Verdades

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Aaron saiu de casa aquele dia disposto a conseguir respostas, estava tudo uma loucura e de alguma forma ele sabia que tinha alguma coisa errada. Naquela semana a drenagem no lago se iniciou,iria levar algumas semanas para selar os túneis que alimentavam o açude.
Brian weler estava ansioso para instalar os explosivos. Depois do expediente Aaron e Howard foram até o Tarod Café invesgar o estranho envelope que continha a carta de baralho que Aaron recebeu.
- Me explica de novo o que vamos fazer?
- Essa carta não é uma carta comum.
- Hum!? Como assim?
- Preste bastante atenção.
Aaron retirou a carta do bolso mostrando para Howard. A frente da carta mostrava o desenho de um rei, mas o verso continha mais coisas e era ali que Aaron se concentrava para analisar cada detalhe.O desenho no verso era algo que ele nunca tinha visto. Havia uma serpente que se fechava em um círculo e mordia a própria cauda, um símbolo que, depois de algumas pesquisas, Aaron descobriu ser um "Uroboros". Em volta da cobra havia outros dez símbolos: um raio, um cubo em quatro dimensões,uma ankh egípcia,dois círculos sobrepostos,uma ampulheta,uma espiral,uma lua crescente,um crânio,um olho aberto e uma teia de aranha.

Chegaram no tarod café por volta das cinco horas enquanto Howard abastecia o Jeep savana 1991, Aaron entrou e sentou próximo ao balcão,um caminhoneiro o comprimentou e saiu porta a fora.O lugar estava vazio.
- O que vai querer senhor? - perguntou a garçonete com voz rouca e coaxante.
- Quero uma Torta, uma xícara de café e falar com a sua patroa.
Ao ouvir aquilo a mulher levantou uma das sobrancelhas. - E qual seria o assunto?
Aaron retirou a carta do bolso e mostrou a garçonete.
- Eu pesquisei! Essa logo na parte de trás da capa, é daqui essa carta.
A mulher fez novamente um som coachante,e sua fisionomia mudou levemente,parecia surpresa.
- Muito bem! Espere aqui vou chamar madame safira.
Howard entrou logo em seguida,fez o pedido e ficou ali ao lado de Aaron.
Ele aguardou sentado pacientemente por 45 minutos, brincando inútilmente com a carta que tinha as bordas puidas, reparou em novos detalhes que não vira antes. Uma mancha esmaecida na face e uma marca de dobra em uma das pontas.Howard ao se queixar pela demora recebeu um olhar estranho e a garçonete deixou claro que seriam recebidos por madame safira. Logo em seguida uma garçonete perguntou se iriam querer outro café.
Não era a mesma mulher que os atendeu antes. Ela não poderia ter mais do que dezessete anos, uma cabelo volumoso,caindo em caixos negros sobre os ombros, vários anéis, pulseiras e cordões. Brincos de argola. Parte de uma tatuagem era visível sobre a clavícula,um floreado de tinta negra que escapava pela camiseta justa.
Ele a olhou nos olhos e sentiu como se estivesse respirando Hélio.
Ela se sentou próximo a eles apontou para carta. - É sua?- perguntou.
- É isso que eu gostaria de saber! - Ela acentiu.
- Vocês parecem cansados, tem certeza que estão despertos?
Aaron pensou na pergunta durante alguns segundos.
- Acho que estou meio adormecido.
Os ruídos do local - o retinir dos talheres e o arrastar de cadeiras pelo chão - Pareceram enfraquecer.
O cheiro dos grãos de café,gordura e massa folhada desapareceram, ela então se debruça e toca as costas da mão de Aaron com a ponta do indicador.
- A equação do sonho - disse ela - Contou me que alguém viria.
Uma onda elétrica seguida de um calor passou da mão dela para o corpo dele.
Aaron virou a cabeça e viu o que para ele pareceu ser imagens residuais,para onde quer que ele olhasse, as pessoas deixavam trilhas de movimento,reflexo de si mesmas que ficavam para trás como imagens sobrepostas em uma fotografia. Tudo começou a mudar, tudo e todos estavam se fundindo com os respectivos reflexos. As cabeças tinham centenas de faces. As faces tinham milhares de olhos. Aaron olhou para própria mão e tinha milhões de dedos, Aaron olhou para a garota e seu corpo era como vidro dentro dele no lugar do coração pulsava uma estrela de luz azul. Ele viu os lábios dela se moverem.
- A equação do tempo está incompleta - A voz dela ecoou - Estamos nos comprimindo como bonequinhos de papel.
Aaron olhava para os olhos dela que brilhavam como poças de chuva ao sol,sentiu os pulmões incharem como balões e o estômago se contorcer. "Pare" ele queria dizer ao tentar se controlar olhou na direção da clavícula da mulher e viu o restante da tatuagem agora era um desenho prateado, tremia e pulsava. O desenho representava uma ave,um falcão de bico adunco que parecia ter saído de uma tumba egípcia.
- A mulher com o pássaro! É ela.
Aaron ouviu a própria voz dizer a palavra "sete", poucos segundos antes de abrir a boca e pronuncia-la.
- Sete? - ela repetiu - Sete? - Deu uma risada.
- Sete é isso existem sete!
Aaron interrompeu o contato com a mulher e imediatamente sua visão voltou ao normal.
- Meu Deus que loucura foi essa!?
- Compartilhei com você como eu enxergo o mundo.

Sombras do abismoOnde histórias criam vida. Descubra agora