Por Noah Cooper
Checar material nunca foi meu passatempo favorito, mas era uma daquelas coisas que eu preferia fazer pessoalmente. Não confiava em deixar para outra pessoa. Uma falha no equipamento poderia ser a diferença entre voltar para casa inteiro ou não voltar de jeito nenhum. Estava terminando de revisar pela segunda vez o armamento e os kits de primeiros socorros quando Alex apareceu com uma folha em mãos.
— Essa é a lista do pessoal do Médicos Sem Fronteiras que a gente vai proteger. Quer dar uma olhada? — perguntou ele, erguendo a folha.
— Deixa na minha mochila. Dou uma olhada depois. — Respondi sem levantar os olhos. Precisava garantir que nada estivesse fora do lugar. Cada detalhe importava.
Alex soltou um suspiro audível, mas não insistiu. Ele sabia que quando eu estava concentrado, era melhor não me interromper. Ele guardou a lista e se afastou enquanto eu terminava os últimos ajustes. Logo estaríamos no avião, e eu queria me sentir confiante de que tudo estava pronto.
O avião militar era apertado e barulhento, como sempre. Sentado ao lado de Alex, eu observava o vai e vem da equipe, o som dos motores ecoando nos meus ouvidos. Mesmo com o caos ao redor, uma sensação estranha vinha me acompanhando desde o momento em que aceitamos essa missão. Algo estava fora do lugar, mas eu não conseguia identificar o quê.
— Alex, é só comigo ou você também está com uma sensação estranha sobre isso? — perguntei, tentando soar casual, mas o peso das palavras estava lá.
Ele franziu o cenho, mas não olhou diretamente para mim.
— Acho que é só você. Ou talvez seja o fato de que você anda carregando o mundo nas costas ultimamente.
Eu não respondi. Apenas cruzei os braços e me encostei no banco. Algo dentro de mim dizia que ele não estava sendo totalmente honesto. Alex raramente era tão evasivo.
Depois de um tempo, me virei novamente para ele.
— E a lista? O que você achou?
Ele hesitou, e isso me deixou ainda mais alerta. Alex nunca hesitava.
— Melhor você dar uma olhada quando chegarmos ao local.
— Por quê? — Pressionei, estreitando os olhos.
— Só... confia em mim, Noah. Quando você vir, vai entender. — Ele desviou o olhar, focando em qualquer coisa que não fosse meu rosto.
Uma onda de irritação passou por mim, mas segurei. Alex era meu melhor amigo, meu irmão de guerra. Se ele achava que era melhor eu esperar, havia um motivo. Mesmo assim, a sensação estranha dentro de mim aumentava a cada segundo.
E eu odiava não saber o que estava por vir.
Mas não era só isso. Já fazia dias que eu não falava com Nina, e o silêncio dela só tornava minha inquietação ainda pior. Estava acostumado a ouvir sua voz, mesmo que fosse por poucos minutos, e agora, a falta de contato me corroía. Uma parte de mim temia que algo estivesse errado, enquanto outra tentava racionalizar que ela estava ocupada, como sempre.
O acampamento médico era maior do que eu esperava, mas ainda assim caótico. Barracas improvisadas, pessoas indo e vindo, gritos de crianças e o cheiro forte de medicamentos misturado à poeira que parecia se infiltrar em tudo. Descemos do veículo e seguimos direto para a barraca principal, onde seríamos apresentados ao médico líder da equipe, Dr. Hendrick.
Ele era um homem alto, loiro, com um físico atlético e uma confiança que transparecia em cada movimento. Hendrick apertou nossas mãos com firmeza, passando rapidamente as orientações sobre a segurança do local e as necessidades da equipe. Mas enquanto ele falava, minha atenção foi atraída para algo atrás dele.
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Meu lugar ao Sol
RomanceNina Carvalho perdeu a mãe ainda muito nova e cresceu em um lar com um pai ausente, convencida de que nunca seria amada de verdade. Sua visão sobre o amor era limitada ao que ela via nos livros, até que conheceu Olie e sua família, que lhe mostraram...