Dominated

Capítulo XIV

Boa madrugada anjos, vim aqui nas notas anunciar que estamos na reta final de Dominated, acho que só faltam mais uns 4 ou 5 capítulos! Espero que gostem da atualização de hoje e boa leitura.

AVISO: pode conter gatilho.

P.S: desculpem se tiver algum erro, terminei literalmente agora, prometi para essa madrugada e não deu tempo de revisar.

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A face de Lan Wangji não parecia mais tão serena, seus olhos preocupados mesmo que quase inexpressivos. Ele checou o espaço, rodeando os dois lados do local, Wuxian o imitou procurando sabe-se lá o que fosse, mas antes que pudesse voltar a fita-lo foi surpreendido com um abraço, os braços do professor rodearam sua cintura, agarrando-lhe fortemente enquanto o rosto descansava sobre a curvatura de seu ombro com o nariz entre o pescoço. Demorou um curto período de tempo processando o que acontecia com os olhos arregalados, todavia logo retrbuiu o aperto, desfrutando do cheiro inesquecível por alguns segundos.

— Precisamos conversar— disse Wangji afrouxando o agarrado e abrindo a porta do carro.— Entre.

Wuxian sentou-se no banco do passageiro do automóvel que já conhecia muito bem, suas jabuticabas olhavam o vidro da janela enquanto o céu escurecia e derramava algumas gotas finas, mais uma tarde de chuva. Voltou sua atenção para o mais velho que o observava paciente, sabia muito bem que lhe devia explicações e que era um tolo por não ter dito anteriormente, porém sua cabeça não o ajudava, seus pensamentos ainda queriam evitar contar, mas tinha consciência de que externar tudo do começo ao fim era o certo a se fazer.

— Lan Zhan, me desculpe— suspirou deixando que seu queixo caísse, desviando das íris amareladas.

— Não peça desculpas. Não sei o que Wei Ying está escondendo, mas se fez isso teve seus motivos.

— Oh...— sentiu a culpa instalar-se no peito, como pôde ser tão burro?— Na verdade tive medo— talvez a sinceridade fosse o melhor jeito de consertar as coisas.

— Medo?— Lan ajeitou-se sobre o banco.

— Sim— ergueu a cabeça novamente.— Lembra no dia dos brinquedos?— o viu concordar atenciosamente.— Xue Yang tinha tirado uma foto nossa, estavamos nos beijando no banheiro, então me desesperei. Eu sabia que se ele vazasse aquilo sua carreira seria destruída, eu expulso e nunca mais nos veríamos, decidi não te contar e pedi ajuda ao Xingchen, me desculpa, mas tive que falar para ele sobre nós e...

— Wei Ying— as mãos alheias haviam segurado as suas, que se movimentavam ligeiramente sem que as mandasse fazer isso— calma.

— Certo— os pulmões soltaram o ar que não sabia que prendiam e Wangji entrelaçou seus dedos, a palma quente o deu confiança, ele não estava bravo? Seu rosto não tinha muitos traços sentimentais, mas nenhuma mudança de uma expressão esbravejada fora detectada.— O Xue Yang abusava emocionalmente do Xiao, então nos ajudamos. Ele apagou a foto e eu o orientei a terminar o namoro com o traste e disse que ficaria ao lado dele a qualquer custo, só que as coisas deram errado e ele abusou do Xingchen... Fisicamente.

— Foi por isso que bateu nele naquela hora?— a voz estava seria, tudo que fez foi acenar positivamente.

— Me senti na obrigação de faze-lo sentir dor. Como fez o Xingchen sentir...

— Porquê?— Ele o fitava intensamente como se soubesse que guardava algo,

Wuxian sentiu o coração parar por alguns segundos, caso se explicasse teria que contar seu passado obscuro e temeroso. Odiava tocar em tal assunto, sentia-se frágil, mas os olhos e o toque do Lan o passava total confiança, talvez aquela fosse a hora.

— P-Porque eu sei como dói— sua garganta secou, algo parecia rasga-la por dentro.— Eu conheço a dor do Xingchen.

— Wei Ying...— A outra palma aninhou seu rosto, acariciando a maçã com o polegar. Ele era tão... Algo que o turbilhão de emoções dentro de Wuxian não conseguia descrever.— Se não se sentir confortável, não precisa.

