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🥥 S/N BRIDGES, point view ;

— Oi, pai... — entro em casa, deixando meu casaco num cabide e o vendo lendo um jornal e tomando um gole de café, numa xícara preta.

Ele usava um terno preto, o que avisava que daqui a pouco sairia para o trabalho e voltaria dez e meia da noite. A oportunidade perfeita.

— Olá, S/n. — ele me olha brevemente e dá um quase sorriso inexistente — Como foi o primeiro dia de aula?

— Hum, bom. — flashbacks de eu cantando com Louis passam em mim mente me fazendo sorrir, mas disfarçar rapidamente vendo o olhar desconfiado de meu pai.

— É difícil como nas escolas do Quebec? — ele pergunta da nossa cidade natal, onde cresci entre o inglês e o francês.

— Sim, mas não temos aulas de francês como temos de inglês lá.

— Não tem problema, certo? — ele se levanta e vem até mim — Você já é fluente, c'est ça?

— Oui, papa. — sorrio.

— Vou indo, S/n. — ele leva a caneca até a pia e pega sua maleta, chaves e enfim abre a porta do apartamento.

— Até... — ele a fecha sem se despedir — mais.

Suspiro, indo até meu quarto e trocando de roupa, colocando uma mais confortável e em seguida, tiro meu material de trigonometria da bolsa e decido fazer os inúmeros exercícios na varanda, já que o sol não estava forte e não ventava tanto.

Depois de duas horas, eu finalmente havia acabado toda lição e vejo em meu celular, exatas 5:24pm e de acordo com meus cálculos, eu tinha uma hora e meia até que o céu ficasse totalmente escuro.

Uma hora e meia para refazer um quadro que levou uma semana e foi estragado por um garoto de 17 anos caindo na minha varanda.

🖇 LOUIS PARTRIDGE, point view ;

Entrei mais uma vez na conversa de S/n, vendo que a mesma estava online a uma hora atrás. Será que ela se esqueceu da "festa"?

Talvez eu estivesse um pouco pirado com ela, mas nenhuma garota mexeu tanto com a minha cabeça em tão pouco tempo quanto essa garota de olhos castanhos.

Reviro os olhos, suspirando e guardo meu celular no bolso.

— Eu vou na casa do William, ok, mãe? — minto sorrateiramente, indo em direção a porta.

— Mas... — antes dela responder eu já tinha saído de casa.

O elevador parecia demorar uma eternidade, e quando ele chegou, apertei o botão do térreo, esperando mais alguns segundos até chegar lá.

Ao adentrar o prédio de Will e S/n, subi no último andar, fazendo o mesmo caminho até sua varanda, em passos rápidos e cuidadosos — para não cair novamente.

Vejo de longe seu cabelo loiro tingido preso em um coque e em sua mão esquerda uma paleta de cores e na direita, um pincel, pintando uma tela.

— Psiu. — sussuro alto para ela ouvir. Nada. — S/n.

Ela olha para os lados e para trás, mas nada para cima. Além de surda é cega.

— S/n! — digo mais alto e ela olha finalmente para mim, segurando uma risada — Oi.

— Louis? — ela deixou as coisas na mesa e se levantou — Por que não tocou a campainha?

— Seu pai não está em casa? — pergunto, confuso.

𝗽𝗮𝗿𝗸𝗼𝘂𝗿, 𝗹𝗼𝘂𝗶𝘀 𝗽𝗮𝗿𝘁𝗿𝗶𝗱𝗴𝗲 Onde histórias criam vida. Descubra agora