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🥥 S/N BRIDGES, point view ;

Abri lentamente a porta de casa e do mesmo jeito a fechei. Em passos rápidos comecei a ir em direção ao meu quarto, mas meu pai chamou meu nome e eu devagar me virei para o olha-lo.

— Sim? — murmuro, abrindo um pequeno sorriso amarelo.

— Você está usando drogas, S/n? — ele me pergunta e eu franzo o cenho, confusa — Seus olhos estão vermelhos, você andou fumando maconha? Sabe que aqui é proibido!

— O quê? — pergunto.

— Eu sabia que esse seu namoradinho não era bom pra você! Desde a primeira vez que eu vi ele saindo de casa. Acha que eu cai no seu papinho que ele caiu do céu? Não mesmo. Ele vem aqui para trazer maconha, não é?

— Pai, em que mundo você está? — gritei por cima da sua voz — Está tão longe da realidade que nem sequer sabe que dia é hoje! Se me conhecesse bem saberia que eu não estava fumando e sim, chorando!

Meu pai suspira, provavelmente lembrando o quão triste é esse dia para nós.

— S/n... eu sinto muito. Eu esqueci. — ele se aproxima de mim, passando seus braços entorno do meu corpo em um leve abraço — Eu também sinto falta dela...

— Ela faz muita falta, não faz? — rio sozinha, sentindo novamente meus olhos se encherem de água.

— Lembra quando ela cortou seu cabelo acima do ombro quando descobriu que você pegou piolho? — ele riu e eu me lembrei vagamente daquele dia e ri. Eu devia ter no máximo sete anos.

— Eu fiquei com tanta raiva dela! — disse — E ela queria que você ficasse do lado dela e você só queria me levar na cabeleireira para arrumar o corte!

— Ela usou uma tesoura de escola! — nós gargalhamos. Eu fiz meu pai rir. Depois de três anos. — Queria que ainda estivéssemos no Canadá para irmos visitar ela...

— Sei que daqui mesmo estamos próximos dela. — dei um pequeno sorriso de lado — Obrigada por me trazer para Los Angeles, papai.

— Bem, agradeça à companhia de hospitais! — ele riu e novamente me deu um abraço — E me desculpe não ser um pai presente para você,
S/n. Com a morte da Natalie, eu precisava ocupar o máximo a minha mente e acabava que não deixava espaço para você.

— Tudo bem. Eu te amo, pai, obrigada por tudo...

:(

A vida era um sopro e S/n só percebeu isso quando sua mãe a deixou com seus meros catorze anos e uma vida inteira pela frente.

Ela sabia que não era culpa de ninguém, mas sabia que se não cuidasse da sua, uma hora ou outra a perderia.

E ela cuidava.

Sua vida toda olhou os dois lados antes de atravessar a rua, nadava apenas perto de adultos, tomava cuidado ao usar o fogão, evitava assaltos, sempre que pegava um resfriado ia ao hospital temendo algo maior.

Era um pouco sufocante, mas ela já estava acostumada.

— Quer comer o quê? Eu posso pedir... tacos! — S/n perguntou ao seu namorado que mexia no celular concentrado.

— Claro. — ele diz, ainda olhando o celular sem nem a olha-la. Era indescritível o ódio de S/n quando alguém nem sequer a olhava quando ela falava; isso apenas a lembrava do seu pai a alguns meses atrás.

— Vai querer refrigerante ou suco? — ela pergunta.

— Pode ser. — ele diz e ela o olha confusa.

— Vou comprar um travesseiro também, ok? — ela cruza os braços.

— Uhum... — ele responde e ela bufa, tirando o celular da mão do garoto, logo o ouvindo reclamar — Amor!

— Amor digo eu! Fala comigo! — ela cruza os braços, fazendo um bico e aquilo aquece o coração de Louis o fazendo sorrir e dar um beijo em seus lábios.

— Eu te amo, desculpa. — ele murmura, dando inúmeros selinhos em seus lábios — Mas eu preciso resolver sua surpresa.

— Isso me parece como uma desculpa. — ela arqueia uma sobrancelha.

— Também. — ele ri, recebendo um tapa de
S/n — Eu juro que você vai amar, só espera mais alguns dias! Vou indo, eu te amo.

— Eu sinto. — ela responde o mantra do casal.

Ele dá outro rápido beijo em seus lábios, pega seu celular e sai correndo para fora do apartamento da namorada. Ele tinha que passar em tantos lugares até sua surpresa estar pronta.

S/n bufou e se levantou. Ela já estava impaciente com essa surpresa. Pegou um casaco e saiu de seu apartamento, subindo as escadas em direção ao terraço e ao abrir a porta de metal, suspirou sentindo a brisa do ar.

O sol estava se pondo e havia gaivotas voando no céu, em direção à praia. O mar estava calmo assim como o vento.

Era um dia perfeito.

Bem, de toda a lista de coisas que S/n era cuidadosa, altura nunca foi uma delas. Ela nunca sentiu medo de estar em cima de um meio-fio; ou debruçar sua cabeça na varanda de seu prédio; e nunca de ficar em pé, na beirada da queda de quarenta cinco metros de seu prédio.

Ela olhou para baixo, vendo o chão a metros abaixo de seus pés e em seguida o céu alaranjado, abrindo com força e rapidez seus braços e por esse maldito motivo, onde a física não ajudou nem um pouco, S/n perdeu o equilíbrio.

Ela viu sua vida passar pelos seus olhos quando seu corpo se desequilibrou e caiu para frente e mais nada era sentindo abaixo de seus pés.

Ela se viu com seis anos correndo com suas primas pequenas pela casa de sua avó; se viu aprendendo a tocar atentamente piano com sua mãe; viu seu pai a avisando de sua morte e ela chorar, negando aquilo; viu terminar de pintar as paredes do seu quarto no Canadá com estrelas; viu se mudar para Los Angeles e admirar o mar azul; e viu o dia que conheceu Louis Partridge, o garoto que mudou sua vida apenas caindo. Assim como ela.

A vida era um sopro e S/n Bridges tinha certeza disso muito antes de cair quinze andares e formar ao lado de seu corpo, uma grande poça de sangue.

𝗽𝗮𝗿𝗸𝗼𝘂𝗿, 𝗹𝗼𝘂𝗶𝘀 𝗽𝗮𝗿𝘁𝗿𝗶𝗱𝗴𝗲 Onde histórias criam vida. Descubra agora