Daniel 01

137 7 37
                                    


Posso ver ela agora, a luz ofusca seu rosto , estendo a mão tentando alcançá-la, mas a cada passo em direção a ela, a distância parece se tornar maior. Estou sonhando?

Não! Acho que é real, quero alcançá-la e nunca mais deixá-la ir, preciso alcançá-la. Tudo fica escuro na minha frente, bem distante uma luz intensa parece estar perdendo o brilho aos poucos, a minha garota, Mary! Corre em direção a ela.

- Espera....

Grito! Ao mesmo tempo sinto o peso do meu corpo triplicar se concentrado em minhas pernas, o tombo vem assim que perco o equilíbrio, rastejando pelo chão escuro em direção a luz.

- Me desculpa amor...

Sinto minhas pálpebras molhadas, são lágrimas, elas rolam pelo meu rosto, mal posso enxergar; não consigo ver a luz, ela se apagou? Não, ainda posso sentir o calor, limpo as lágrimas com as mãos.

- Você não me matou - ela sussurrou com aquela voz agradável que me deixava em paz comigo mesmo - você tem que acordar..

- Isso não é um sonho, fica! Fica comigo - sussurrei, estendi a mão rapidamente a fim de segurá-la pelo braço, mas minha mão atravessa o antebraço dela - o que?

- Eu estou morta Daniel - ela é sugada para dentro da luz, fico completamente sozinho quando a luz desaparece a levando de mim, de novo, sem saída, sozinho, grito inconformado pois o meu maior medo havia me encontrado, e agora não tem mais volta - não....

Acordo gritando! Senti minhas costas estalar quando jogo meu corpo a frente ficando sentado sobre o sofá velho, a luz do sol refletia através da janela ofuscando minha visão. Visão! Foi isso que tive agora a pouco, um sonho! Tem se tornado constante sonhar com ela. Tento levar minha mão direita até meu rosto a fim de proteger meus olhos da luz, sinto meu corpo dolorido, o que aconteceu? Não sinto meu braço, reviro os olhos em direção a ele, dormente e estável, vejo uma seringa no chão e vários buracos de agulhas em meu braço, puta merda, imagino o que tenha acontecido, que azar o meu de ainda estar vivo.

As noites em claro tem sido um terror, acordado me pego pensando em Mary Osman, a única mulher que amei, a ciência, diz e comprova que precisamos do sol para continuarmos a viver! Eu só precisava dela, daquele sorriso que ofuscava a minha tristeza e os momentos entediantes. Comecei a rir sozinho no meio da sala, até notar a bagunça em minha volta, até lembrar que a organização era o forte dela, eu estaria morto se ela estivesse aqui.

Roupas espalhadas pelo o espaço, em cima da mesa e sofá, vários pacotes de biscoitos e pipocas, vazios ou quase, latas de cervejas abertas, suponho que tomei todas, forço meu corpo até me erguer, fico de pé, esfrego meus olhos a fim de acordar de vez, cambaleando sigo até o banheiro, ouço o barulho quando piso sobre as pipocas esparramadas pelo chão, minha nossa! Eu preciso pagar uma faxineira.

Tiro as roupas segundos antes de adentrar o chuveiro, de pé sinto água escoar do chuveiro, passo as mãos pelos meus longos cabelos pretos os penteando para trás, fecho meus olhos apoiando as mãos sobre a parede, deixo a água suavizar minhas costas descendo pelo meu corpo levando toda a ressaca até encontrar seu fim, o ralo.

Minutos depois, estou de pé no segundo andar da casa, em frente ao espelho posso ver o quão péssimo estou, um homem que odeia a si próprio e que não consegue seguir em frente, e fala sério, essa barba está enorme!

Meu quarto tem uma vista incrível pro mar, abotoo minha camiseta branca enquanto admiro a vista sentindo a brisa fria e suave atravessar as cortinas brancas da janela, sempre pego uma calça preta às vezes branca, de linho fino, e descalço costumo caminhar a beira da praia todas as tardes, isso me faz lembrar dela. Sinto minha cabeça zunir, depois de me entupir de entorpecentes é isso que ganho, acordei a tarde, esperava não acordar nunca mais.

Obsessão Mortal - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora