Chapter 7

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Uma figura alta adentrou o prédio branco da Marinha dias depois, ajustando sua gravata branca. Rosinante havia retornado mais uma vez da Família Donquixote e caminhava dentro do QG silenciosamente, seus passos abafados pelo carpete. Erguendo uma das mãos o loiro reposicionou o cigarro em seus lábios pensativo, mentalmente repassando as tarefas do dia em sua mente. Como sempre teria que conversar com Sengoku e então passar um tempo escrevendo seus relatórios sobre a missão, além de sua nova rotina de passar tempo com a tenente Maridia. Ele não via a hora de poder voltar e vê-la outra vez nos corredores, ver Maridia sorrir e conversar com ela. Inconscientemente o Comandante sorria para si mesmo conforme andava, pensando consigo mesmo se mais cedo ou mais tarde esbarraria nela carregando alguma papelada ou equipamento sendo sempre eficiente e dedicada. Não deveria ser incomum encontrá-la àquela hora da manhã já trabalhando, e já que Rosinante tinha acabado de voltar de sua missão ele esperava ver o seu sorriso ao revê-lo. A perspectiva daquilo fazia com que seu coração palpitasse esperançoso e cheio de expectativa.

Surpreso no entanto, o Comandante alto piscou lentamente levando seu olhar alguns metros à frente. Ouvia pessoas falando na curva de um corredor.

Com seu cigarro aceso deixando uma fina trilha de fumaça, Rosinante caminhou naquela direção. Uma das vozes que ouvia era inconfundível.

– Já disse que não.

– Ora vamos, eu não tenho o dia todo! Não é para isso que você está aqui??

O loiro piscou outra vez, a alguns metros da curva da qual vinha a conversa.

Um soldado da marinha musculoso e de bigode falava com o tom insistente e aborrecido. Seu colega ao lado dele, um soldado careca com o chapéu da Marinha na cabeça, segurava uma pasta grossa recheada de papéis.

– Quebre esse galho pra nós, docinho. Eu tenho certeza que você não tem nada mais importante para fazer... – O bigodudo zombou com um sorriso debochado.

Maridia, de braços cruzados, não parecia inclinada a ceder. Seus olhos verdes reluziam com objeção. – Ah, mas eu tenho sim. O meu trabalho. O que vocês deviam estar fazendo com o de vocês!

O careca bufou sem paciência.

– Eu tenho serviços mais importantes do que ficar fazendo lição de casa! Nós, homens de verdade, temos coisas de homem para fazer!

– Vamos logo, boneca – O de bigode se inclinou na direção dela e Maridia o olhou com lâminas no olhar, como se o desafiasse a se inclinar mais. Ele não pareceu intimidado. – Faça esses relatórios pra nós. Vai fazer da sua vida e da nossa mais fácil... Afinal de contas, mulheres tem que cuidar dessas coisas.

Rosinante sentiu seus punhos estremecerem aos que os cerrou com muita força.

O tom de Maridia era igualmente aborrecido e parecia muito irritada. – Nem se eu quisesse eu faria isso por vocês! Como posso escrever relatórios de missões em que nem participei, seus primatas??

O bigodudo bufou pelo nariz e empurrou bruscamente a papelada para os braços da tenente, fazendo-a titubear para trás de leve. – E por isso você está aqui dentro e não lá fora, como os soldados de verdade! Não presta nem para cuidar da papelada enquanto nós estamos lutando contra perigos de verdade!

O aperto de Maridia na pasta se intensificou e ela cerrou os dentes, de boca fechada. Parecia respirar fundo prestes a berrar com os soldados ao que notou os dois homens levantando os olhares confusos para atrás dela.

– Hã? – Piscaram os dois sem entender.

Rosinante havia virado o corredor e estava parado diretamente atrás da tenente. Sua altura impressionante perto de Maridia fazia com que ele parecesse ainda maior e sua postura era como rocha sólida, os punhos cerrados aos lados do corpo. Sua capa esvoaçante fazia com que ele parecesse ainda maior e ameaçador. O olhar do Comandante era como brasas em chamas, encarando os dois soldados como um predador em caça.

✦ㅤ𝐐𝐔𝐄𝐄𝐍 𝐎𝐅 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓𝐒 ;ㅤ| 【 𝗢NE 𝗣IECE 】 ✦Onde histórias criam vida. Descubra agora