— Tenho todo o conforto aqui, Lan Zhan— sorriu.— No passado, eu era muito novo e me envolvi com um garoto mais velho, o nome dele era Mo Xuanyu, nós nos conhecemos e tudo parecia as mil maravilhas até começarmos a namorar, eu não tinha ideia de como era um namoro, ele era meu primeiro e se tornou minha maior decepção. Depois de um tempo juntos percebi que ele vinha tentando me controlar, me tocando quando eu dizia que não queria, me forçando à fazer...

— Filho da puta— os olhos entrestecidos de Wei se esbugalharam no mesmo momento em que o ouviu xingar, ele sempre se surpreendia pois era engraçado ver seu professor falando na linguagem luxa.— Perdão, me exaltei.

— Tudo bem Lan Zhan, ele era— suspirou— então chegou o momento em que não aguentei mais e contei tudo para minha Shijie, ela me apoiou totalmente e contamos tudo para minha mãe que é advogada e hoje ele está preso. Graças a minha mãe.

— Sinto muito, Wei Ying não merecia ter passado por isso— sentiu um aperto maior nas mãos encaixadas como forma de conforto.

Seu coração batia acelerado dentro do peito, Lan Wangji era cativante. O moreno estava apaixonado por ele e disso tinha certeza, se não estivesse porquê faria uma confusão dessas? Seus olhos tão escuros quanto as nuvens daquela tarde encaravam o clarão dos sóis do outro, até as íris eram um completo oposto, mas que se atraiam imensamente em qualquer rachadura de tempo que desse.

— B-bem, foi por isso que quis ajudar o Xingchen, ele também não merecia, ninguém merece— suas bochechas estavam quentes, mesmo naquele frio repentino.— Me desculpe por não ter contado antes Lan Zhan, eu não sei o que deu em mim.

— Wei Ying— mais umas vez ele chamava seu nome, porém só nessa percebeu o quanto sentiu falta da voz aveludada o chamando.— Não se desculpe, eu entendo, também não saberia o que fazer se estivesse no seu lugar, mas não esqueça que nossa base é a confiança, não só para aqueles momentos...

— Er-Gege.

— Mm?

— Não vou esquecer— fez a expressão mais dramática que conseguiu quebrando aos poucos o clima de seriedade que pairava ali.

Lan Wangji tinha soltado um de seus raros sorrisos com os dentes a mostra e lábios esticados. As bochechas cheinhas deixavam as covinhas visíveis em cada canto da boca, os olhos de Wuxian não se recordaram de ter visto algo tão lindo quanto o sorriso dele, espontâneo e doce, o deixava com um ar tão leve quanto brisas de verão ou ventanias antes de uma precipitação. Perguntou-se se mais alguém tinha a oportunidade de vê-lo, pois se sentiria muito privilegiado se fosse o único, ele queria ser o único.

— Lan Zhan— o encarou encantado.— Posso me apaixonar pelo seu sorriso?

As gotas de chuva sobre o teto do carro eram ensurdecedoras agora que haviam ficado mais pesadas, contudo Wangji escutara muito bem o que o moreno tinha dito. Dessa vez era no estômago dele no qual as borboletas voavam, talvez fossem mariposas pela agressividade e intensidade que vinheram, sentia-se um adolescente ao lado do mais novo.

Sem que respondesse, sua mão livre agarrou cautelosamente a nuca alheia e, aos poucos, o guiou para perto do próprio rosto, as respirações quentes se misturavam no ar gélido, as bocas se aqueciam a cada centímetro que aproximavam. Ambos fecharam os olhos, que antes pareciam se interligar através de um fio invisível, e Wuxian também levou sua palma aos fios longos da nuca do professor, as testas se encostaram úmidas e os narizes roçaram uns nos outros, talvez desfrutassem dos perfumes se misturando ou intensificassem propositalmente um desejo pelo ósculo.

Então, de um modo quase brutal, Wangji cobriu os lábios do moreno com os seus,  selando-os rapidamente e logo após os beijando de forma lenta e sútil, quase que exploradora, pois sua língua pediu passagem tão naturalmente que Wuxian nem sequer teve tempo de ceder, era como se repsondessem automaticamente aos atos, de um jeito bom e reconfortante. É uma pena que beijos tenham fim, mas aquele de fato poderia levar o título de beijo clichê, ou mais que isso pois foi tão mágico quanto os de conto de fadas.

— Pode— respondeu Lan ofegante ainda com as testas juntas.

— O que?

— Wei Ying pode se apaixonar pelo meu sorriso. Já me apaixonei pelo seu há muito tempo.