Jason. o homem que um dia eu considerei pai, o homem que um dia a minha mãe amou, o homem que acabou com a minha vida e a dela quando a matou com frieza e amargura na minha frente, sem nenhum ressentimento sem nenhum pingo de amor que ele um dia falou que já sentiu pela gente, nem mesmo quando a gente o deixou entrar em nossas vidas em nossa família, aquele homem, o pior ser humano que já existiu na face da terra, ali, bem na minha frente. Depois de doze anos ele finalmente apareceu.
Ola querubim, quanto tempo. - lágrimas escorrem por meus olhos, lágrimas que por anos eu contive, lágrimas que por anos eu não quis soltar, que por anos eu prendi a fim de me esconder e me proteger dos sentimentos que elas trazem, lágrimas que me arrancam da frieza que eu fiz de meu coração e de minha mente para sobreviver.
Owen, não chore criança sei que pode ser muita emoção ver seu querido pai depois de muito tempo, mas não acho que precise de lágrimas para isso.
Você não é meu pai, você é um monstro. - Ele solta uma risada alta, logo depois seus lábios formam um sorriso cruel me causando calafrios.
Mas era assim que você me chamava quando criança, ou melhor, como você gostava de me chamar. Diga querubim como tem sido os seus abençoados anos aqui?
VAI. PRO. INFERNO.
Hahahahah, quando me disseram que você era desbocada não achei que estavam falando tão sério assim. -Ele me olha com um olhar desafiador e debochado.
Sabe o que mais me falaram? Que você não tem medo da morte, mas quem teria não é mesmo?! Ficando aqui ou é a morte ou é a solidão, você tem de sobreviver à tristeza e a tortura. Mas me falaram também que você lida bem com a dor, apesar das torturas você não chora e parece não ter medo de nada, mas pelo visto você só finge não é querubim?
-paro de chorar. Chega, não vou mais dar esse gostinho para ele. Eu sou forte, mais do que ele pensa, mais do que eu já fui e mais do que eu tenho certeza de que eu posso ser. Se ele quer me fazer abaixar a cabeça para ele, ele vai precisar de muito mais do que isso. Cuspo em sua bota e me forço para levantar. Com muita dificuldade fico de pé tentando manter a postura que eu não tenho e olhar nos olhos dele.
Mas o que é isso? Esses não são os modos que aquela garotinha que eu conhecia tinha. - falou em um tom debochado. Tento firmar minha voz e olhar no fundo de seus olhos.
Aquela "garotinha" que você conheceu esta morta! Ela morreu no dia em que você enfiou uma adaga no coração da mulher a quem você um dia jurou amor eterno a olhando nos olhos, na frente da filha dessa mulher, quebrando o mundo de duas pessoas ao mesmo tempo e como se não estivesse satisfeito ao fazer isso, leva a "pobre garotinha", a qual você chamava de filha para um lugar onde crianças são mortas, vendidas e torturadas. Então quando você se perguntar onde estão os bons modos daquela pequena garota se lembre disso, talvez você pare de parecer um completo idiota fazendo perguntas obvias. -falo isso no tom mais frio e rancoroso que eu consigo, felizmente parece ter dado certo, pelo menos Jason deixa transparecer um pequeno olhar de culpa e um sentimento que eu não consigo identificar.
Você acha que é fácil, Não é? Acha mesmo que eu quis matá-la?
PORQUE EU NÃO ACHARIA ISSO? VOCÊ A MATOU, NÃO? -Acabo me alterando, levanto minha voz sem me importar de deixar o ódio sair e Jason faz o mesmo.
SIM, SIM EU A MATEI, MAS EU NÃO QUERIA, NUNCA QUIS. VOCÊ ERA SÓ UMA CRIANÇA, VOCÊ É SÓ UMA CRIANÇA!
ISSO, MINTA, MINTA NA MINHA CARA E DIGA QUE NÃO QUIS MATA-LA, DIZ QUE FOI SEM QUERER, DIGA QUE NÃO FEZ ISSO PELO DINHEIRO! VAI DIGA, QUERO VER SE É TÃO MENTIROSO QUANTO EU SEI QUE PODE SER.
-Quando vejo estou cara a cara com ele, quase colando nossos rostos e gritando como jamais fiz em toda a minha vida, deixando toda a minha raiva e ódio que eu senti por ele em todos esses anos sair pra fora. Ele bate forte em meu rosto. Ele me da um soco digno de um suspiro, quando eu me viro pra ele vejo ódio, o mesmo ódio que eu estou exalando. Nossas respirações fortes e pesadas se encontram e fica na mesma intensidade, com nosso peito subindo e descendo rapidamente.
Quando me disseram que você não tem medo da morte eu não imaginei que fosse tão sério assim.
-eu dou uma risada seca que não demonstra nem um pouco de felicidade, muito pelo contrário. Olho para os homens que estão ao redor. Eles estão totalmente concentrados na cena, sem mudar um olhar sem nem ao menos soltar a respiração. Posso dizer que eles estão com mais medo de Jason do que eu, o que é de se esperar por eu não o conhecer de verdade. Tento olhar para trás para olhar para hanna, mas tenho medo deles perceberem e mudarem a presa e fazer outra rota de caça.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Reino de cinzas
FantasíaAlina perdeu tudo aos cinco anos a família, a felicidade, a infância e a vida. Alina foi maltratada e torturada até os seus dezessete anos, e quando cresceu encontrou uma menininha que mudou o rumo de sua vida. Após tudo isso Alina resolve se reergu...