Eu avistei que a Srta. D'lle – de – France Laitano reluzia ao brilho da mais rara pepita de ouro, ela pode negar, só não pode negar que está amando e o candidato revela-se ser o Sr. de Orleans.
Se tivesse acordada lhe incomodaria e lhe perguntaria onde está o pote de açúcar que adocicou esse coração. Com alegria aguardo resposta, estou dormindo, esse corpo, assim descrevo, mas minha mente está tão ativa como os vulcões que aquecem a sublime costa do pacífico.
Eu nunca imaginei que viajar sem nem ao menos sair da cama fosse cansativo, uma simples cena, um bobo passo não refletia no tempo que ele realmente descrevia e no andar dos dias comecei a perceber que o tempo era o meu mais mortal inimigo.
Acredite eu pude escutar o barulho das ondas se espatifando contra os rochedos das virgens areias que rodeavam o Rio de Janeiro, pude inclusive ouvir as divertidas confusões infantis pelas ruas da cidade, e do alto, como um pássaro avistei o enorme rochedo de pedra, e lá do alto, a linda baia iluminou meus olhos. Em meio a esse deleite ouve um mísero e talvez triste detalhe, eu não avistei o Sr. Jackson.
No jardim da fazenda Laitano as gigantes palmeiras que desfilavam até o portão de entrada me iluminaram com seu verde e, em meio ao pomar de frutas tropicais, contemplei o Sr. Orleans junto de Margot e mais uma vez não senti a presença de Elijah. Assentado em uma cadeira, na mira do sol, avistei o homem que morreu, mas esqueceu de fechar os olhos, afinal, seu coração ainda bate, na verdade, o Sr. Miguel Laitano desfruta de uma morte oposta à minha.
No lombo de um cavalo admirei ao longe o velho Tristan Leblanc, acredite o clima dos trópicos fora um santo remédio, pois o velho ranzinza lentamente desapareceu.
Uma mulher dormia sobre aquela cama e as cortinas entreabertas escondiam a bela paisagem que se desenhava ao fundo, não me esqueço e jamais olvidarei dos belos montes todo coberto de verde, gigantes árvores, surreal e bem o oposto de minha Normandia, lá as montanhas se pintavam de branco e o céu era cinzento e quase sem vida, aqui no Rio de Janeiro, os montes são divinos, e rematem há um corte quase infantil. Com alegria lembra-me a pintura de uma criança, mas com apitada de um jovem adolescente todo apaixonado, diria que nessa parte do mundo o criador não poupou esforços em satisfazer a releitura do paraíso.
Entre anjos e demônios avistei a serpente que fora incumbida de me agraciar com sua presença, carinha de anjo, língua de dragão, um lobo em pele de cordeiro.
— Santa adormecida, — Sussurrou o anjinho das trevas em meus ouvidos — dorme, durma enquanto seu príncipe regozija em meus braços. — Comentou a dama das trevas.
Me encantaria compreender tal comentário, porém esse sono me tortura e a todo instante sinto que a vida escapa entre meus dedos, a cada dia, a cada segundo, a cada minuto, a cada volta que o relógio completa sinto que a morte me espera de braços abertos para me presentear com seu gélido encontro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Açúcar: O último beijo/ Livro 3 da série Açúcar.
Ficción históricaValentine Leblanc Ward é filha do horripilante barão George Ward. A jovem garota é neta do barão da Normandia, mas fora criada em um convento na França e sem a figura de uma família seu coração se encheu de mágoas. Porém, após ser dada em casamento...