Capítulo 12

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Rosinha varria a calçada da casa dos Ludovico. Seus enjoos haviam melhorado significativamente, ainda não era uma melhora de 100%, mas sentia-se bem o suficiente naquela manhã de quinta-feira. A mocinha usava um de seus vestidinhos floridos e uma trança sobre sua cabeça que pensava em seus pais, sentia falta deles, mas nunca mais os veria. Os pais de Rosinha haviam morrido em um acidente quando ela tinha apenas 6 anos de idade, eles viviam felizes na capital até aquela tarde, uma tarde que Rosinha queria esquecer e apagar de sua memória. Se lembrava de ir morar com a avó que trabalhava em uma fazenda próxima a capital, lá ela conheceu os pais de José Ludovico e seu irmão mais novo Vandir. Lembrou-se do dia que completou 15 anos e conheceu Juliene, sua patroa, a mulher que lhe convidara para morar em Vilinha e trabalhar em uma das casa dos Ludovico, em uma terra cedida à Igreja Nossa Senhora de Assunção e administrada pelo filho mais velho deles, uma terra muito valiosa para essa família, por algum motivo de conquista sobre outra família da região. Na época ela não se preocupou com essa briga de famílias, mas desde que a senhorita Alcântara voltara para o povoado, Rosinha passou a pesquisar acerca em alguns diários velhos que Túlio guardava.

Pensar em Túlio fazia seu coração disparar, ele era sim um homem mais velho, afinal, ela tinha 17 anos e não conhecia nada da vida, mas Túlio havia lhe mostrado várias coisas novas, lhe prometido viagens, roupas e talvez levá-la para longe de Vilinha. Ela não odiava Vilinha, mas a ideia de conhecer lugares novos lhe fascinava.

—Estou atrapalhando?—era sua patroa.

Rosinha foi retirada de seus pensamentos.

—Não, senhora Ludovico—ela encostou a vassoura na parede da casa— só estava varrendo.

—Eu vi—Juliene se aproximou dela—você está se sentindo bem hoje?

—Sim, senhora—a menina sorriu.

—Rosinha,—Juliene estava séria—precisamos conversar...

Rosinha sentou-se no banco de madeira que ficava próximo a janela da cozinha. Juliene fez o mesmo.

—Suas regras desceram?—Juliene foi direto ao ponto.

Rosinha arregalou os olhos.

—Eu...eu...por que a senhora está perguntando isso?—os olhos da menina já estavam marejados.

—Rosinha, me ouça..

—Não. Não quero ouvir—ela se levantou abruptamente do banco.

Juliene agarrou o pulso dela, sem se levantar, deu um safanão na garota fazendo ela se sentar de volta.

—Senta! Ainda não terminei de falar com você, Rosa Maria!—Rosinha estava chorando—E pare de chorar menina! Me ouça...

Rosinha limpou as lágrimas com as mãos delicadas, apesar dos trabalhos domésticos, Rosinha tinha mãos macias.

—Me diz Rosinha: você menstruou esse mês?—Juliene perguntou, indiferente as lágrimas da mocinha.

—Não, senhora...

—Você pode estar grávida, Rosinha?

—Como eu vou saber, patroa?

—Você dormiu com Túlio, Rosinha? E não minta, eu não vou perguntar de novo.

—Dormi.

Juline respirou fundo e passou a mão pelo rosto, impaciente. Em seguida se levantou do banco e foi em direção a porta para entrar, Rosinha a impediu:

—O que a senhora vai fazer?

—Precisamos ter certeza né?!

—Mas se eu estiver grávida...?

Padre AntoineOnde histórias criam vida. Descubra agora