Se Eu Não Posso Ter Amor, Eu Quero Poder

Like I Can

Alexander Lightwood não conseguia se lembrar da ultima vez que tinha se sentido tão nervoso na vida. Talvez tivesse sido na sua cerimonia de Runa, ou talvez quando ele e Jace se tornaram Parabatai. Bom, de qualquer forma, isso não importava agora. O fatídico dia de seu casamento havia chegado em um piscar de olhos, e não tinha como fugir agora. Alec desejava com todas as forças poder fugir, poder sumir, desaparecer no mundo sem que ninguém soubesse de seu paradeiro. Entretanto, os deveres e responsabilidade que ele tinha como um Shadowhunter falavam mais alto. E principalmente o seu dever como um Lightwood. A Clave não esperava menos do que a perfeição quando se tratava de sua família, e ele tinha que corresponder à essas expectativas. Ao menos, era isso que tinham dito à ele a vida toda.

Então, mesmo que isso fosse a ideia mais estapafúrdia do mundo, mesmo que ele não concordasse, mesmo que quisesse seguir outro destino, sabia que seu futuro havia sido traçado desde o primeiro dia. Um suspiro escapa os lábios de Alec enquanto ele encara seu reflexo no espelho. A roupa, escolhida pela irmã o fazia se sentir estranho. Alec não era fã de tamanha formalidade. Aquele que o encarava de volta do espelho, na verdade, não se parecia com ele em nada. E isso o incomodava. Em uma fração de segundos, sua mente voou até Magnus. O que será que o feiticeiro estava fazendo agora? Será que sabia que ele estava se casando hoje? Será que pensara nele? Será que se importava?Alec sabia que não deveria pensar em Magnus, muito menos quando estava se casando com outra pessoa. Mas não conseguia evitar. A historia entre ele e Magnus era forte, os momentos que haviam compartilhado eram inesquecíveis. Como ele não pensaria em Magnus Bane hoje, quando ele era tudo o que Alec havia pensado nas duas ultimas semanas?

Com outro suspiro escapando dos lábios do caçador de sombras, um suspiro frustrado dessa vez, Alec segue até a porta do quarto, saindo do quarto logo em seguida. Seguiu pelos corredores do Instituto até chegar ao local onde seria realizado o casamento. Olhou ao redor, a decoração, as pessoas de um lado para o outro cuidando dos últimos ajustes, e então fechou os olhos, tentando se convencer de que aquilo era o certo, e que ele seria feliz assim.

- Você tá bem? - ouviu a voz de Izzy, e se virou para encarar a irmã. Izzy parecia preocupada, então Alec fez o que sabia fazer de melhor.

- Estou. Só estou um pouco nervoso. Não é todo dia que você se casa. - Alec respondeu, fingindo estar bem, na esperança de que a irmã esquecesse o assunto. No entanto, Izzy era esperta demais. E também, o conhecia muito bem.

- Alec... Sabe que ainda não é tarde demais para desistir. - Isabelle disse, dando um aperto reconfortante no ombro do irmão mais velho.

- Izzy... Eu não posso fugir disso. - Alec respondeu.

- Não está fugindo. Está apenas trilhando seu caminho, tomando as próprias decisões. Nós dois sabemos que não é aqui que quer estar hoje, e muito menos com a Lydia. - Izzy insistiu. Alec fechou os olhos, mordeu os labios e assentiu. - Pelo anjo, vocês dois são tão teimosos!

- O que quer dizer com...

- Eu fui até o apartamento do Magnus hoje de manhã. - Izzy admitiu. - Tentei conversar com ele, tentei fazer ele enxergar como tudo isso era absurdo. Mas, exatamente como você, ele também não me deu ouvidos.

- Droga Izzy. Ele vai achar que estou desesperado. - Alec disse em tom de reprimenda.

- E você está! - Izzy rebateu. - Olha, eu sei que o fardo em seus ombros é muito pesado. Sei que você tem muitas responsabilidades, e que mamãe e papai exigem muito de você. - Izzy disse. - Mas... Alec, vai sacrificar a sua felicidade por eles ? Pela Clave ? Realmente vale a pena viver infeliz pelo resto da vida, apenas para trazer honra à nossa familia? Acredita mesmo nisso?

- Eu nao sei.

- Acho melhor descobrir logo, porque a cerimonia vai começar, o que indica que você não tem muito tempo. - disse Isabelle enquanto seguia até o altar. Shadowhunters começaram a encher o lugar, e Alec seguiu até o altar, tomando seu lugar. As palavras de Izzy rondavam sua cabeça, juntamente com as de Magnus. Isso era um erro, e ele sabia. Queria fazer alguma coisa, qualquer coisa. Mas o quê?
Avistou a mãe e o pai entrando. Clary e Simon em seguida. Jace logo apareceu, tomando seu lugar no altar, junto à Alec. E então, se deu início à cerimônia. Lydia parecia feliz, mas ao mesmo tempo, relutante. Alec se perguntava se ela sentia o mesmo que ele. Se ela sentia que isso era um erro enorme, e se ela também queria sair correndo dali. A cerimônia seguiu como o esperado, chegando na parte em que Alec mais temia, os votos. Ele estava a um passo de se tornar marido de Lydia. Se ele quisesse desistir, a hora era agora. O som estrondoso da porta do salão foi ouvido, chamando a atenção de todos, que esperavam ver quem estaria chegando tão atrasado, e tão desesperado. O coração de Alec acelerou ao ver Magnus se aproximando. O feiticeiro parou no final do corredor, encarando Alec.

- Izzy, Alec convidou Magnus? - Jace perguntou. Izzy sorriu pela primeira vez em duas semanas.

- Eu convidei. Mas não achei que ele fosse aparecer. - Izzy respondeu.

O olhar de Magnus era intenso, Alec sentia como se o feiticeiro estivesse olhando sua alma agora. E isso o tirou o fôlego.

- O que esse feiticeiro está fazendo aqui? - Alec ouviu a mãe perguntar. Maryse se levantou e seguiu até Magnus. - Magnus, saia desse casamento! Agora! - a mãe exigiu.

- Maryse, isso é entre mim e seu filho. - Magnus rebateu. - Eu vou embora se ele me pedir. - Magnus respondeu Maryse, os olhos nunca deixando Alec.

- Alec... - Alec ouviu a voz de Lydia. - Hey...

- Eu não consigo... Não consigo respirar. - Alec disse.

- Eu sei... Tudo bem... - Lydia assegurou.

- Eu não posso. Não posso fazer isso. - Alec disse. - Achei que estivesse fazendo a coisa certa, mas...

- Tudo bem. - Lydia o interrompeu. - Não precisa explicar. Eu vou ficar bem.- Lydia disse acariciando o rosto de Alec. - Você merece ser feliz.

Alec sorriu fraco para ela, e se virou, descendo os poucos degraus que ali havia. Encarou Magnus novamente, sentindo o corpo todo implorando pelo feiticeiro. Então, em passos lentos, começou a seguir até Magnus. Maryse apressou-se até ele, na esperança de repreendê-lo, e arrastá-lo de volta ao altar.

- Alec, o que está fazendo ? - ouviu a mãe perguntar.

- Já chega! - foi a unica coisa que disse, antes de pegar Magnus pelo colarinho e dar início à un beijo intenso e cheio de desejo. Sentia como se correntes elétricas estivessem percorrendo todo seu corpo. Sentia como se o tempo tivesse parado, e como se não tivesse mais ninguém ali além deles. Alec sentia falta disso, da sensação de estar vivo, da sensação do coração batendo no peito. Mas principalmente, sentia falta de Magnus e dos lábios do feiticeiro nos dele. Ali ele teve a certeza de que estavam destinados um ao outro, e que nada e nem ninguém podia impedir isso. Magnus era o finalmente de Alec, e Alec era o para sempre de Magnus. Eram um para o outro o que procuraram a vida toda. Quase sem folego, Alec e Magnus se separaram e ficaram se encarando por alguns minutos. O desejo, a necessidade que sentiam um pelo outro era avassalador. Alec sem conseguir se conter, e vendo nos olhos de Magnus que ele também não conseguiria se conter por muito mais, deu inicio à outro beijo. Podia sentir o coração acelerado, mas ao mesmo tempo, sentia o coração em paz. Estar com Magnus era um mix de sensações à todo minuto. Magnus era seu céu e seu inferno, seu anjo e demônio, sua paz e seu caos tudo junto e ao mesmo tempo. Era isso o que ele mais gostava no feiticeiro.

- Alexander... você nunca para de me surpreender! - Magnus exclamou. Alec apenas abaixou a cabeça e sorriu envergonhado. Magnus utilizou dessa oportunidade para segurar a mão do caçador de sombras de uma maneira terna. Alec levantou a cabeça, encarando o feiticeiro. - Você pode visitar todos os lugares do mundo, conhecer todas as pessoas do planeta, e quem sabe, se apaixonar por alguém novo a cada esquina. Eles podem te fazer rir, chorar. Podem fazer com que você se sinta bem, com que se sinta mal. Podem segurar sua mão e te causar borboletas no estomago... mas nunca vão te amar como eu te amo. - Magnus disse.