E agora??

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Por Noah Cooper

O casamento de tio Edu e Celeste foi marcado por meses, e todos nós estávamos animados. Era o tipo de celebração que trazia um pouco de leveza depois de tudo o que havíamos vivido. Eu tinha esperança de que aquele dia fosse especial não só para eles, mas também para mim. Era a oportunidade perfeita para reencontrar Nina.

Desde o dia em que ela partiu, sem explicações, sem despedidas, eu carregava um vazio que nada parecia preencher. Ela só deixou uma mensagem para Olie, dizendo que precisava de um tempo, que estava indo para um lugar onde poderia pensar e se esconder do turbilhão de emoções que estava enfrentando. Nem mesmo Alex conseguiu arrancar mais informações de Olie, e eu respeitei o espaço dela, mesmo que isso me destruísse um pouco mais a cada dia.

No dia do casamento, enquanto todos sorriam e celebravam, eu me peguei pensando nela. Por mais que eu soubesse que Nina tinha suas razões para ir embora, uma parte de mim esperava que ela aparecesse. Que cruzasse aquelas portas e mostrasse que, de alguma forma, o tempo e a distância não tinham mudado o que sentíamos.

Mas isso não aconteceu.

Ela não estava lá. Não houve uma entrada triunfal, nenhum olhar furtivo de longe, nada. Apenas a ausência dela, preenchendo cada canto do meu pensamento. Enquanto Celeste e tio Edu dançavam a primeira música como marido e mulher, eu me perguntei onde Nina estava, se estava bem, se sentia minha falta do mesmo jeito que eu sentia dela.

Foi Alex quem notou meu olhar perdido. Ele não disse nada, apenas deu um tapinha no meu ombro, um gesto que dizia tudo: "Eu sei o que você está sentindo, mas é hora de seguir em frente, pelo menos por hoje."

E eu tentei. Fiz o meu papel, celebrei com todos, brindei à felicidade do casal. Mas quando a noite terminou, e o silêncio tomou conta da casa, a falta de Nina era ainda mais forte. Eu sabia que ela precisava de tempo, e eu estava disposto a dar isso a ela. Mas, no fundo, o que mais me assustava era a ideia de que talvez ela nunca voltasse. Que, de alguma forma, eu tivesse perdido a única pessoa que realmente fazia tudo valer a pena.

Mesmo assim, a esperança ainda permanecia. Porque, apesar de tudo, Nina sempre foi minha bússola, e eu me recuso a acreditar que ela nunca encontrará o caminho de volta. O treinamento para me tornar um SEAL foi, sem dúvida, a experiência mais desafiadora da minha vida. Cada dia era uma batalha, física e mental, que me forçava a ir além do que eu achava ser possível. Não havia espaço para fraqueza ou hesitação — o menor deslize poderia significar o fracasso.

Eu me joguei de cabeça naquele mundo, usando o rigor do treinamento como uma forma de ocupar minha mente. Correr por quilômetros com areia grudada em cada canto do meu corpo, segurar o fôlego embaixo d'água até o limite da consciência, suportar o frio cortante das madrugadas durante os exercícios na praia... tudo isso me fazia esquecer, nem que fosse por alguns segundos, o buraco que a ausência de Nina tinha deixado em mim.

Mas havia momentos em que a distração falhava. Como nas noites de vigília, quando o silêncio tomava conta e tudo o que eu tinha eram meus próprios pensamentos. Eu me perguntava onde ela estava, o que estava fazendo, se pensava em mim do mesmo jeito que eu pensava nela. E, mesmo tentando afastar essas questões, elas voltavam com força, como as ondas que eu encarava durante os treinos na água.

O treinamento não era apenas sobre resistência física, mas também sobre compromisso. Tudo o que aprendi me preparava para missões que exigiriam o máximo de mim. E, honestamente, eu estava ansioso para sair em missão. Não era apenas o desejo de testar tudo o que havia aprendido, mas também a necessidade de sentir que eu estava avançando, deixando para trás aquele peso que carregava no peito.

Eu queria ser útil, fazer a diferença, provar para mim mesmo que podia ser alguém melhor — alguém que Nina pudesse admirar, caso nossos caminhos se cruzassem novamente. Cada flexão, cada grito dos instrutores, cada momento em que meu corpo quase cedia... tudo isso alimentava minha determinação.

Meu lugar ao SolOnde histórias criam vida. Descubra agora