Por Noah Cooper
O mundo ao meu redor era um emaranhado de sombras e luzes suaves, como se eu estivesse flutuando entre dois planos. Um calor familiar envolvia meu corpo, reconfortante e seguro, como um abraço que eu não queria deixar escapar. No meu sonho, Nina estava ali, ao meu lado, com aquele sorriso tranquilo que sempre me acalmava, mesmo nos momentos mais sombrios. Seus dedos delicados desenhavam círculos em meu braço, e sua voz, suave como uma melodia, sussurrava palavras de amor que ecoavam em meu peito.
Mas não era só ela. Uma risada infantil ecoava pelo ar, leve e pura como o vento que balançava as folhas das árvores. Olhei ao redor, tentando encontrar a origem daquele som angelical, e então a vi: uma menininha de cabelos loiros e olhos brilhantes correndo descalça pela grama. Ela girava em torno de si mesma, os bracinhos abertos como se abraçasse o mundo inteiro. Meu coração apertou, uma mistura de alegria e dor que eu não conseguia explicar. Eu não conhecia aquela criança, mas ao mesmo tempo, sentia que ela era parte de mim, como se fosse um pedaço de minha alma que eu nem sabia que faltava.
A garotinha correu para Nina, que a pegou nos braços com um sorriso maternal. Ela olhou para mim, e seus olhos estavam cheios de uma ternura que quase me fez perder o fôlego.
— Ela está esperando por você... — disse Nina, sua voz soando como um chamado distante, quase celestial.
As palavras ecoaram em minha mente, puxando-me para fora daquele sonho. O calor começou a se dissipar, e eu tentei desesperadamente segurar aquela visão, mas tudo foi ficando nebuloso, como areia escapando entre meus dedos. O riso da criança desapareceu, e a imagem de Nina se desfez lentamente, como fumaça levada pelo vento. Um vazio profundo tomou meu peito, e um desespero incontrolável me dominou. Abri os olhos de repente, puxando o ar com força, como se tivesse emergido de águas profundas e escuras.
— Nina... — Minha voz saiu rouca, quase um sussurro, mas foi o suficiente para acionar uma onda de agitação ao meu redor.Alarmes começaram a soar, cortando o silêncio com um ruído estridente. A equipe médica correu em minha direção, vozes se misturavam em comandos urgentes. Mãos tocaram meu rosto, meus braços, verificando meus sinais vitais com uma pressa que eu mal conseguia processar. Mas eu não me importava com nada daquilo. Meu corpo podia estar ali, naquele leito de hospital, mas minha mente ainda estava presa àquela visão, àquela sensação de que algo precioso estava prestes a escapar.
Pisquei algumas vezes, tentando ajustar a visão à claridade do ambiente. O cheiro forte de antisséptico invadiu minhas narinas, e o zumbido constante dos monitores preenchia o espaço ao meu redor. Mas nada disso importava. Eu precisava ver Nina. Precisava encontrá-la. Meus lábios se moveram novamente, em um sussurro insistente, quase uma prece:
— Nina... — repeti, minha voz mais firme agora, mas ainda carregada de uma urgência que não
podia ser ignorada.Por Nina Carvalho
O fim de semana tinha sido quase perfeito. O casamento de Olie e Alex foi lindo, cheio de momentos inesquecíveis. Passei horas me divertindo com Celeste e o pequeno Thomy na recepção, rindo, dançando e aproveitando cada instante. Mas a despedida chegou, e Olie e Alex partiram para a lua de mel levando o pequeno Lex. Com isso, minha rotina voltou ao que havia sido nos últimos trinta dias.
No domingo, acordei cedo, como de costume. Meu corpo estava cansado, pesado, mas minha mente já sabia exatamente o que precisava fazer. Preparei tudo sem pressa, como vinha fazendo diariamente. Era meu ritual antes de ir ao hospital ver Noah. Era minha maneira de me manter em movimento, de sentir que ainda havia alguma normalidade em meio ao caos que nossa vida tinha se tornado.
Ao chegar ao hospital, algo parecia diferente. O ambiente, que sempre era monótono e previsível, estava um pouco mais agitado do que o normal. Franzi a testa, tentando entender o que havia de errado. Antes que pudesse perguntar a alguém, senti uma mão segurar meu braço. Era uma das enfermeiras com quem eu havia feito amizade nesses meses. Seus olhos brilhavam de um jeito que me deixou desconcertada.
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Meu lugar ao Sol
RomansaNina Carvalho perdeu a mãe ainda muito nova e cresceu em um lar com um pai ausente, convencida de que nunca seria amada de verdade. Sua visão sobre o amor era limitada ao que ela via nos livros, até que conheceu Olie e sua família, que lhe mostraram...