Cap 29

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Fernanda

Fui até a porta e encontrei quem eu menos esperava, Felipe.

- Felipe?- ele olhou pra mim e sorriu, coisa que eu não consegui retribuir- O que você tá fazendo aqui?

- Eu...- ouvi passos, olhei pra trás e vi a minha mãe vindo correndo na nossa direção- Mãe.

Ele entrou e abraçou ela, me deixando ali igual uma idiota.

- Amor, você tá bem?- Brian veio até mim.

- Tô, só não... não consigo entender.- dei uma pausa e suspirei.- Como você consegue mãe? Tem noção de que ele passou oito anos pelo mundo? Sem nem ligar pro que a gente achava, ou sentia?- ela me olhou e simplesmente ignorou- Eu vou pro quarto, não tenho nem cabeça pra isso.

- Fernanda.- aquela voz meio rouca que eu ainda não me acostumei me chamou de novo me fazendo parar- Fica aqui, a gente precisa conversar!-neguei com a cabeça e continuei subindo.

- Eu não preciso falar com ninguém Felipe, é você que está errado.- entrei no meu quarto seguida por Brian que fechou a porta.

- Ele tá certo.- ele disse sentando na minha cama e eu olhei pra ele- Vocês têm que conversar.

- Conversar?- andava inquieta pelo quarto- Sobre o que? Sobre como ele não deu nenhuma notícia por oito anos? Ou sobre como ele tava vivendo a vida dele normalmente, como se nunca tivesse abandonado a família? Ah, talvez seja sobre como ele tá bem vestido e se matriculou na faculdade, ou seja, tá bem de vida né.

- É talvez seja sobre isso.- ele respondeu e eu olhei pra ele incrédula- Ele vai ter que se explicar não é? E você vai querer ouvir não vai? Ou vai continuar cavando um buraco no meio do quarto? Por que você quer saber onde ele tava, você mesma disse isso.- parei e sentei na cama bufando- Eu sei que você tá com saudade dele, deixa de orgulho e escuta logo o que ele quer dizer.- me puxou e beijou minha testa.

- Eu vou ouvir o que ele quer dizer, mas não agora.- sentei de frente pra ele- E não tô sendo orgulhosa, eu tô com raiva, tô triste Brian.

- Eu sei.- ele respondeu e ouvimos a porta do meu quarto sendo aberta.

- O que você quer? Já disse que não vou falar com você.- levantei pronta pra fechar a porta na cara do meu irmão, mas Brian me segurou.

- Deixa de ser teimosa.- Felipe disse entrando no quarto. Brian deu um selinho e saiu- Você sabe que a gente tem que conversar.

- A gente? Eu não tenho nada a dizer pra você.

- Mas eu tenho.- se sentou numa poltrona.

- Você tem? Problema seu, eu não quero falar com você.- encarei ele esperando ele sair do meu quarto.

- Só vou sair quando a gente conversar.- eu bufei e sorri irônica sentando perto dele

- Então vamos lá.- o meu tom era de completa raiva e ironia- Onde é que você tava? Na rua tenha certeza que não, tá bem vestido, parece bem. Claro que tá bem, nunca nem pensou em procurar a gente.

- Claro que pensei,- me cortou- eu tentei, mas não deixaram.

- Quem não deixou Felipe?

- Você vai me deixar falar?- assenti- Depois que nossos pais disseram que iriam se separar, eu fiquei meio atordoado, você sabe, você tava lá. E assim que eu fugi eu tentei fazer o caminho pra casa de algum amigo meu. Mas me perdi, não sabia o caminho de volta pra casa e esqueci o que eu tava fazendo. O único lugar pra onde eu sabia ir sozinho era aquela praça que ficava que a gente sempre ia.- Sorriu sem humor- Já tava indo pra lá, mas no meio do caminho uma mulher chegou perto de mim e me arrastou, pra dentro de um carro, ela disse que era freira e me levou pra uma casa enorme, com várias crianças, uma tal de escola católica, e tentei fugir, várias vezes, mas nunca dava certo. Eles me mantinham lá, não me deixaram procurar vocês, e foi por isso que não dei nenhuma notícia.

- Então por que você tava se matriculando numa faculdade? Não faz sentido. Você tá mentindo.- me levantei enquanto enxugava as lágrimas que escorriam no meu rosto.

- Se senta e deixa eu terminar de falar.- obedeci, voltando a sentar na cama- Nunca me faltou nada lá, eu estudei, não passei fome, tinha roupa, não foi um vida ruim, mas eu ficava preso. Com 15 anos eles me colocaram pra trabalhar pra eles, eu ganhava dinheiro, 500 por mês e tinha que dar 300 pra eles. Mas uma pessoa ficava me vigiando, ou seja, eu não podia nem pensar em ir embora dali. E quando eu ia fazer 18 eu ganhei uma bolsa pra faculdade, por isso que eu tava me matriculando e encontrei você.- se levantou e sentou na minha frente- Com 18 anos eles me liberaram, pelo menos foi isso que eles disseram, mas na verdade eles me expulsaram, me colocaram na rua. E se eu não tivesse aquele dinheiro guardado, 7.200 reais, talvez eu até tivesse morrido. Assim que eu saí eu fui atrás de um apartamento pra alugar. Comprei uma cama e só, o resto do dinheiro eu uso pra comida. Já arrumei um emprego, e vou comprar meu móveis assim que eu puder. Próxima semana começo a cursar engenharia.

- E desde que você fez 18 pra cá? Por que não procurou a gente?-

- Eu já ia procurar vocês, eu juro Fernanda, mas e se eu viesse e vocês me rejeitassem igual você fez? Eu tinha que resolver minha vida primeiro. Eu nunca me esqueci de vocês, pensava em vocês todo dia, e tava com saudades Nanda, sou seu irmão. Eu te amo.

Eu já nem sabia o que falar, tava chorando que nem uma desesperada. Eu também morria de saudade dele.

- Não é fácil pra mim Felipe, poxa.- enxuguei minhas lágrimas.- Foram quase nove anos, a gente não ficou bem, a gente passou meses procurando você e a gente nunca desistiu. Mesmo achando que você já tinha morrido. Você tem noção? E agora que eu sei que você tá bem, não sei... Eu tô confusa.- coloquei o rosto entre as mãos tentando me controlar. Minha respiração tava intensa e o coração acelerado e eu senti o toque quente da mão do meu irmão no meu ombro e olhei pro mesmo, ele tava com os olhos lacrimejando, mas segurava o choro.

Ele se levantou e estendeu a mão pra mim, eu segurei e me levantei também, ele se aproximou de mim e abraçou minha cintura, eu até tentei não retribuir mas não consegui, eu precisava daquilo tanto quanto ele. Abracei seu pescoço e puxei ele pra mais perto ficando na ponta dos pés. E me permiti chorar, o choro que guardei por anos, esperando pelo momento desse reencontro.

- Eu te amo tanto.- falei sussurrando, e apoiando o rosto no seu ombro.

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Bom dia/ Boa tarde/ Boa noite

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Bom dia/ Boa tarde/ Boa noite.

Como cês tão?

Xô falar procês. Vou TENTAR postar um capítulo toda sexta de manhã tá?

Bjs de luz

O Filho Do Meu PadrastoOnde histórias criam vida. Descubra agora