Carol e eu infelizmente não tínhamos dado certo. Ela tinha me usado para fazer ciúmes ao ex, e então quando conseguiu o que queria, voltou com ele. Eu superei bem, e tentei me relacionar com outras garotas, dessa vez tentaria ser mais cauteloso em questão de me apaixonar, mesmo sendo inevitável.
Ela gostava de escrever, não era lá essas coisas, tinha muitos erros e incoerências verbais nos seus textos, mas era legal de se ler. A gente transava sempre que dava para mim, ela tinha se apaixonado e eu não, injustiça da minha parte, concordo. O problema era que a garota se arrastava nos meus pés, e eu não procurava aquilo, queria alguém com mais confiança e mais determinação. Alguém que sabe o que quer e luta por isso, não quem chora, e isso ela fazia quase todas as noites quando me ligava, era um porre, pior do que ressaca de vinho.
Eu a conheci em um momento com varias opções de mulheres na minha agenda, porém no final de semana que saímos, eu estava sem ninguém, e então dei a chance para ela, eu estava com tudo, sinto saudade dessa época. Marcamos de nos ver em um bar numa rua bem movimentada perto da minha casa, ela veio de longe e então eu tratei de não furar com a menina, coitada, viajar quase três horas e levar um bolo seria uma sacanagem lastimável.
Meu ônibus parava em todos os faróis, era evidente que eu iria atrasar mais uma vez. Quando o assunto era sair eu me sentia no papel da mulher, tinha dificuldades para escolher a roupa, penteado, perfume, e atrasava sempre que podia, era um Deus nos acuda, para pedir desculpas depois, um porre maior ainda. O nome dela era Caliente. Lembro-me que quando ela me falou seu sobre nome eu pensei que estava me cantando ou algo do tipo, dizendo que era 'Caliente', quente, erótica ou algo do tipo. Enganei-me, o nome da guria realmente era aquele, caracas, quem foi que escolheu isso?
Estava no último farol quando ele passou do verde para o amarelo, eu imaginei que o motorista fosse avançar rapidamente para conseguir ganhar tempo e nos despachar logo de uma vez, mas o bigodudo filho da mãe reduziu, e se aconchegou no seu assento, o farol ficou vermelho e ele parou, ficamos estacionados por um minuto, mas pareceu durar uma hora. Olhei para a janela, o terminal reluzia na noite, o que estava me aguardando àquela sexta-feira? A luz ficou verde novamente e o ônibus retornou a por os pneus em movimento. A curva para entrar no terminal era acentuada e estava congestionada por outros ônibus, tive que esperar mais alguns minutos até que ele atracasse no ponto certo para poder abrir as portas e nos desovar no terminal.
Fui desovado e segui o fluxo, parecia que toda a cidade se encontrava no terminal, e as escadas-rolante faziam filas, fui pela escada normal, descendo de dois em dois. Percorri o corredor amplo e virei a direita, em frente à catraca do metrô, procurei por alguns segundos, avistei muitos rostos sem expressões, pessoas saindo da cidade, pessoas chegando na cidade, sexta era o dia de escolhas, ou tu ia para muito longe tentar a felicidade em um local diferente e distante desse caos, ou tu viria de um lugar muito tranquilo e diferente para tentar a vida na loucura da metrópole, a escolha era de cada um, por apenas 3 reais - esse era o preço da passagem da época - mas nada de Caliente. Continuei avançando sobre o turbilhão de vultos, esbarrando nos ombros sem vidas, e escutando sussurros de estresse, como os tempos ficaram tão corridos assim? Será que algum dia o fluxo fora mais calmo?
Cheguei próximo da catraca e notei uma garota pequena, quase uma anã, de cabelos compridos, pele morena do tipo dourada, me aproximei e ali estava, o notável piercing azul no nariz dela, lembrei de suas fotos com ele e logo percebi que era ela. Fui ao seu encontro com passos largos e ela já tinha me notado também, encostei meu corpo no dela e a beijei, num selinho discreto e casual, era como mais um encontro, ela deve ter estranhado, pois era apenas o primeiro. Peguei na mão e segui em frente, iríamos retornar o caminho que eu fiz, para o bar que eu escolhi.
No caminho de volta para minha cidade conversamos um pouco, nós dois éramos tímidos então não foi fácil se soltar, as conversas eram curtas e vez ou outra rolava um beijo ou um selinho, eu queria que a merda do bar chegasse logo para poder beber algo e poder relaxar, porra, onde estava a cerveja? O ônibus elétrico pára em todos os pontos, sempre quando tinha pressa ele demorava, era uma lei que se repetia sem cessar. Meu braço entrelaçava seu pescoço e me senti confortável daquele jeito, como se fosse um namorado protetor e aconchegante, mas depois de um tempo ela se sentiu incomodada e pediu para que tirasse o braço, fiquei triste com aquilo, imaginei até que ela não tivesse gostando de mim, eu sou um idiota mesmo, ela apenas estava com o pescoço doendo, desconfortável.
