Capitulo 5

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      Vale 562, era onde a central do Departamento ficava localizada em Verilian. Era um imenso vale com várias bases militares tanto de alojamentos quanto de locais de reuniões e etc. ou seja onde decidiam as coisas. Eram prédios baixos de no máximo dois andares todos brancos ou verde musgo, tinham vários carros do governo andando por lá, e no fim do vale havia um prédio maior que ficava de frente para a entrada, lá era a sede principal do Departamento a EAD, tinha mais de 1000m^2 era onde ficavam os chefões do lugar, Kalía e Sora, fora alguns outros superintendentes grandes.
   Vou com meu carro até quase o fim do vale, perto do prédio, nos estacionamentos. Não entendo direito do por que me chamaram já que Sora não fez o favor de dizer.
"Venha ao D.P." E desliga na minha cara. Qual é? Não é assim que se trata ninguém por mais deprimente que a pessoa seja. Não que eu seja mas .... Você entende o que eu quis dizer.
   Entro no prédio e me deparo com o lugar quase todo vazio, apenas alguns recepcionistas e outros guardinhas fora de área. Era até comum ter poucas pessoas lá mas da maneira que estava bem... eu comecei a me preocupar,  já que eu sei que a grande maioria ficou furiosa comigo depois de tudo até mais que os Ruby's, não só comigo como com Kalía também, já que foi ela que me interrogou, e como eu disse, ela reconhece um mentiroso a quilômetros. Ela não viu nada em mim, justamente por que eu não menti. Mas o pessoal não gostou do que ela fez "me liberar com restrições", a maioria tinha ficado do lado de Sora que queria minha prisão por espionagem, traição e outra coisa que ele tinha inventado. Mas como a sorte aceitou o pedido de Kalía, fui liberada.
   Mesmo assim algo em mim estava inquieto, poucas pessoas, o lugar quieto, estava me deixando assustada, estava começando a achar que era uma armadilha ou algo do tipo. O pavilhão de entrada era enorme com janelas dos lados e cadeirinhas para se sentar enquanto esperava. As mensagens de Sora mandavam eu ir para dentro do prédio, para uma área chamada "Invisível". Eu não sabia onde era, mas na segunda mensagem dizia para eu ir para o escritório de Kalia, de onde eu iria seguir.
   Eu havia ido umas duas vezes nele, era uma grande sala com uma mesa e poltrona em que ela ficava, havia uma janela enorme com algumas persianas, quadrinhos nas paredes de pinturas do México e Brasil, sofás de dois e três lugares e um tapete laranja pôr do sol no chão. Quando entro no lugar me dou de cara com Sora que estava me esperando...
   Ele era um velho de guerra alto, bem apresentado, usava fardamento militar, que contrastava com a barba e cabelos brancos, usava um óculos de sol, estava encostado na mesa de Kalia - isso não tá me cheirando bem - de braços cruzados.
- Bom dia, senhor. - digo
- Se realmente fosse não precisaria ter te chamado, não é mesmo?
- Sim senhor. - grosso !!
   Ele suspira e começa a andar em minha direção, sai da frente quando vi que ele não ia desviar de mim.
- Venha. - ele segue em direção a uma parede com algumas telinhas, lá ele move uma para o lado e um pequeno buraco.
  Ele tira do pescoço um cordão bem fino com dois pingentes, um parecia uma pequena fechadura com entrelaces pratas, já a outra era uma chave minúscula com os mesmos detalhes e uma mini padrinha.
  Ele coloca o primeiro pingente no lugar e depois insere a chave. Uma porta de metal como um elevador se forma na nossa frente. Portas secretas não me impressionam como antes, trabalhando como trabalho sempre vi esse tipo de esconderijo. Entramos no elevadorzinho, lá dentro havia um painel com seis andares. Sora apertou o terceiro andar. E descemos.
- Pergunta?
- Não. - ele responde sem pestanejar
- Mereço saber se estou indo para a forca, sabe. Só para desencargo de consciência.
- Você acha que merece a forca?- ele indaga
- Não. Claro que não. - respondo movendo os ombros. - Você por outro lado. Sim.
- Sim, eu acho.
    Então pergunto novamente.
- Então por que eu tô aqui?
- Por que a Kalia resolveu te dar uma segunda chance.
- Fico lisonjeada - sussurro.
- Fique mesmo, por mim estaria em Simira a meses.
- Mas só faz um mês que você descobriu. Por que a meses?
- Há, trabalho ilegal.
- Você me contratava, então você também iria, certo? Ou isso só se aplica a um lado da moeda?
     Nessa hora a porta se abre para um corredor brancos com várias outras portas e alguns corredores. Vamos andando e percebo que todas as salas têm todo tipo de coisa, de armaduras feitas com jade, cristais de força, a salas de cafezinho e bate-papo.
- Eu posso usar as salas de cafezinho? - pergunto.
     Ele me olha torto com as narinas se dilatando, ou seja, NÃO. Paramos em uma porta com uma janelinha de vidro meio fosca, antes dava para ver mais ou menos três pessoas lá dentro.
    Quando entramos me deparo com cinco. Dois usando jalecos de enfermagem, - um deles é o Raul se eu não me engano - um com trazendo bolsas de sangue - que não conheço. Na mesa de cirurgia tem um homem um pouco mais velho que eu com um pano estendido na sua frente para ele não ver o ferimento, ele ainda estava acordado conversando com Kalia isso era bom, significava que não poderia ser tão ruim assim.
    Kalia estava em pé do lado dele mantendo acordo, ela usava coturnos pretos com uma calça militar escura e uma blusa regata branca, tinha o cabelo em um coque alto. Quando ela me vê, conversa algo com o paciente e vem ao nosso encontro. Ela tinha a pele morena um pouco mais escura que a minha com cicatrizes mais claras nos braços e colo. Isso não a deixava menos elegante, tinha olhos mais alongados verdes claros, lábios fartos, tinha algumas pintinhas pelo rosto, as sobrancelhas arqueadas davam ao rosto um ar alongado bonito.
- Bom dia. - ela sorri pra mim.
- Bom dia - respondo.
- Você veio rápido. Estava na cidade?
- Sim, vim resolver umas coisinhas. - minto
- Deram certo? - ela pergunta
- Sim, tudo certo.
- Ótimo, venha. - ela me guia para perto do homem.
  Chegando perto consegui dar uma olhada melhor no ferimento. Haviam perfurações em seu torso que expeliam um suco preto esverdeado - veneno - alguns em seus braços estavam estancando mas ainda vermelhos do ácido. Os dos braços eram vermelhos, como se algo urticária tivesse penetrado, já os do torso eram brutos como se algo tivesse ficado fincado.
- Já retirados alguns dos espinhos. Mas não param de soltar esse negócio verde. - Kalia fala mexendo as mãos sobre o corpo do homem.
- Espinhos?- pergunto olhando rapidamente.
- Sim... por que ?
  Reparo mais de perto os ferimentos olhando para os do braço e os do torso. Nessa hora um deles expeli um pouco e eu desvio.
- Porque os ferimentos do braços e torso são de pessoas diferentes. - digo
- Porque você acha isso?
- Os do braço parece ser de urticária, ou algo que de alergia - chamou os dois para o meu lado - vocês vêem como são vermelhos, como as perfurações são mais finas. - olho em direção do torso - Já os daqui não, são brutos, como cortes rápidos, não tem vermelhidão e expelem mais veneno. - Vou para o lado da cabeça do homem e pergunto - Oi, amigo, ainda ta vivo?
- Oi... - ele responde arrastado - você é a médica?
- Sim, e responda rápido. Sabe se foram mais de uma pessoa que te atacou?
- Não sei direito. Sei que eu senti um formigamento nos meus braços, e depois de um tempo não consegui mais ver direito, então eu senti ficar frio e quando eu vi ... já estava no chão.
- Entendo, tente ficar acordado por favor.
- Não sei ... se consigo ... por mais tempo. - Ele ia fechando os olhos então me apressei.
Comandante, - Kalia suspira - A questão aqui é a seguinte, temos que cuidar, primeiro em descobrir o tipo de urticária que foi aplicado nos braços, segundo precisamos de antídoto para veneno de escorpião, quando tudo for aplicado, eu começo a trabalhar para curar os ferimento.
- Por que só quando for aplicado? - pergunta marcos
- Porque? Simples, se eu curar ele agora os venenos entram no corpo e ele morre do mesmo jeito.
   O homem começa a sussurrar.
- Não posso morrer, o aniversário do meu cachorro é essa semana.
- Acho melhor você procurar logo os antídotos, ou o cachorrinho dele vai ficar sem presente. - Digo a Marcos.
   Ele olha para mim com um ar de superioridade, então Kalia fala. 
- Vá atrás. - Kalia diz
- Comandante?- pergunta Marcos rápido.
- Sim?
- Acho que os outros enfermeiros podem fazer isso, não? - ele diz
- Melhor você, Raul e Paula estão com a enfermaria hoje, CJ está no sangue então estão ocupados. - ele continua sem entender -  Vamos cooperar hoje, certo. Não podemos perdê-lo.
   Então ele vai saindo e eu pergunto a Kalia.
