Jean

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Depois que vitória subiu minha ficha caiu.
Em meus 36 anos de vida eu nunca me senti assim. Era como se eu estivesse vivendo meu primeiro amor.
Eu já tive vários relacionamentos que na maioria das vezes nunca duravam, mais de quando vitória chegou, foi como se eu me despertasse pro novo.

Todos gostavam dela. Ela era dedicada a fazenda e a nossa família como se sempre tivesse feito parte dela.
A impressão que eu tinha é que meu coração e minha família só estavam esperando por ela.

Era destino.

Eu estava entregando meu coração a ela sem reservas, sem amarras, e queria que ela também fizesse isso. Mas eu não podia esperar o mesmo dela, eu não tinha traumas, eu não tinha gatilhos, seria egoísmo da minha parte.

Quando nos beijamos meu corpo todo se acendeu. Todo homem fica excitado ao beijar a mulher que deseja, mas aquilo não era só desejo, as sensações, os sussurros, as batidas frenéticas do meu coração indicavam o quão apaixonado eu estava.

Eu queria que vitória ficasse comigo.
O impulso em dizer o que eu sentia me fez bem afinal, porque eu me sentia leve.
E por isso eu ia protege-la a todo custo.
Tenho certeza de que ela também não voltaria pra onde ela estava, ela não tinha motivos já que agora eu disse que tiraria as duas mulheres que ela amava das mãos daquele monstro.

********************

Passaram-se alguns dias.
Quatro pra ser mais exato e meu relacionamento com vitória andava de um jeito que eu nunca imaginei.
Ela evitava ficar sozinha comigo, porque todas as vezes em que nos beijamos nossos corpos respondiam de uma maneira que a assustava.
Eu estava entendendo que tudo entre nós era novo pra ela, então estávamos evitando deixar chegar no meu limite, porque vitória era contida, e eu era o louco de tesão.

Eu trabalhava normalmente e ela também, como era antes, ao longo do dia, quando eu a via, eu roubava um beijo ou outro pelos cantos da casa.

Todos na fazenda já haviam percebido alguma coisa embora ninguém falasse.

Vitória não saia das imediações da fazenda.
Quando ela precisou de alguma coisa na cidade eu busquei, mas eu não me sentia bem fazendo isso.
Queria resolver logo a situação dela, a impressão que eu tinha é que eu estava mantendo ela em cárcere privado.
Então comecei a mexer uns pauzinhos.

Procurei um advogado.
Ele estava me ajudando em tudo o que eu pedia.
Apesar de não portar nenhum tipo de documentos consigo quando chegou, nós conseguiríamos tirar uma segunda via de tudo.

Pedi também para que meu advogado contatasse alguém para investigar a vida desse augusto, que segundo vitória era envolvido com alguma coisa que ele escondia dela, e se era escondido, não era bom.

Fora a agressão que meu advogado disse que se tivéssemos algum tipo de depoimento das outras duas mulheres, ele acrescentaria mais uns dias na cadeia. Meu erro foi não ter feito exames de corpo de delito em vitória, eu devia ter insistido, ou pedido pra minha mãe insistir já que eu não tinha intimidade. As leis para esse tipo de conduta masculina só funcionam se a vítima estiver machucada ou morta, infelizmente, esse mundo é uma desgraça.

Eu estava resolvendo tudo mas algo me dizia que eu tinha que contar apenas com as facetas do meu advogado e com vitória, a mãe e a irmã dele não ajudariam, eu tinha quase certeza disso.

Com os seus documentos em mãos e provas de algum trabalho ilegal e de agressão, seria fácil coloca-lo atrás das grades e assim dar paz a vitória.

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Eu estava no meu escritório um dia a noite após o jantar quando ouvi a porta se abrir.
Era vitória devolvendo um dos livros que tinha pego pra ler e se surpreendeu ao me ver ali, já que eu não tinha costume de trabalhar a noite, mas era por ela que eu fazia ultimamente.

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