Capítulo 6

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Passei as mãos no cabelo pela décima vez.

Tinha plena consciência de que havia tomado a decisão correta e mesmo assim me sentia incomodado.

— Deixei ir longe demais — murmurei para mim mesmo.

Sentado no sofá, eu não tirava os olhos da porta do meu quarto. Desejei que ela voltasse, mas ao mesmo tempo agradeci por não ter feito isso. Pietra havia me provocado durante todo o dia, e o fato de ter que passar a noite debaixo do mesmo teto que ela não ajudou.

Antes de ela ir dormir eu puxei seu braço para conversar com ela, mas não sabia direito o que dizer e acabei desistindo. Então, imagina a surpresa que tive quando acordei e ela estava agachada ao meu lado. Fiz questão de que Trevis dormisse no quarto de hóspedes, não para privilegiá-lo, mas sim porque ele falava durante o sono e era quase impossível dormir ao lado dele. Então, fiquei no sofá, o que foi uma péssima ideia, pois depois do que aconteceu, toda vez que eu me sentasse nele, me lembraria da cena que eu e a Camila tínhamos protagonizado ali.

Meu pau ainda estava duro, e pensar no que tinha acontecido me fazia suar. A pele macia em minhas mãos... Os lábios inchados pelo beijo ardente... O arrepio de prazer... Os olhos semicerrados pela luxúria. Camila estava linda, ela era puro desejo. Olhei para as minhas pernas e passei a mão pela minha coxa, na qual ela havia montado minutos antes. Levantei os dedos e sorri. Ela estava tão molhada que os rastros de sua excitação ficaram na minha pele. Naquele momento, o sorriso desapareceu do meu rosto.

Provavelmente ela pensou que eu era louco, ou que não gostava de mulher. E, se alguém me dissesse que eu pararia daquela forma uma transa certa, eu chegaria à mesma conclusão. Foda-se! Eu tive um autocontrole da porra para parar, mas estava pagando por isso. E não era somente pelo desconforto de ter uma ereção furiosa dentro da cueca, mas também por lembrar das lágrimas que se formaram nos olhos da Cristal quando eu me afastei. Droga. Ela devia ter achado que eu a rejeitei. Idiota!

Foi exatamente isso que você fez!, meu subconsciente gritou.

Precisava pedir desculpas e explicar o que tinha acontecido. Caminhei até a porta do quarto e levantei a mão para abri-la, mas paralisei. Não tinha ideia do que dizer, e muito menos conseguiria explicar o que me havia feito parar, já que nunca fui de negar fogo. Voltei para o sofá, me deitei de bruços e coloquei o travesseiro em cima do rosto. Adormeci novamente, mas não foi um sono tranquilo. Passei o tempo todo sonhando ou imaginando Camila em meus braços. Merda de tesão!

Acordei novamente e percebi que a chuva tinha cessado. Era muito cedo, o dia ainda estava raiando, mas eu não conseguiria voltar a dormir. Eu me levantei e peguei o par de tênis, a camiseta e a bermuda que estavam na lavanderia. Adoro correr.

No começo fazia aquilo por puro prazer e para manter o físico, mas meses antes eu intensificara o treino para ganhar condicionamento para as montarias. Fechei a porta de casa com cuidado e coloquei a chave por baixo. Não queria acordar ninguém, era sábado e todos poderiam dormir até mais tarde.

O cheiro de terra molhada me atingiu assim que eu saí na rua. Era uma das coisas que eu mais adorava no campo, os aromas impossíveis de se apreciar em uma cidade grande.

Comecei caminhando, mas logo peguei impulso e passei a correr na velocidade de sempre.

Algumas pessoas já estavam na rua. O dia começava cedo. Todos que passavam me cumprimentavam. Eu era muito conhecido na cidade, principalmente por ser o único médico veterinário da região.

Treinei por quase duas horas e, antes de voltar para casa, passei na única padaria da cidade para comprar o café da manhã. Uma vontade de agradar Cristal me pegou desprevenido, então escolhi o que achava que ela gostaria.

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