Capítulo 5

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Antoine desceu do avião e seguiu para o salão de embarque e desembarque acompanhado de Juan, um garotinho gordo ruivo com sardas. Antoine usava sua uma calça social acompanhada de uma camisa branca de colarinho alto, o cabelo castanho em corte casual e recatado enquanto a barba estava por fazer.

Uma mulher sentada em uma cadeira de espera o observou de cima a baixo, desconcertado ele passou a mão desajeitada sobre o peitoral musculoso e segurou a Bíblia Sagrada com mais força perto do corpo. A mulher entendendo o recado cruzou as pernas e levantou a blusa afim de tapar o decote que havia deixado a mostra. Antoine sentou–se ao lado dela e Juan o seguiu, fazendo um comentário:

–Estoy hambriento sacerdote!

– Juan, só português aqui– Antoine o repreendeu e a mulher do decote olhou para eles.

–Ah! Si... Digo, sim– desculpou–se o menino envergonhado– língua errada.

–Não tem problema, mas não repita.

Nesse instante um homem negro e alto prostrou–se na frente da mulher, esta se levantou e saiu com o homem. Antoine reparou que ambos usavam aliança e reprimiu o pensamento acusador que transpassou sua mente e respondeu Juan:

–Sua fome será sanada quando chegarmos a nosso destino garoto...

Nesse momento Túlio entrou no salão e acenou para Antoine que levantou–se rapidamente e puxou Juan junto. Juan carregando as malas atrapalhou–se um pouco, mas Antoine o ajudou com uma mão.

–Túlio! Que prazer em vê–lo! Um rosto familiar finalmente– Antoine o cumprimentou.

–Benção seu padre?– Disse Túlio ironicamente.

Antoine ficou desconcertado:

–Não seja patético Túlio! Eu sou apenas Antoine, o garoto que você ensinou montar cavalos– ele estendeu a mão– é um prazer revê–lo!

Túlio correspondeu ao cumprimento e apertaram as mãos. Também cumprimentou Juan desconfiado:

–Quem é o garoto?– perguntou.

–Juan, meu futuro padreco– ele sorriu– meu coroinha e um grande amigo.

O menino sorriu.

–Vamos então, sua mãe está em cólicas para vê–lo – apressou Túlio.

E então seguiram para a caminhonete lá fora. Antoine estava morrendo de saudades de sua mãe e morrendo de medo de como aquela chegada traria lembranças terríveis, sobretudo de Juliene. Ela havia se casado, ele sabia, mas como reagiria a esse reencontro? Como reagiria vendo–a todos os dias, sendo que iam morar praticamente na mesma casa? Ele sabia que ia passar por grandes momentos dali em diante.

Afastando os pensamentos abraçou levemente Juan que estava sentado entre ele e Túlio, e comentou:

–Como estão todos?

Túlio pigarreou:

–João Humilde está o mesmo, sua mãe está ótima, nos preparativos para a festa...

–Festa? O que?

–Festa de boas vindas para o senhor.

Antoine olhou fixamente para a estrada e balançou a cabeça em negativa.

–Juliene está bem...– comentou Túlio.

–Não Túlio, não vamos falar sobre Juliene, por favor.

–Sim senhor– respondeu o homem da forma mais cafajeste possível ,e seguiram viajem sem muita conversa dali para frente.

...

Padre AntoineOnde histórias criam vida. Descubra agora