To Die For

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Magnus não conseguia parar de pensar em Alec, não importava o quanto tentasse. Algo sobre o caçador de sombras havia cativado o feiticeiro, e ele estava obcecado em descobrir o porque e o que era. Já havia esbarrado em tantos shadowhunters antes, mas nenhum tinha conseguido deixá-lo perdido por dias a fio. Perdido, sim! Magnus Bane, o grande feiticeiro estava atordoado e completamente perdido desde que conhecera Alec no beco. Chegava a ser quase ridículo alguém se cativar tanto por alguém, se apegar tanto a alguém tão rapidamente. Magnus não era assim, ele sabia e isso o estava incomodando. Mais precisamente, o poder que Alec tinha sobre ele, o levando a perder o sono e quase a sanidade mental que o deixava incomodado.

Ele estava perturbado, pra falar a verdade, um pouquinho obcecado também. Estava vivo há mais tempo que gostava de se lembrar, e em todos esses anos, nunca conhecera alguém que o desconcertasse dessa maneira. Era algo novo, desconhecido. Território inexplorado e isso de certa forma também o assustava. Mal sabia ele que Alec se senta da mesma forma. Do outro lado da cidade, o Shadowhunter estava completamente mergulhado em pensamentos. Não conseguia se concentrar em mais nada que não fosse Magnus Bane e seu eu hipnotizante e completamente encantador. Ele já ouvira tanto sobre o feiticeiro, sobre a forma como levava a vida e como nunca se comprometia com ninguém. Às vezes se pegava pensando em como ele conseguia levar uma vida tão longa quando era tão solitário, não se permitindo amar ninguém ou se doar para alguém.

Mas então, ele lembrava de si mesmo. Já tinha vinte e um anos, e também nunca havia se apaixonado por ninguém. Claro que vinte e um anos não era nada comparado aos trocentos anos de Magnus e seu tempo inesgotável na terra. Mas de certa forma, Alec sentia como se estivesse falhando nessa área da vida. Ele sabia que era inteligente, tinha habilidades excelentes para um caçador de sombras tão jovem... Então porque não tinha encontrado alguém ainda ?

Talvez ele fosse muito exigente e suas expectativas muito altas. Talvez ele fosse tímido demais, e se atrapalhasse todo apenas com o pensamento de flertar com alguém. Talvez a pressão de honrar o nome "Lightwood" fosse demais em seus ombros. Ele era o primogênito, e sabia que era seu dever manter a honra e o prestígio de sua família. Sua mãe já havia lhe dito que na hora certa ele encontraria a moça certa. Que ela seria boa, decente e que faria justiça à ele e à família.

Então, por que ele tinha dúvidas quanto à isso ? Por que não conseguia imaginar isso ? Uma vida perfeita, ao lado da garota perfeita, com as honrarias e extravagâncias de que a mãe tanto falava. Quando imaginava seu futuro, não era assim que ele se via daqui a dez anos. Ele via como Jace, seu irmão vivia a sua vida, e a forma como flertava com toda sombra feminina que cruzasse seu caminho. Por que ele não conseguia fazer o mesmo ? Por que ele se sentia preso ? Como se tivesse que se encolher para caber no molde que a mãe fizera para ele. Ele se sentia sufocado, como se a missão dele fosse viver sob as expectativas da mãe, e que se ele não fizesse exatamente o que ela o mandava fazer, ele sofreria um julgamento severo e sofreria as terríveis consequências.

Entretanto, ao mesmo tempo, sentia que se tivesse que ficar encolhido nesse molde por mais tempo, definharia, seria consumido pela crescente tristeza em seu peito e se arrependeria amargamente pelo resto da vida. Afinal, ele era humano também. Tinha sentimentos, objetivos, sonhos. Ele era sua própria pessoa, tinha a própria vida, deveria tomar as próprias decisões e ser dono de seu proprio nariz. Ser independente. Ele não era barro. Não era seu dever ter que caber no molde que impunham para ele. Por que ele se esforçava tanto para isso então ? A resposta ele não sabia. Ou tinha muito medo de dizer em voz alta. Esperava que um dia tivesse coragem o suficiente para finalmente se libertar e ser quem realmente era. Tinha medo desse dia estar longe demais e também de que ele chegasse cedo demais.

