CAPÍTULO 4 - Uma terna esperança

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"Eu não estou procurando por alguém

Com dons sobre-humanos, um super-herói

Uma felicidade de conto de fadas

Apenas algo para que eu possa recorrer

Alguém que eu possa sentir falta

Eu quero algo assim."

(Something Just Like This – Coldplay)

Desci do ônibus no ponto que ficava bem próximo ao meu prédio. caminhei em direção ao prédio já imaginando em contar a novidade ao Almeida e à Carmen. Eram as únicas pessoas que eu conhecia ali, além do Bernardo. Havia me aproximado bastante da Carmen naqueles dias.

Quando eu já chegava em frente ao prédio, um veículo Uber estacionou bem perto. Pude perceber uma certa confusão. O motorista já descia para ajudar o Bernardo que estava super atrapalhado com várias malas e para minha surpresa, um bebê de aproximadamente 6 meses em seu colo, vestidinha com um lindo macacão cor de rosa e uma tiara branca no cabelinho que já enrolava nas pontas como se fosse cachear, a coisa mais linda de se ver.

Não entendi bem o que significava aquilo, mas quase que instintivamente corri para ajudar também, pois tanto Bernardo, quanto o motorista pareciam não saber como segurar o bebê adequadamente.

Cheguei perto, cumprimentei o Bernardo e peguei uma das malas:

— Me deixe te ajudar!

— É, realmente não posso recusar. — Bernardo sorriu sem graça.

Almeida liberou o portão e entramos no prédio sem falar mais nada.

Fiquei muito curiosa, porém com vergonha de perguntar de quem era aquele bebê sonolento no colo dele, mas algo me despertava uma desconfiança.

Carmen estava limpando o salão de entrada que dava acesso ao elevador, quando viu a comitiva cheia de malas e o carrinho de bebê. O motorista do Uber entregou o restante da bagagem ao Almeida que veio nos ajudar também.

— Finalmente! — disse Carmen muito empolgada, já tomando a neném loirinha do colo de Bernardo — eu estava ansiosa desde a hora em que o Carlos me contou que você ia buscar a Bebel para morar definitivamente aqui.

Fiquei confusa. Então, a neném é a Bebel?

Todo esse tempo eu imaginei várias possibilidades para aquele nome e no final, nunca pensei que poderia ser uma criança, ou melhor, um bebê. Mas e a mãe dela, o que houve com ela? Minha mente não pôde parar de fazer suposições. Será que a neném foi abandonado pela mãe? Bernardo é pai solteiro? ou a mãe ainda estava para chegar? Esperava que logo alguém me explicasse, pois, a minha timidez não me deixava questionava.

— Isso mesmo, dona Carmen! De agora em diante vou importunar muito você. Sabe disso, não é?

— Ah, menino! Estou louca por essa importunação. Sabe o quanto eu amo crianças. E pare de me chamar de "dona" que aqui eu sou dona só do porteiro!

Todos riram da brincadeira. Almeida entrou na conversa também muito animado:

— Essa chega a babar quando vê um bebezinho!

— Ainda não tive os meus, mas estamos programando para o ano que vem não é senhor Carlos Almeida? Afinal, meu tempo está se esgotando e esse malandro não me deu um filho ainda — falou em um tom de deboche.

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