17- temos que dizer adeus.

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Você esta bem, se machucou, eles te ajudaram? – ela fala rápido de mais enquanto passa as pequenas mãozinhas pelo meu rosto. Não sei o que foi isso, mas meu coração esquentou e minha mente relaxou. Não quero deixá-la, mas preciso.

Não, eu não me machuquei, mas eu tenho que ir. -Ela franze a testa.

Por quê? Você esta bem, eles vão nos ajudar. Eles falaram... – a interrompo.

Eu sei, eu sei. Olha. –Respiro fundo- Eu tenho um passado horrível e não posso ficar perto de pessoas boas, pessoas que só vão me ajudar e vão acabar sendo machucadas por causa disso.

Mas você é boa, você me protegeu. – ela fala com uma carinha de choro. Que droga pequena.

Eu sei querida, mas às vezes o mundo não é justo com as pessoas e eu não posso machucar vocês.

Não, eles não fazem coisas ruins com pessoas boas e você é uma pessoa boa.

Eu sei, mas eu sou uma pessoa boa pra você! Tem um lado meu que você não viu, não conhece e sinceramente não quero que você conheça. Você é boa e você é pura, não eu. Você. Você tem muito que viver, você tem que aproveitar. Você é só uma criança.

Sim e você também. Você também tem muito que viver e aproveitar. Você também é uma criança! –ela fala com lágrimas rolando em seu rosto.

Eu sei. Eu tenho muito que viver e aproveitar, mas eu não sou mais uma criança! Eu deixei de ser uma criança quando eu entrei naquele lugar, Eles não me permitiram ser criança La. E se tem um lugar que eu posso ser feliz esse lugar não é aqui. Não nesse reino! –digo colocando suas mechas de cabelo atrás da orelha e olhando em seus olhos embaçados pelas lágrimas. Ela tem Lindos e longos cabelos e belos olhos castanhos.

Eu vou com você! –ela fala tentando se levantar, mas eu não deixo.

Eu preciso ir. Você vai ficar aqui e viver uma vida feliz! Prometa pra mim.

Não posso. – ela fala chorando mais ainda.

Olha. Eu sei que você quer ir, mas estou fazendo isso pra te proteger e proteger a todos dessa casa. Por favor, me prometa. –ela respira fundo, segura minhas mãos com força, confiança e me olha no fundo dos olhos estufando o peito. 

Eu prometo ficar aqui, ser feliz, ser forte e aprender a me proteger se você prometer que vai voltar. Que vai voltar por mim.

Eu prometo! – não posso adivinhar o futuro, mas caso eu morra ela não vai saber e caso eu não volte ela provavelmente vai se esquecer de mim.

Então eu prometo crescer e me tornar uma pessoa como você. –fico surpresa com esse último comentário. Tento dar um sorriso sem mostrar os dentes e me levanto.

Você não pode falar pra ninguém que eu vou fugir. Quando eles subirem fala que eu te acordei e que eu disse que te adeus, depois disso sai pela porta, ok?

Ok!  – ela fala com um sorriso triste. Dou uma última olhada pra ela e ando até a janela. Quando chego à beira ouço barulhos de passos. Empoleiro na janela pelo lado de fora e começo a descer colocando meus pés nas pedras que compõe as paredes de fora. Ouço a porta se abrindo e vozes muito altas saindo de La de dentro. Preciso sair daqui o mais rápido o possível, mas como? Eu não conheço nada nem ninguém dessa cidade, eles vão me achar em dois segundos. Chego ao chão e olho ao redor. Ouço a porta da frente se abrir bruscamente. Corro para um barril e entro dentro. É apertado, bem apertado, mas cabe. Consigo olhar para fora por causa dos buracos que o barril possui e vejo os guardas e o Tony indo em direção a cidade, a direção mais provável de alguém ir quando não se conhece nada nem ninguém. 

Eu preciso de um plano, não posso ficar aqui, não posso ser pega e preciso sobreviver com o pouco que eu sei. Sozinha. Preciso aprender sobre esse lugar, conhecimento é tudo o que eu mais preciso. Conhecendo os lugares, em quais pontos a guarda vai e não vai, onde é a fronteira e as pessoas desse lugar é o melhor jeito de sair daqui e sobreviver sem problemas também.

Reino de cinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora