➤ 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗍𝖾𝗋 𝖳𝗐𝖾𝗅𝗏𝖾

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Eu não sabia que poderia ficar mais nervoso, mas quando a secretária do consultório chama pelo nome de Lalisa, descubro com todas as letras que é possível

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Eu não sabia que poderia ficar mais nervoso, mas quando a secretária do consultório chama pelo nome de Lalisa, descubro com todas as letras que é possível. Os pensamentos que tomavam minha cabeça nos últimos dias se dissipam totalmente, e eu só consigo me concentrar naquele momento, naquele som compassado que preenche a sala.

— Vê essa manchinha? — a Dra. Norcross aponta para a tela e dá um zoom enquanto mantém o aparelho deslizando no abdômen de Lalisa — É o bebê de vocês.

Eu fico assombrado. Nunca havia visto um ultrassom ao vivo, nem mesmo ao de Nic, do que me arrependo, porque é algo impressionante.

— E isso que vocês estão ouvindo são os batimentos dele.

Sinto vontade de chorar, mas me seguro. Minha mão procura a de Lalisa, querendo saber se ela sente a mesma coisa, e quando ela aperta de volta sei que a resposta é sim. Eu a olho, querendo registrar seu sorriso em minha memória para sempre.

— Ele está bem? — Lalisa pergunta, conseguindo sair de seu transe.

— Sim, seus batimentos estão perfeitos. Ele tem mais ou menos doze semanas, eu diria.

— E é menino ou menina? — estou eufórico e quero fazer milhares de perguntas para a Dra. Norcross, mas ela apenas dá uma risadinha.

— Vamos ter certeza disso apenas após a décima quarta semana. Apenas mais duas semanas e vocês saberão.

Ao final da consulta, Dra. Norcross faz suas mensurações para que Lalisa tenha uma gravidez tranquila, envolvendo muito ácido fólico, repouso e uma lista completa para uma alimentação saudável. Saímos da clínica de mãos dadas, mas Lalisa que me guia pelo caminho todo até o carro, porque eu estou enfeitiçado demais pela foto da ultrassonografia para prestar atenção em qualquer outra coisa.

Quando entramos no carro, ambos ficamos em silêncio, estarrecidos.

— Você ouviu o mesmo que eu? — ela fala depois de minutos, a voz embargada — O coraçãozinho dele batendo.

— Eu ouvi. — digo a ela, tirando os olhos da foto para poder estudar seu rosto por um longo tempo — Senti meu mundo inteiro ali.

— Eu também. — ela admite — Nunca achei que fosse compreender, mas eu agora eu entendo.

— O quê?

— Amar tanto alguém mesmo sem conhecê-lo — ela encosta no banco, os olhos cheios de lágrimas — Não vejo mais uma vida sem ele. Sem você. Sem o Nic.

— Você sempre terá a gente. — eu me debruço no banco para segurar seu rosto e colar meus lábios na sua testa — Sempre.

— Eu sei. — ela diz quando abaixo os olhos e acaricio seu nariz com meu. Eu a beijo com determinação, trazendo-a de volta desse estado melancólico — Precisamos buscar Nic na escola

— Oh, sim — eu me recomponho, voltando para o meu assento — Vamos pegar o nosso garotão.

•••

— Que tal uma volta no parque? — eu sugiro para Nic enquanto caminhamos pela rua, eu segurando sua mão direita e Lalisa a esquerda.

— Sim! — meu filho se empolga com a ideia de imediato.

— Nós não temos que voltar para empresa? — Lalisa arqueia a sobrancelha, dando um sorrisinho.

— Eu sou o chefe. Posso fazer tudo o que quero.

— Mas eu sou a funcionária. — ela sorri, provavelmente querendo apenas me desafiar.

— E esposa do chefe. — eu argumento de volta — Não se esqueça disso, é um detalhe importante.

— Não posso ficar me aproveitando disso.

— Tudo bem, mas além de você estar casada com o chefe, você está grávida do chefe. — eu faço um biquinho — Não pode se estressar com o trabalho, querida.

Ela revira os olhos, ainda sorrindo.

— Certo, vamos para o parque.

— Isso! — Nic comemora, nos puxando na direção do Central Park.

Mesmo no meio da semana, ainda se há uma movimentação considerável no parque e até mesmo algumas pessoas fazendo piqueniques debaixo das árvores. Nic praticamente nos guia por todo o caminho, balançando os braços e rindo alto quando Lalisa e eu o puxamos para cima, tirando seus pezinhos do chão.

Há um momento em que ele se solta e corre na direção da grama para brincar, mas sem sair do alcance da nossa vista. Minha mão rapidamente busca a de Lalisa, descendo por seu antebraço até que nossos dedos se entrelacem.

Nós caminhamos com passos curtos e calmos, sem alterar o ritmo e apenas aproveitando o tempo que temos ao lado do outro. Paramos para nos sentar em um banco debaixo de uma árvore, onde podemos ter a visão perfeita de Nic se divertindo.

— Faz muito tempo que eu não venho ao parque, sempre passo reto por aqui quando vou trabalhar. — ela revela, encostando-se no banco.

— Nunca tive muito tempo para isso. — eu também admito — Mas até que gosto.

A cabeça de Lalisa pousa sobre meu ombro enquanto seus dedos brincam com a palma da minha mão, para no final se entrelaçarem novamente com os meus. Eu sorrio sob seu toque, mas a dúvida sobre algo me atinge.

— Você está com medo?

— Não. — ela fala baixinho — Na verdade, sinto uma estranha sensação de paz.

— Mesmo?

— Tudo que eu preciso, eu tenho exatamente aqui. Não há o que temer. — ela me olha por um breve instante antes de desviar o olhar — Ah, olha só aquilo — Lalisa aponta com o queixo enquanto dá uma risadinha.

Eu sigo seu olhar e vejo Nic sentado na grama com um cachorro praticamente em cima de si, lambendo seu rosto freneticamente.

— Ele me disse que queria um cachorro.

— Disse?

— Sim — ela me olha de novo — Acho que pode ser uma boa ideia, sabe? Crianças com cães geralmente são mais felizes e desenvolvem responsabilidades.

— Posso pensar no assunto.

— Enquanto você pensa, vou salvar o nosso garoto daqueles lambeijos. — Lalisa se levanta, indo com passos apressados na direção de Nic, que ainda se diverte com o cachorro.

Eu a observo começar a interagir com o animalzinho também, e logo em seguida os donos se aproximarem pedindo desculpas.
Uma vibração repentina no bolso da minha calça me tira do transe, e eu o puxo para fora, atendendo a ligação imediatamente assim que vejo que é Namjoon.

— Nam?

— Você não respondeu minhas mensagens, eu precisei ligar. — ele diz, afobado.

— Aconteceu alguma coisa? — respondo, entrando em alerta ao perceber uma alteração em sua voz.

— Sim, seu advogado ligou. — ele faz uma pausa para limpar a garganta, visivelmente nervoso — Nós temos uma testemunha.

𝑴𝒆𝒖 𝑺𝒆𝒏𝒉𝒐𝒓 Onde histórias criam vida. Descubra agora