos movimentos. Eles arfavam tomados pelo prazer, suados e em chamas, não demorou para que os dois chegassem ao orgasmo quase ao mesmo tempo, de maneira intensa.

Ele inclinou o encosto do sofá para se deitarem, ela continuou em cima dele, deitou a cabeça em seu peito e ficou acariciando o rosto dele, sentido a barba fazer cócegas na palma de sua mão, enquanto ele fazia cafuné no cabelo dela.

— Uva verde ou roxa? — Ela perguntou depois de uns minutos em silêncio.

— Sem semente.

— Fresco. — Ele riu. — Que paz, a gente agora é... É igual ir em cinema em dia de semana.

— Igual sábado com manhã chuvosa.

— Achar dinheiro.

— Acordar e ver que tem mais tempo pra dormir.

— Você é tão preguiçoso. — Ela levantou a cabeça, apoiando a mesma na mão e o braço no peito dele.

— Essa é minha definição de paz. É sua vez. — Ele passou o dedo no nariz dela.

— Praia a noite.

— Casal velhinho.

— Balão que sai voando. — Ele tentou segurar o riso. — O que?

— Lembrei do padre. — Os dois começaram a rir.

Entre mais conversas aleatórias, os dois dormiram no sofá, cobertos por um lençol aleatório que estava perto. Ela caiu no sono primeiro e ele adormeceu ouvindo o ronco baixinho dela, que era adorável.

Pela manhã, Andrew acordou com Carina jogando uma almofada no rosto dele, ele demorou para raciocinar que estava nu no sofá sem ela, sem nenhum rastro dela.

— Cadê a Meredith? — Ele disse coçando os olhos.

— Foi com ela que você transou no sofá? Quando cheguei não tinha ninguém. — Ela cruzo os braços. — Ela deve ter voltado para o seu NAMORADO Andrea, porque ela tem um! Per l'amor di Dio, dovresti vergognarti.

— Carina, per favore! Por que você tá falando em italiano? E cadê meu celular? — Ele disse revirando o sofá depois de ter amarrado o lençol na cintura.

— Que decadência! Che decadenza! — Ela gritou e foi para o quarto.

Ele achou seu celular no bolso da calça jogada no chão, viu a notificação dela e desbloqueou apressado para ler na esperança de qualquer explicação. A voz dela dizendo que não ia a lugar algum cercava sua mente... Era mentira, já que na mensagem não tinha nada além de palavras secas que cortaram seu coração, de novo.

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⏰ Última atualização: Jan 12, 2022 ⏰

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