A chuva caía fraca lá fora, e apesar do dia ter sido quente, a temperatura havia caído vários graus com a chegada da noite.
O farol do Bronco cortava a escuridão e a chuva. O ronco do motor soava como um desafio ao clima da região.
Jonah estava calado no banco de trás, ao lado de Cathy, que a cada curva ou lombada deixava a mão boba cair em meio as pernas do garoto. Ele havia tentado de todas as formas convencer os amigos a desistirem da ideia de fazer desejos no lago, mas foi tudo em vão, todos estavam determinados em ter seus sonhos e fantasias realizadas.
Jonah até chegou a contar sobre a criatura que viu ser invocada pelos cultistas, mas como imaginou ninguém acreditou.
Um silêncio se abateu depois que ele explicou sobre as regras, tentou deixar claro o que o velho lhe disse na ambulância.
— Nada é dado de graça nesse mundo,o equilíbrio deve ser mantido, essa é A lei. Para se ter algo, deve-se dar algo em troca.
— Sim Jonah, eu já sabia disso! - comentou Blair. Um corte na mão, deixe o sangue pingar no lago e faça um desejo em voz alta.
Jonah queria, queria que fosse simples assim, pois assim desejaria a mãe de volta,mas a que custo? Ele viu o que aconteceu a Emília. Não queria uma Mãe coisa, que não estaria nem viva e nem morta, chegou até a imaginar o pai tendo de comprar quilos de carne todos os dias para que ela não devorasse os dois enquanto dormiam. Mas não teve o apoio de ninguém, e a única reação involuntária foi rir de Blair.
— O lago cobra muito mais que sangue!
— Como assim? -perguntou Freddy .
— O velho me disse,"o lago não te dá nada de bom, você ou as pessoas ao seu redor sofrem de alguma forma com o seu desejo desejo."
— E o fato do lago realizar desejos não significa que vocês terão exatamente o que pedem. Foi como o velho me disse "cuidado com o que deseja".
Depois disso todos se calaram e Jonah estava contando que talvez tivessem desistido de fazer desejos.
— O lago provavelmente realiza o que se pede em sentido literal. - disse Freddy .
— Então basta que sejamos específicos nos pedidos — resmungou Josh .
— Se o lago segue leis e regras "universais", isso significa que não posso pedir que a cidade se transforme em chocolate ou que todo mundo se transforme em vaca — comentou Cárter.
— Quais as leis não devem ser quebradas? - Cathy perguntou.
Jonah deu um longo suspiro, pois percebeu que os amigos não iam mudar de idéia, estavam analisando as regras para entender melhor o funcionamento do Lago , exatamente como um relojoeiro faz ao analisar as engrenagens de um relógio quebrado.
— A primeira regra é não desejar a morte de alguém . A segunda é não desejar o amor de ninguém. A terceira regra é não desejar ninguém de volta do mundo dos mortos.
— Eu 'to de Boa então , meu desejo não tem nada a ver com isso ai - Disse Cárter enquanto ria.
Todos concordaram sorrindo, exceto Blair, e todos perceberam naquele momento qual seria o desejo da garota .
Depois de meia hora chegaram na estrada de terra, dali levou poucos minutos até Cárter ser obrigado a parar . Uma enorme cerca impedia o avanço, era visível placas de Propriedade privada.Também ficou visível sob a luz do farol uma placa sinalizando Cuidado com o Cão,e a turma viu outra placa ainda mais séria, esta não estava escrito nada,porém havia um boneco sendo baleado.
— Gente,a partir daqui não tem mais volta!. - sussurrou Cathy.
Todos desceram do carro, Cárter pegou o enorme alicate que estava guardado no porta-malas do Bronco, e cortou um pedaço da grade , dali seguiram a pé na escuridão.
Era audível apenas a chuva que agora caía mais fraca e pingava nas folhas da floresta,e o som dos sulcos da lama e folhas abaixo dos pés que anunciavam o início da caminhada.
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Sombras do abismo
Mystery / ThrillerNinguém mais vai ao açude para nadar. Já faz anos. Isso se deve, em parte, ao fato de o maldito lugar simplesmente não oferecer segurança. Os pais contam aos filhos histórias sobre adolescentes que morreram afogados lá. Os adultos dizem às crianças...