Ainda saindo do banho, Jonah escuta o pai gritando :
— Anda logo Jonah ou vai se atrasar!Ele passa a mão no espelho para que possa enxergar melhor o próprio reflexo. O pesadelo da noite anterior não saia da sua cabeça.
— Foi só um sonho ruim.
Jonah estava descendo as escadas e antes que pudesse responder qualquer coisa foi atingido por um cheiro que poderia ser qualquer coisa, mas ao chegar na cozinha viu que era o pai tentando como sempre cozinhar.
— O seu favorito — O pai põe o prato sob a mesa e a primeira vista é alguma coisa que Jonah não sabe identificar muito bem o que é.
— O meu favorito? Ele pergunta. — sim — O pai responde.
Não que ele tenha conseguido identificar o que era, mesmo com a dica "O seu favorito " . Depois disso a refeição seguiu em silêncio e foi o pai quem tentou quebrar o gelo.
— Hoje a noite vou fazer almôndegas o que acha?
varias respostas vieram a mente de Jonah, algumas do tipo "tá se esforçando pra me matar?" Ou então "Não seria mais fácil me dar veneno?" Mas ele preferiu dizer:
— É nessas horas que sinto mais a falta da mamãe.
Jonah achou que o pai ia brigar, se aborrecer ou gritar. Mas ele tirou a mesa em silêncio, lavou a louça quieto e no final Jonah ouviu um suspiro, um suspiro cansado e a única resposta que recebeu do pai foi :
— Você tem razão filho, ela faz muita falta.
Meia hora depois Jonah e Aaron estavam no carro, hoje era o primeiro dia de aula de Jonah. O silêncio dominava o interior do veículo, Aaron pensava em formas de puxar assunto com o filho, enquanto Jonah, procurava uma estação de música no rádio do carro.
— Jonah, percebi que tem chegado tarde em casa, me diga 'tá só andando por ai ou conseguiu fazer amigos?
— É, fiz alguns ,eu acho.
— Hoje vou finalmente conhecer a equipe que vai me ajudar na pedreira.
— Eu fui lá na pedreira ontem. — Aaron freia bruscamente o carro, e devido a chuva derrapa alguns metros, um carro que vinha logo atrás desvia por muito pouco, e a raiva do motorista pôde ser percebida pelos palavrões e o dedo do meio sendo exibido ao passar por Aaron.
— Não quero você indo lá entendeu? É perigoso,além disso é proibido.
Ambos não disseram mais nada e ao chegar, antes que Aaron pudesse desejar uma boa aula o garoto já estava batendo a porta e correndo apressadamente.
Jonah kaster odiava muitas coisas, odiava a comida do pai que tinha a textura de uma sola de sapato misturada com tofu. Odiava chuva, tinha até feito uma lista dos tipos mais variados, odiava essa maldita cidade que não tinha nada só chuva, e Jonah também odiava ser o aluno novo.
No pátio, várias pessoas olhavam na sua direção. Jonah já estava se sentindo sufocado quando ouviu chamarem pelo seu nome. Ele se virou e viu Cathy, a garota estava acompanhada de Josh e Fredy mas não viu nem sinal de Blair,Kate ou Cárter.
— Vocês viram a Blair? Os garotos olharam uns para os outros, e Cathy comenta: — Bom ela não é oficialmente uma perdedora, então não fica andando por aí com a gente.
— Perdedora? — Jonah pergunta confuso.
Mas antes de ouvir qualquer resposta um garoto trombou em Jonah, que já estava no corredor próximo a sala de Química.
— Sai do caminho tá pensando que é invisível?
O garoto era um pouco maior que Jonah mas muito mais forte, usava boné, moleton, calça jeans surrada e botas. — Te fiz uma pergunta. Você é retardado por acaso?
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Sombras do abismo
Mystery / ThrillerNinguém mais vai ao açude para nadar. Já faz anos. Isso se deve, em parte, ao fato de o maldito lugar simplesmente não oferecer segurança. Os pais contam aos filhos histórias sobre adolescentes que morreram afogados lá. Os adultos dizem às crianças...