Suspirou pesado enquanto andava pelo vilarejo completamente absorto em pensamentos.

- Então, nos encontramos de novo... - ele ouviu Magnus dizer, e se virou um pouco rápido demais para o seu gosto, o fazendo parecer desesperado. Talvez ele estivesse desesperado. Desesperado à ponto de querer gritar. Desesperado à ponto de querer fugir.

- Parece que sim. - Alec disse enquanto se virava para seguir seu caminho. Magnus logo se apressou para segui-lo.

- Sabe, eu estive pensando em você. - Magnus comentou com um tom de voz que Alec não conseguiu decifrar.

- Eu deveria me preocupar por você ? - perguntou tentando se acalmar e demonstrar indiferença. Magnus gargalhou.

- De maneira alguma Alexander. - apontou o feiticeiro. - Só achei que gostaria de saber. Admito que também foi uma jogada minha para saber se também andou pensando em mim. Estava demasiado empolgado. - admitiu Magnus e Alec pôde notar em sua voz que ele parecia um pouco chateado e decepcionado. Mordeu os lábios e juntou toda a coragem que tinha.

- Talvez eu tenha pensado. - disse. Magnus o encarou instantaneamente o fazendo desviar o olhar. - Eu disse talvez.

- Ouvi o que você disse. - Magnus retrucou. Alec sabia pelo tom de voz que Magnus estava usando com ele agora, que o feiticeiro tinha um sorrisinho sedutor estampado no rosto agora. - O que me leva à perguntar, não quer tomar uma bebida comigo um dia desses ? - perguntou Magnus. Alec pensou por alguns minutos. Pensou qual decisão era a certa e qual ele não se arrependeria de tomar. Pensou no que a mãe diria e se ela aprovaria que ele saísse para beber com Magnus Bane. Claramente não, e por um momento, Alec pode ouvir seu discurso de reprovação em sua mente. Depois, se lembrou das inúmeras conversas que havia tido com Izzy, e em todas elas a irmã sempre dizia que ele deveria se colocar em primeiro lugar pelo menos uma vez na vida.

- Me parece uma boa. - respondeu. Magnus sorriu ainda mais e assentiu.

- Certo Alexander. O que me diz de amanhã ? - questionou Magnus. Ele não tinha nenhum compromisso para amanhã, e agora estava aliviado de ter cedido para que Jace fosse em uma naquela maldita missão fora da cidade. Assentiu. - Te vejo amanhã então. - disse Magnus e seguiu por entre os moradores da cidade deixando um Alec bobo e surpreso consigo mesmo para trás.

O que tinha acabado de acontecer? Por que Magnus tinha chamado ele para beber? Como isso tinha acontecido? Mas o mais importante, por que ele tinha aceitado? Alec não podia negar que tinha uma queda por Magnus, e que não havia parado de pensar nele nos últimos dias. Todavia, pensara que Magnus mal lembrava seu nome. Achava que as mãos tremulas e o esforço extra que tinha feito no beco aquele dia, tentando manter a voz estável e a habilidade motora na frente do feiticeiro, tinham feito Magnus achar que ele era um completo idiota. Agora, porém, não tinha certeza quanto à isso. Magnus disse que tinha pensado nele. E pareceu desapontado ao achar que Alec não tinha pensado nele. Alec podia sentir o rosto quente. Ele estava envergonhado, algo que jamais acontecera antes. Era isso, Magnus em tão pouco tempo, sem muita conversa e nenhuma intimidade exercia sobre Alec um poder inimaginável. E no fundo, Alec gostava dessa sensação.

Se Eu Não Posso Ter Amor, Eu Quero PoderOnde histórias criam vida. Descubra agora