Capítulo 4

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Charles

– Patricinha mimada — falei sozinho.

Claro que aquela garota ia me tirar do sério de novo,
mas dessa vez ela teve o que merecia. Gargalhei muito me lembrando do biquinho que ela fez.

Mas confesso que precisei usar todo meu autocontrole para não pular em cima dela.

A garota tinha um belo par de pernas, e fiquei duro só de imaginar o que aquela toalha escondia.

Delícia! Apesar de ser chata pra caramba, eu não podia deixar de reconhecer que ela era linda. Mas daí a levá-la comigo para o Taurus era outra coisa.

Mads só podia estar brincando comigo.

— Falando sozinho? — Escutei a voz do tio Frank atrás de mim.

Ele estava como sempre: jeans surrado, camisa, chapéu e botas. Apesar de ter uma filha de 18 anos, meu tio era um cara de sorte e não aparentava a idade que tinha.

Eu sempre brinquei que ele pegava mais mulher que eu, porém ele nunca levava ninguém para casa em respeito a Mads.

— Pois é, mania de peão — respondi, divertido.

Continuei avaliando o filhote que tinha nascido no dia anterior, e Santiago permaneceu ao meu lado.

Meu tio e Mads foram tudo o que me restou depois que fiquei órfão aos 10 anos.

Meus pais estavam em uma cidade vizinha e quando voltavam para casa foram assaltados e mortos. Depois de quinze anos, eu ainda não tinha uma resposta sobre o que havia acontecido.

Isso me atormentava, pois o que eu mais queria era que a justiça fosse feita. Não poder vingar a morte deles sempre me frustrou.

Depois de um tempo, Frank conseguiu emprego na Girassol e custeou meus estudos.

Ele era um grande peão de rodeio, mas também sofreu uma enorme decepção quando a mãe da Mads desapareceu.

Cuidar da filha sozinho não foi fácil. Meu tio teve que abdicar da coisa que mais amava: montar.

Mas o amor que sentia pela minha prima o fez superar todos os obstáculos.

Desde o ensino médio e durante toda a faculdade eu vivi na capital.

Decidi fazer medicina veterinária porque era o sonho do meu pai, e, assim que terminei a graduação, Frank conseguiu com um amigo que morava no Texas uma ajuda para que eu pudesse fazer uma especialização nos Estados Unidos.

Passei quatro anos fora do Brasil, e quando voltei não hesitei em ficar perto da família que tanto me apoiou.

Queria poder ajudar Mads da mesma forma que meu tio havia me ajudado.

Ele foi um verdadeiro pai quando precisei e sua filha era como se fosse minha irmã.

Conversei com Frank sobre o gado que havia chegado e deixei algumas instruções a respeito da
alimentação.

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