Capitulo 4 - Maioridade e a Batom Vermelho

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Finalmente o momento da minha maioridade havia chegado. Foram dezoito anos difíceis, enfrentei muitas barreiras por um porre. Comprar bebidas no supermercado nem pensar. O bar de frente a minha casa era a única alternativa viável, eu ia lá e pedia para o Seu Joel me dar algumas garrafas de cerveja, ele era gente boa, viúvo de um casamento de quase 50 anos, agora fazia do seu bar um bordel, dava para ver várias vagabundas lá dentro, dançando, bebendo e falando alto. Bom, eu dizia sempre que as bebidas eram para minha mãe e ainda pendurava. O velho nunca duvidou que fosse para mim, era amigo da família, me viu crescer, e, caso fosse qual problema teria? Encher a cara de vez em quando não era tão ruim assim, e nem chega a ser crime, oras! Não deixo de ser roubado se saio nas ruas à noite, as motocicletas e carros dos meus amigos nunca estão seguros, sempre visados..., e eu estaria cometendo alguma violação comprando umas cervejas geladas para curtir minhas fossas? Vá à merda! Eu tenho 18, as autoridades terão que me engolir!

00:01 de terça feira, dia 4 de Dezembro, o grande dia. Acordei com um barulho irritante, zunindo e vibrando. Raios! O que seria aquilo? Parecia um besouro tentando se salvar de um afogamento em alto mar. Passei a mão na cara, estava com os sentidos lentos, esfreguei os olhos com os dedos em forma de caracóis e coloquei a perna direita no chão para me levantar, dormia de bruços que nem uma pedra. Assim como um velhote, levantei resmungando pela interrupção do meu cochilo, fui rosnando até a mesa do computador atrás do sofá na sala. Olhei em torno da mesinha e peguei o celular que tocava. Notei que tudo girava, era como ter levado um murro na cara ou ter me embriagado a tarde toda, mas nenhuma dessas opções tinha efeito, eu trabalhei naquele dia, não consumi álcool e nem briguei, nunca tinha brigado, e sentia vergonha disso. Qual o garoto de 18 anos que nunca tinha entrado numa confusão e depositado uns bons sopapos em algum idiota?

O motivo surpreendente por ter acordado era diversas mensagens e ligações que eu estava recebendo, pela primeira vez fui lembrado pelo meu dia. Mas é engraçada esta data. Aniversários são comemorados e isso é estranho. No nosso dia natalício onde estamos envelhecendo, os cabelos embranquecendo, a cabeça caducando, os ossos apodrecendo e o fim mais próximo, e eu deveria celebrar? Passo.

Chequei os torpedos, agradeci algumas pessoas por terem lembrado sem possuir alternativa mais coerente, voltei a dormir. Minha casa estava numa paz sem igual, propício a mais uma pestana... Apaguei. Tranquilidade total, eu podia voar, correr atrás das gostosas com a bunda de fora, encarcar todas elas e dar o fora numa boa, sem compromisso e nem peso na consciência, eu estava sonhando.

Buzz! Buzzzz!

Caceta, de novo não!

Acordei.

Tirei o celular debaixo do travesseiro e atendi "Alo? Que merda cara, me deixa dormir!". Era meu amigo me chamando para um bar, sem comemorações, apenas beber para não passar batido... Porra, que mal teria numa cervejinha não é mesmo? Aliás, eu era maior, minhas primeiras horas de maioridade. Fui estrear.

Caindo na noite.

De início eram quatro cuecas e uma calcinha, só macho praticamente. Mas chamaram também uma guria amiga deles, por mim tudo bem. Queria beber, fumar e ir embora, mas não envelhecer, merda.

Como eu fui tirado de casa pós-cochilo, cambaleava pelas calçadas, sonolento, quase voltando embora. Éramos sete, três casais entretidos em suas conversas sobre política e atualidades e eu atrás quase caindo, mas caminhando na medida do possível, estou sem assunto, droga. Cinco deles eu já conhecia, mas a colega nova nunca tinha visto mais gostosa. Caminhava devagar, seu cabelo grande e solto balançava nas suas costas, seu quadril quebrava de cá pra lá, meus olhos acompanhavam sem piscar, era formosa, baixa e com busto descoberto. Mal pude ver seu rosto, mas seu decote não passava imperceptível. Chegamos ao bar.

O Amor Usa Batom VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora