Capítulo III

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Talvez eu tenha desperdiçado a grande oportunidade da minha vida e talvez eu tenha cruzado um caminho sem volta

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Talvez eu tenha desperdiçado a grande oportunidade da minha vida e talvez eu tenha cruzado um caminho sem volta.

— Não temos o dia todo, Sra. Baronesa? — Questionou em uma carruagem distante a parceira de minhas doces mentiras.

— Acalme-se, pirata. — Aclamei e vestindo-se de meus lamentos, rumei ao seu encontro.

— Sabe que odeio mentir e muito menos concordo com esse tolo teatro.

— Margot D'lle – de – France Laitano — Sorri — escreva uma carta ao papa ou a rei e quem sabe ele lhe atenda.

— Idiota!

— Para aonde iremos, senhorita? — Perguntou o cocheiro, logo antes de fechar a porta da carruagem.

— Cherbourg-Octeville. — Respondi, embora os olhares tanto do cocheiro como de Margot fossem de reprovação, minha decisão estava tomada e muito em breve o atlântico nos levaria ao Brasil.

Os céus vestiam um azul levemente adocicado e seu vultoso brilho resplandecia como espelho na vasta e infinita água do mar. O velho navio com casco de ferro, mas esculpido a velas, dançava sobre aquele revoltoso oceano e as noites frias trajadas em sua densa neblina traziam ao rosto o fervor do mortal gélido vento do Norte. O vento tocava na pele e como um ceifador ele lembrava de meus pecados, muitos dos quais desejei esquecer, outrora o vento ressuscitava e nem mesmo o gelo no mar arrepiava-me como os sonhos e pesadelos que vivi e vivo ao lembrar que o gélido vento do Norte, podia ser o mesmo vento que traria a minha morte.

Olhar para esse negro céu e como lembrar das palavras de meu pai da qual o som eu nunca escutei, todavia, os olhos tiveram o prazer de ler e com um gole de imaginação escuto essas palavras tão vivas como se as mesmas fossem pronunciadas incansavelmente em meu coração.

A constelação edita perfeitamente os contos que degustei na infância e a memória de um final feliz revive somente em minhas lembranças, pois temo ter sepultado, cravado no coração, uma espada no dito final feliz. Naquela obstante madrugada que insistia em não ter fim, logo, acreditei que os ventos derrubariam aquela embarcação e seu impetuoso mar nos levaria aos confins da terra. Todavia, enganei-me, e no raiar dos primeiros feixes de luz o bravo mar nos presenteou com objetos oriundos de uma fantástica embarcação e pelo mover das águas tudo respondia a um naufrágio.

— Homem ao mar! — Clamou um oficial.

A curiosidade não me atiçou, mas o brilho no olhar de Margot levou essa atrevida garota a ressuscitar seus esquecidos e talvez mofados contos de fadas.

— Não me diga que o sobrevivente é um cavalheiro?

— O mais lindo dos sobreviventes, — Disse ela toda melancólica — diria que um príncipe emana meus olhos com sua cativante presença.

Açúcar: O último beijo/ Livro 3 da série Açúcar.Onde histórias criam vida. Descubra agora