Thoughts

177 19 3
                                    

Alec Lightwood estava completamente devastado agora, como nunca estivera sua vida toda. A conversa que havia tido com Magnus não havia fluído como ele desejava, e ele de fato tinha piorado tudo. Ele desejava poder explicar tudo para o feiticeiro, dizer que tudo aquilo não passava de uma loucura de seus pais, e que ele não suportava aquela maldita ideia. Chegada a hora de se explicar, ele não havia conseguido. Seus pensamentos estavam extremamente caóticos e incontroláveis. O que o levou a falar coisas que não queria, e a agir como não devia. Droga... Alec estava se questionando porque ele era tão fodido que nem ao menos conseguia controlar as vozes de sua cabeça.

Magnus era importante para ele. Aquele tipo de "importante" que raramente acontece na nossa vida. E ele não queria perder isso, não podia perder isso. Magnus fazia ele se sentir bem, fazia com que ele se sentisse importante. Sentia que com Magnus ele podia ser ele mesmo. Gostava da pessoa que era quando estava com Magnus.
Indeciso entre voltar para o apartamento de Magnus e tentar novamente, ou seguir seu caminho até o Instituto, Alec parou, encarando o céu de NYC. Pensou, ponderou, barganhou consig9 mesmo. Finalmente, após uns bons quinze minutos, deu meia volta e seguiu novamente o caminho que levava até o apartamento de Magnus.

Dessa vez ele estava decidido de que realmente ia se explicar. Ia contar como se sentia em relação à Magnus, em relação ao casamento, e principalmente, que não queria ter que fazer isso. Encarava a porta de Magnus com uma feição atordoada, coisa que sempre fazia ao pensar demais. Percebera a porta destrancada, e deu um leve empurrão, abrindo a mesma. O apartamento estava quieto, o que era incomum, considerando que Magnus sempre tinha música tocando, mesmo que baixinho. Adentrou o local e olhou em volta, ouviu o miado de presidente miau e nada mais. Por um momento, Alec se questionou se Magnus havia saído. Mas ao pousar seus olhos em uma firgura encolhida na varanda, soube que não.
Com passos lentos, Alec caminhou até lá, abrindo a porta em seguida. Magnus não se moveu, nem mesmo quando ouvir o ranger da porta da varanda.

- Pensei ter dito para você ir embora. - disse o feiticeiro com um tom de voz baixo.

- Eu não consegui. - Alec respondeu. - Magnus... Eu vim aqui pra me explicar. Pra explicar tudo pra você, mas eu não consegui. - Alec começou. - Mas agora... Eu tenho que fazer isso.

- Alexander... Isso já não importa mais. - o feiticeiro respondeu friamente.

- Importa sim. Pra mim importa, e eu sei que pra você também. Não tem como esquecer alguém em questão de minutos.

- Não tem ideia do que sou capaz de fazer quando realmente me esforço. - Magnus respondeu, o encarando finalmente. O rosto do feiticeiro tinha um semblante cansado, mas mesmo assim sombrio.

- Eu não quero me casar amanhã. - Alec disse. Essa pequena sentença dita por Alec pareceu chamar a atenção de Magnus. - Droga! Você sabe disso tanto quanto eu! Isso é completamente ridículo.

- Nisso concordamos.

- Meus pais... Isso foi ideia deles. Eu nunca cogitaria essa possibilidade. - Alec explicou.

- A questão não é essa Alexander. Eu sabia que isso tudo era ideia dos seus pais, mais especificamente de Maryse, mas isso não vem ao caso agora. - Magnus começou. - A questão é... Está disposto à enfrentar seus pais e a Clave e finalmente se livrar dessas mascaras que usa pra esconder quem é de verdade ? Ou vai ficar usando elas pelo resto da sua vida ? - o tom de voz que Magnus usava era calmo, extremamente calmo, o que levou arrepios através da espinha de Alec.

- Eu... Eu não sei. - Alec respondeu.

- Se você não sabe, o que está fazendo aqui ?

- Eu precisava falar com você. Minha cabeça está à milhão agora, e eu não consigo controlar meus pensamentos. Tá uma bagunça aqui dentro, e eu não queria que isso interferisse nessa situação.

- Você realmente não faz ideia não é ? - Magnus perguntou. - Você está preso em uma armadilha que você mesmo armou pra você. E só você pode te tirar dela.

- Eu sei... Eu sei. Tudo isso é demais, e tem muito envolvido. Você, a Lydia... Minha família, a família dela, a Clave. Eu só não quero machucar ou ter que desapontar ninguém.

- Esse é o ponto Alexander. Não importa o que você faça, não importa o que escolha, o que decida. Alguém vai se machucar. Senão as pessoas que citou, você vai de machucar. Não tem como evitar isso.

- Eu não posso fazer isso com a Lydia. - Alec disse. - Mas não quero ter que fazer isso com você. Magnus... Você, literalmente mudou a minha vida. - Alec apontou. - Você chegou de repente, foi se aproximando aos poucos e acabou me cativando. Eu nunca tinha me sentido assim com ninguém antes. - Alec explicou. Magnus prestava atenção em cada palavra que saía da boca do Shadowhunter. - Você me ensinou tanta coisa em tão pouco tempo. Não é como se nos conhecêssemos há anos, mas é exatamente como me sinto. Você me mostrou o mundo de uma forma que eu não conhecia, me mostrou um mundo novo. Fez com que eu me sentisse vivo pela primeira vez em vinte e um anos.

- Alexander...

- Não... Preciso que me deixe terminar. - Alec pediu. - Você me ouviu, você realmente me ouviu. Você se importa comigo, mais do que alguém havia se importado antes. Você faz com que eu me sinta bem, me sinta feliz. - Alec disse. Um sorriso fraco estampado em seu rosto. - Magnus... Eu nunca tinha me sentido assim antes. É como se com você eu não precisasse me esconder ou fingir. Com você eu não me sinto amedrontado ou como se tivesse algo de errado comigo.

- Pelos deuses, não tem nada de errado com você. - Magnus assegurou.

- O meu ponto é, eu não preciso fingir com você. Não preciso me preocupar com julgamento, nem nada do tipo. Eu posso ser eu mesmo com você, posso ser eu de verdade. Só o Alec, e não Alexander Gideon Lightwood. Não posso perder isso. Não quero perder isso.

- Alexander... Eu sinto muito, mas eu não sou sua válvula de escape. - Magnus respondeu. - Acho que já foi dito o suficiente por hoje. Deveria ir embora, de verdade dessa vez. Tenho certeza de que tem muito a fazer.

- Mas eu acabei de...

- Sim, eu ouvi. Você disse muita coisa, muita informação pra digerir em pouco tempo. E receio que estar perto de você agora não vá me ajudar. Eu preciso de tempo. Tempo pra pensar. Você também precisa. Vá embora agora, sim?!

Se Eu Não Posso Ter Amor, Eu Quero PoderOnde histórias criam vida. Descubra agora