Corro o mais rápido que eu posso para a sala de tortura. A sala é toda acabada, é toda pintada de vermelho, com uma única lâmpada que possui uma luz fraca meio amarelada deixando a sala com mais escura, é pequena, mas tem um espaço bom, tem duas poltronas de couro com uma mesinha entre elas, na parede atrás da poltrona tem uma cabeça de um touro empalhada com dois chifres enormes e pontudos apontados para frente como se fosse te atacar, em frente há uma parede coberta de correntes onde eles prendem as crianças e do outro lado há um armário cheio de armas de todos os tipos, entre armas de fogo, armas brancas, correntes e até chicotes.
Fecho a porta e tranco, mas logo meu medo se intensifica quando os ouço tentando arrobar a porta, o que não seria difícil pelo pequeno fato de que a casa toda era feita de madeira e aquele lugar estava caindo aos pedaços. Sem tempo a perder largo a barra de ferro e começo a empurrar o armário de armas com todo o meu corpo para que ele sirva de suporte para a porta. Quando faço isso começo a pensar em o que fazer e me lembro que esse quarto é o único cômodo da casa que tem uma janela, mas, não é uma janela que alguém de 17 anos consiga passar e sim uma janela que alguém de cinco anos consegue. Olho para a loirinha que esta no chão abraçada aos próprios joelhos, balançando para frente e para trás chorando muito. Tenho medo de que tipo de trauma isso vai causar em seu futuro. Ando até a pobre garotinha e me abaixo ficando de joelhos para ficar a altura dela.
O-olha só, eu preciso que você preste atenção. Eu vou te impulsionar para cima e você vai passar por aquela janela. -falo isso com um nó na garganta quase sussurrando enquanto os ouço do lado de fora chutando a porta e fazendo com que o armário balance. Ela me responde, sussurrando também, tão baixo que eu quase não ouvi.
Eu estou com medo - Isso é obvio ela esta tremendo e as lágrimas não param de cair de seu rosto.
Eu sei, eu também estou, mas a gente precisa sair daqui, agora! -ela me olha com os pequenos olhinhos encharcados.
E as outras crianças?
A gente vai voltar pra ajudá-las, mas agora você precisa passar por aquela janela e correr para chamar alguém, se não à gente vai morrer. -Ela olha para janela, para as correntes e logo depois para a porta que estava sendo espancada e se eu não me engano ela provavelmente já foi quebrada. Terror se alastrou pelo meu corpo.
Eu não posso fazer isso, eu não consigo me mexer. Desculpa. -ela coloca sua cabeça entre os joelhos. Não, não, não, não... Isso não pode estar acontecendo.
Olha... Eu sei ta legal? Você esta assustada, eu também estou, mas se você não se levantar agora e passar por aquela janela pra chamar ajuda eles vão entrar aqui dentro, nos acorrentar e nos torturar até a morte e eu não quero morrer. Eu não quero morrer desse jeito, com essa merda dessa vida miserável que eu tenho, eu não posso morrer assim. Se eles entrarem aqui esses caras vão sim fazer coisas horríveis com você, mas comigo, comigo?! Eles não vão deixar um pedaço. Eles vão acabar com cada pozinho que sobrar de mim garotinha. Eu nunca vi aquele cara aqui, eu matei alguém que pagou para estar aqui. Eu matei um comprador e eu matei por você, Então o mínimo que você me deve é pular aquela droga daquela janela e chamar alguém pra vir nos ajudar, porque eu não vou morrer hoje.
- logo percebo que eu estou gritando e surtando. Olho de novo para menininha, agora com um pouco mais de clareza e lúcida e percebo que ela esta soluçando. Ela deve estar com medo de mim agora, droga. Eu respiro fundo e tento me acalmar, mesmo sendo difícil pelo simples fato de que o armário esta quase virando e caindo.
Esta bem garotinha, qual é seu nome?
H-hanna.
Ok, tudo bem Hanna. Meu nome é Alina, eu tenho 17 anos e você?
Eu tenho cinco. -acertei na mosca.
Beleza, se você não quer ir a gente da um jeito. Vamos lá, Eu só preciso pensar, só preciso pensar...
-corro até o armário que esta sendo esmurrado por trás e vejo uma adaga, pego sem hesitar junto com uma arma que eu tinha certeza que estava carregada. Existe uma coisa boa em ser observadora, é que eu observava até mesmo o jeito em que eles mexiam as armas na hora da tortura ou quando iam só botar medo na gente. Eles carregavam as armar na nossa frente sem imaginar que a gente ia gravar isso pra usar contra eles, e quando eu digo a gente, eu quero dizer eu. Quando eu pego a arma coloco ela na minha mão esquerda enquanto eu coloco a adaga na minha bota, quebro uma garrafa de uísque na barra da mesinha e a posiciono na minha mão direita o que não é um problema, pois sou adestra.
Enquanto isso eu espalho os cacos de vidro bem em frente à porta e um pouco ao lado também. Quando termino de fazer isso ouço um estrondo, me viro para trás e vejo o armário do outro lado da sala enquanto os homens com o triplo da minha altura sorriem para mim. Quando eles dão os primeiros passos pra cima de mim eu firmo meus pés no chão arrumo minha postura assim como eu os tinha visto fazer milhares de vezes e atiro, atiro várias e várias vezes sem parar com a adrenalina me ajudando a fazer isso sem pestanejar.
Quando olho para o chão vejo vários e vários homens jogados Lá e outros pouquíssimos me olhado, incrédulos. De todos que eu tinha visto e contando sobraram apenas 11 que estavam muito, muito bravos. Eles viram que só sobrou a garrafa quebrada e vieram correndo para cima de mim. Eu saio de mim, comecei a bater em tudo e todos correndo pela lateral do quarto em direção da porta, fazendo com que eles se afastem da Hanna que esta logo atrás de mim em um canto no final da sala, apertando os olhos e tampando os ouvidos. Admito que eu gostaria de estar assim agora ao invés de estar lutando sem nem ao menos ter força e psicológico pra isso, mas não posso parar, tenho que dar o fora daqui por mim e pela Hanna.
Começo a bater no primeiro cara que pula em cima de mim, por sorte ele pula de uma forma totalmente errada me fazendo ter uma incrível facilidade de cravar a garrafa em sua barriga. Mas logo depois eu não tenho tempo de me defender, o cara a minha frente é meio baixo, mas cheio de músculos. Ele me da um soco me nocauteando e me fazendo voar para trás. Também comparando o peso pena que eu tenho perto desse cara é impossível isso não acontecer. A garrafa que eu segurava caiu no chão e se estilhaçou sob ele.
Perco minha visão por meros segundos quando me acertam de novo com um chute na barriga fazendo com que eu cuspa sangue violentamente. No momento em que minha visão volta, olho para cima vendo vários homens rindo para mim, me causando medo, mas esse medo se mistura com ódio, desprezo, escárnio, repúdio e todos os sentimentos que envolva nojo aumentar quando eu olho para uma brecha deixada no meio daqueles homens para que a pessoa na porta entrasse e parasse bem ali, na minha frente, rindo da pobre garotinha ensanguentada por seu próprio sangue e de sangue de outras pessoas. A pobre garotinha machucada e acabada, com uma vida de merda e tudo por causa dele.
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Reino de cinzas
FantasyAlina perdeu tudo aos cinco anos a família, a felicidade, a infância e a vida. Alina foi maltratada e torturada até os seus dezessete anos, e quando cresceu encontrou uma menininha que mudou o rumo de sua vida. Após tudo isso Alina resolve se reergu...