Fernanda
A gente ainda tava no quarto, conversando, quando ouvimos o choro do Davi, cada vez mais alto.
- A Patrícia não tá com ele?- perguntei me levantando.
- Era pra tá.- levantou também.
Eu segui a direção do choro e encontrei ele, sozinho, esperneando no berço.
- Vou ver se a mãe dele tá lá embaixo.- ele disse e saiu. Eu peguei o bebê no colo, ele tava vermelho de tanto chorar, mas se acalmou e eu desci com ele no braço.
- Como assim ela saiu?- Brian tava discutindo com a minha mãe.
- Ela acabou de sair. Eu não podia fazer nada.
- E ela deixou o menino sozinho?
- Ele não tá sozinho, a gente tá aqui.
- Mas a gente não tem mais a obrigação de cuidar dele. Aliás, já era pra ela ter ido embora dessa casa.- pegou ele do meu colo- Ela não pode sair sem avisar. E se ele ficar com fome e precisar dela?
- Brian, já tem mais de um mês que o Davi tá aqui. Você sabe cuidar dele, deixa de neura. Não é porque ele deixou de ser seu filho que alguma coisa mudou.
- Como não mudou? Se daqui a alguns dias eu não vou ver ele nunca mais na vida?
- Não vai porque não quer. Porque a Patrícia já disse que quer ficar.
- Mas as coisas não são simples assim. Ele tem um pai. Um pai que tá disposto a criar ele.
- Disposto? Ele nem apareceu aqui depois daquele dia. Que disposição é essa?
- Parem de gritar, vocês assustar o menino.- falei- Vou subir pra ver se ela deixou a mamadeira pronta.
Subi e quando entrei no quarto pra procurar, achei um bilhete embaixo do cobertor. Eu comecei a ler e me assustei, não dava pra acreditar naquilo. Eu desci correndo.
- Brian. A Patrícia deixou um recado.- ele pegou o papel e leu sem expressar nenhuma reação.
" Brian, tô indo embora. Pode parecer egoísmo mas não tô fazendo isso por mim. Tô fazendo isso por amor, amor ao meu filho. Eu não menti quando disse que não tinha condições de cuidar dele, então tô deixando ele nas mãos de alguém que pode fazer isso por mim. Por que sei que com você ele vai ser cuidado nas condições que ele merece e porque sei que você ama ele tanto quanto eu. Por favor, não venha atrás de mim, já tá doendo demais ter que me dispidir dele desse jeito. Cuida dele por mim, eu sei que você vai fazer a coisa certa, afinal, ele é tanto seu filho quanto foi meu.
Patrícia"
Ele colocou o Davi no carrinho que tava do lado, correu pro andar de cima e voltou com o celular.
- Ela tá maluca?- falou com o telefone no ouvido- Não, ela é maluca. Como que a pessoa larga o filho assim? Na mão dos outros.
Ele tava andando de um lado pro outro.
- O que foi? O que tem escrito no papel?- minha mãe ficou nervosa também.
- A Patrícia foi embora.
- Como assim foi embora?- pegou o papel da mão de Brian e começou a ler.
- Ela não atende, o que é que eu faço? Deve ser uma brincadeira, não é?
- Primeiro, você precisa se acalmar, não adianta ficar nervoso assim.
- Como é que eu não vou ficar nervoso se aquela maluca largou o filho dela comigo.
- O seu filho, Brian, o Davi é seu filho também.
- Não, ele não é, nunca foi.
- Para com isso, você sabe que é mentira.
- Eu vou atrás dela.- me ignorou e pegou a chave do carro- Alguém tem que ir comigo pra levar o Davi, você vai?- ele tava muito ansioso e praticamente falando sozinho- Eu vou buscar as coisas dele lá em cima. Você viu se ela deixou comida? Me espera aqui.
- Brian.- tentei chamar mas ele não me escutou.
- Me espera aqui, que...
- Brian, olha pra mim.- segurei o rosto dele e ele finalmente parou- Você precisa se acalmar, entendeu?
- Ela foi embora.
- Eu sei.
- Ela foi embora e deixou ele aqui.- percebi que ele ia começar a chorar.
- Presta atenção. Não chora, eu preciso de você. Senta aqui.- puxei um banco- O que você quer fazer?
- Eu quero procurar ela.
- Certo. A mamãe vai ficar com o Davi é a gente vai procurar ela, tudo bem?- perguntei olhando pra minha mãe e ela assentiu- Já tá mais calmo?
- Tô.
- As coisas dele tão lá em cima, mãe, qualquer coisa liga.
A gente saiu e ele foi em direção ao carro dele.
- Me dá a chave.
- Eu vou dirigir.
- Brian, não tem a mínima condição de você dirigir assim.- estendi a mão e ele me estragou a chave bufando.
Entramos no carro e eu dei partida.
- Aonde a gente vai?
- Pra casa do pai dela.
×-×-×-×
A gente já tinha passado por todos os lugares onde a Patrícia poderia estar, já tava ficando tarde e eu tava cansada.
- Eu vou tentar ligar pra ela de novo.- ele disse com o telefone no ouvido, eu nem tinha esperança- Alô? Patrícia? Por favor, não desliga. Onde você tá?
Ele colocou no viva voz.
- Oi Brian. Eu falei pra não me procurar.
- Como você quer que eu não te procure? O Davi precisa de você.
- Não, ele precisa de você. Ele vai ficar bem sem mim, eu sei disso.
- Não Patrícia. Você é a mãe dele.
- Eu não posso criar ele Brian, você sabe.
- Se for pelo dinheiro, eu ajudo.
- Brian, não complica as coisas. Eu vou desligar.
- Patricia, não desliga.- eu falei- Eu te entendo, entendo o sacrifício que você tá fazendo e entendo que tá sendo difícil. E se você não quiser voltar tudo bem. Não se preocupa, a gente dá um jeito. Mas se você quiser voltar, a gente pode te ajudar. A gente só quer o melhor pro Davi é eu sei que você também. Então pensa melhor, você não precisa se afastar dele assim.
- O Davi não precisa de mim. O Brian é ótimo pai e eu tenho certeza que você vai ser uma ótima mãe.- desligou.
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O Filho Do Meu Padrasto
Teen FictionEM REVISÃO! Obrigada a ir morar com a mãe, ela conhece seu padrasto e o filho dele... +18 (PLÁGIO É CRIME)