Virgínia abriu os olhos e se assustou quando viu o teto rústico de madeira envernizada, sobressaltada ela caiu da cama em um baque no chão também de madeira.
A porta se abriu repentinamente:
–A senhorita está bem? – Era Joana, a empregada doméstica da casa.
–Estou bem Joana, é Joana seu nome não é?– Virgínia perguntou com o sotaque carregado do português de Portugal.
– É sim senhorita– a mulher abanou o vestido preto e ajeitou o avental amarelo– estava lavando suas roupas, desculpe! A senhorita quer que eu te traga o café aqui na cama?
Ou no chão. Joana pensou.
– Não se preocupe com isso Joana, e me chame de Virgínia por favor! Só me diga o que terá no café da manhã.
– Sim senho..., digo, Virgínia. Tem bolo de fubá com geleia de caju, suco de acerola, café puro, leite fresco e pão de queijo– disse a mulher pegando as roupas de cama e uma toalha suja do quarto, em seguida saiu e deixou Virgínia ali no chão.
A essa altura ela já havia se sentado na beirada da cama e juntado os joelhos ao tronco. Uma luz entrou pela fresta da janela de madeira e iluminou seu rosto branco, Virgínia estreitou os olhos e se olhou no espelho que ficava do lado da cama, estava bonita naquela manhã, diferente de todas as outras manhãs que passara em Portugal. Sorriu para si mesma ao ver a pele branca hidratada, tal como o cabelo castanho ondulado, até os olhos azuis pareciam mais vivos.
Virgínia chegou a cozinha usando um jeans e uma camisa xadrez azul e foi surpreendida pela entrada de um homem, extremamente charmoso, e se sentindo á vontade este pegou a garrafa de café e se serviu.
Ela o encarou:
– Com licença moço, essa é a minha cozinha...
–Perdão senhorita– o homem tinha a voz aveludada de um perfeito cafajeste– eu tomo café aqui todos os dias desde que me mudei para Vilhinha querida.
O homem sorriu, um sorriso de canto de boca que fazia qualquer mulher cair a seus pés, exceto Virgínia que estava irritada:
– Pois bem, isso acaba aqui! Essa é minha casa e o senhor, que eu não sei quem é...
–Onde estão meus modos não é mesmo?!– o homem a interrompeu– sou seu capataz, Túlio, encantado– este a tomou pela mão e lhe beijou ali.
–Túlio? Meus pais não falaram de nenhum Túlio, desculpe, o senhor terá que sair.
–Calma bela moça! Meu pai trabalhava aqui, ele era capataz do Alcântara, seu pai certo?– Virgínia assentiu– Meu pai morreu a um tempo e hoje eu trabalho para vocês no lugar dele. Só isso meu bem!
– Ah! Ótimo! Então vamos estabelecer algumas regras aqui– disse ela sentando–se a mesa– meu nome é Virgínia, dona Virgínia para o senhor, seu trabalho é lá fora então seu café será lá também, traga de casa.
Túlio a encarou de forma intimidante, porém Virgínia permaneceu com o rosto impassível.
–Olha que moça durona, é a primeira a resistir a mim!
–Ora! Vamos! O senhor tem quantos anos?
Túlio ofendeu–se.
–43, e muito bem conservado dona Virgínia.
Virgínia riu:
– Vá trabalhar Túlio!
Lá fora as cachoeiras da fazenda faziam um barulho que tapava até mesmo os mugidos das vacas no curral que ficava a 30m da casa. Ainda era a "época das águas", janeiro, todas as nascentes estavam vivas e fluidas, a pastagem e o cerrado verdes em sua melhor tonalidade e a terra fértil.
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Padre Antoine
RomanceVilinha é um simples povoado de Goiás, após a morte do padre Pontes, um novo padre é destinado para fazer o serviço religioso do local. Este novo padre é Antoine, um antigo morador do povoado e filho de uma das senhoras mais ricas da região. Antoine...