Levantei-me e levei-a até a porta, descemos e atravessamos o farol, seguimos em uma calçada estreita, estava escuro e a noite apenas começara. Descemos uma rua, atravessamos outro farol, pegamos a rua principal, a Kennedy. Passamos por vários estabelecimentos, eram lojas de roupa, calçados, jóias, bombonieres, correio, auto-escola, seguros, escola de idiomas, a grande corporação de bombeiros, uma empresa de seguros, um pequeno restaurante, bar, bar, outro farol. Atravessamos rapidamente, passamos pelo posto de gasolina iluminadíssimo, e voltamos para a calçada dos bares, bares e mais bares, eu não sabia qual escolher, apesar de morar por ali eu conhecia muito pouco.
Escolhi um a dedo, se chamava Flag. Para dar sentido ao nome o bar tinha algumas bandeiras, mas não me lembro do que eram aquelas coisas, mas tinha bandeira, isso pode ter certeza, cruzadas e separadas, eram varias bandeiras. Entramos e pedimos mesa para dois, a funcionária cordialmente nos conduziu até o fundo do bar, caralho, paramos numa parte horrível. Sentamos e eu pedi uma cerveja bem gelada, tive esperança de que ela também gostasse e fosse me acompanhar, mas me enganei, ela pediu a mesma que a minha apenas para agradar, mas descobri depois que ela odiava cerveja. Conversamos sobre alguma coisa desinteressante esperando nosso pedido, e quando o garçom trouxe aquela loira trincando eu me animei. Tinha dado alguns beijos bem quentes na Caliente, mas sabia que aquilo daria em algo além do que ela pudesse querer então tentei me controlar, ia bebendo minha cerveja e ela deixou a dela intacta.
Terminei a minha e ela tinha dado algumas bicadas na dela, então perguntei se poderia ajudar ela a beber e ela deixou sem hesitar. Notei claramente que ela não gostava de cevada, ela me deu e pediu vodca com refrigerante, oh céus uma criança de bebidas destiladas. Ela bebeu e eu também bebi e assim seguimos nossa noite nos embebedando. Nas vezes em que ela foi ao banheiro tive a impressão de que ela não voltaria mais, só que isso era coisa de bêbado, porque ela não tinha para onde ir, estava tarde e sua única esperança seria eu, porra, onde está minha confiança?
Tomamos por mais um tempo e os beijos ficaram mais quentes, eu avançava com sede ao pote e ela cedia, era legal, talvez pudesse dar em alguma coisa aquele encontro. Comecei a sussurrar sacanagem no ouvido dela enquanto a beijava, e ela sempre rindo e se deixando levar pelo momento, foi então que investi em um "vamos para outro lugar?!". Ela não sabia o que responder, sabia que estava tarde e não tinha como ir embora, e eu disse que estava cansado e que não ia aguentar virar a noite, era claro que teríamos que dormir em algum lugar, mas ela não sabia disso, não estava dentro de seus planos. E continuei tentando.
Tentei investir ao máximo que podia, estava bêbado e as palavras entortavam, mas seu cérebro estava todo torto e ficava elas por elas. E eu continuei incessantemente para convencê-la de irmos dormir num hotel, aliás, altas horas da noite e ficaríamos aonde? Eu não aguentava mais beber e ela não deveria nem ter começado. Decidi tirar proveito daquilo e ir embora para algum lugar.
Andamos na noite, cambaleando, dando risada, se beijando, num agarra-agarra infernal. Seguimos as ruas, subimos e descemos ladeiras, ela me perguntava onde eu estava levando, mas eu não respondia a nenhuma de suas perguntas. Ela estava ficando nervosa de tanto perguntar e ficar no vácuo, eu apenas me limitei a dizer que estávamos chegando e chegamos, num hotel. Entramos e eu peguei um quarto, subimos e entramos. Quando fechei a porta ataquei-a, sem pudor algum, e ela parecia não querer, mas continuei insistindo.
Demorou, ela brigou, me socou, não queria, porém dei meu jeito, e tirei toda sua roupa. Beijei bastante seu corpo, todas as partes sem deixar nada de lado e fui conquistando seus desejos, até que quando me dei conta, estava em cima dela e a gente mandava ver.
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O Amor Usa Batom Vermelho
RomansaEste é meu primeiro romance. Uma adaptação do livro “P.S. Amor”, onde acoplo os contos nele constituídos em uma cronologia lógica e atemporal ara dar sensação de tempo. Contando com o alto teor biográfico das cenas, o conteúdo passa a ter sua origin...