- Comandante, eu posso usar a sala dos cafezinhos, depois?
   Ela me olha confusa.
- Claro, por que não.
- Ótimo.- digo feliz
  Marcos me fuzila com os olhos, depois sai da sala.
  Kalia caminha até mim com os olhos cerrados.
- No que foi que eu me meti.
- Ele não deixa eu tomar cafezinho aqui.
- Aí você me usa?
- Sim.
- Você é  horrível. - ela fala pra mim incrédula. E dá um sorrisinho.
- Agora fala sério Kalia. Porque me trouxe aqui se o caso era tão simples?
  Ela vai para uma mesa que tem na sala e senta em um banquinho. Na sala agora só tem nós duas. O paciente tinha sido levado para a ala de antídotos junto com os outros enfermeiros.
  - Simples pra você né. Chamamos três médicos e os três quase mataram o cara. - Ela apoia o cotovelo na mesa e coloca a mão na cabeça.- Marcos não queria te chamar.
- Deu pra ver. -digo
- Suas "coisas" foram resolvidas?
- Sim - meio desconfortável
- Não minta novamente. - ela diz - foi fazer trabalho pros Ruby?
  Engulo seco.
- Fui. Não conta pro Marcos por favor. - Eu imploro.
  Ela esfrega a mão na testa.
- Não vou contar, temos um acordo, lembra?
- Sim. Claro que agradeço aos dois por terem feito ele.
- Tem mesmo. Mas eu me sinto como a irmã do meio defendendo a irmã mais nova do mais velho.
- Que ... tá louca, eu irmã daquele velho, credo. - Faço cara de nojinho.
- Não fale assim dele. Mas e aí, deu tudo certo por lá?
- Deu sim.
  Ela me olha distante e suspira se encostando para trás.
- Eu sei que você não gosta que eu trabalhe para eles, mas é que ... - eu começo a me mexer desconfortável com a conversa.
- O dinheiro é bom? Mais que o nosso?
Deixo meus braços caírem do lado do corpo, depois cruzo-os, e me sento na outra cadeira.
- Você sabe que não é isso?- Ela põe as mãos na mesa e diz :
- Então é pelo Sage?
- O QUE? Tá doida de vez? - Me mexo ainda mais desconfortável- Pra que eu fui te dizer aquilo. Meu Deus.
  Ela ri apoiando a mão no queixo. Se era para constranger ... então tá.
- Como foi seu encontro esse fim de semana? - pergunto
- Desgraçada. - o sorriso dela se desfez
- Vou você que meteu homem no meio. Mas sério... - digo sorrindo - como foi?
- Ela me olha de uma maneira tão crua que eu não contenho a risada.
- Foi tão ruim assim?
- Ele só sabia falar da mãe ou da ex! - ela me olha desesperada
- Credo.
- Pois se - ela fica mais relaxada - já é o quinto que eu saio só esse mês. E nenhum deles foi realmente bom, eles só querem falar do meu trabalho e como eu não estou indo bem , eu ficam falando esse trabalho não é pra mim, e como esse último ele era fã da ex. - ela arregalou os olhos - o que eu faço?
- Compra uma passagem de férias para Acapulco, é vai pegar uns mexicanos. - digo seria.
- Quem dera eu pudesse - ela ri.
  Ficamos em silêncio um pouco, então pergunto.
- Por que diabos você meteu o Sage nessa história?
- Ora, ele estava na sua mente, você não estava preocupada com o fato de ter ido ajudar os Ruby, tava mais com o fato de ter conversado com ele. - isso era verdade - Por que?
- Por que ? O que ?
- Por que estava preocupada com ele? Ele não fez nada não né
  "Como se diz para sua amiga que sua linhas que você usa para curar as pessoas, acham o inimigo dela o maior gato dessa terra"
- Como é que ?
- Falei alto?
- Sim. Elas não me acham bonita não?
- Sei lá.
  Escuto passos no corredor, e pelo visto Kalia também então ela fala rápido.
- Cuidado com o Marcos, eu não contei a ele nosso acordo, então fica atenta que eu não vou poder interferir muito nas próximas.
   Quando ela termina os enfermeiros entram um o paciente, sua cor já estava bem melhor e os ferimentos pararam de sangrar.
   Eles olharam para mim, e eu me levantei, peguei minha malinha e abri, as linhas começaram a flutuar ao meu redor, e então comecei a trabalhar. Foi um trabalhinho até bem demorado, suas perfurações eram fundas e a carne dele estava bem desgastada pelo veneno, mas ele ia ficar bem.
   Quando terminei de uma passada rápida no cafezinho com Kalia e fui para casa.

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