Charlotte deslizou os olhos atentos por toda a extensão do rosto do loiro à sua frente, estreitando-os enquanto batia o pincel repetidamente em seu queixo. Henry não podia negar o formigamento que tomava conta de sua pele quando ela o olhava assim, completamente concentrada, seus olhos traidores se voltando para lábios tingidos de vermelho escuro tão tentadoramente próximos a ele.
— Terminou?— Questionou, depois de limpar a garganta para afastar-se do rumo que seus pensamentos estavam seguindo.
Estava sentindo a temperatura subir gradualmente. Ela estava muito perto.
— Não deve-se apressar o trabalho de uma artista, Henry.— Repreendeu a cacheada, antes de morder o lábio inferior.
O jovem pensou na sorte que era ela estar tão concentrada no que estava fazendo, assim não notaria o movimento de sua garganta engolindo em seco.
"Não core, pense em outra coisa, pense... no esgoto de Swellview!"
— Só não vai me deixar com cara de bife de açogue, ok?— Disse, mais relaxado, e sorriu levemente.
Charlotte torceu o nariz para a comparação, pegando um pouco mais do pigmento vermelho que estava usando. Era quase Halloween, um dos feriados mais comemorados em Swellview, pelo menos se comparado aos outros, e ela estava empenhada em simular uma cicatriz relativamente pequena na maçã do rosto do Hart, quase abaixo do olho, para se certificar que conseguiria reproduzir o ferimento falso no dia oficial do feriado.
— É claro que eu venceria, seus pequenos bebês ingênuos.— A voz de Ray anunciou sua chegada acompanhada da de Piper e Jasper.
— Bebês já são pequenos, Einstein.— A loira revirou os olhos.
— Por que vocês ainda estão falando sobre roubos?! — Exclamou o Dunlop, movimentando os braços freneticamente.— A Charlotte e o Henry estão se beijando no sofá! Chenry é finalmente real!
As cabeças de Piper e Ray viraram-se tão rápido que os dois parecerem corujas possuídas. A visão foi horripilante.
— Real é a sua necessidade de procurar um oftalmologista.— a Page retruca, revirando os olhos para os rostos cheios de expectativa de seu chefe e de sua amiga.— Henry e eu não estavámos nos beijando.
— Bem, todo mundo pode sonhar, certo?— O garoto perguntou, desapontado.
— Certo... — O Hart disfarçou o sussurro em uma tosse, mas não passou despercebido por Charlotte.
— É, uhm... — Ela limpou a garganta, sentindo o rosto corar, e virou-se para o trio do elevador. — Sobre o que vocês estavam falando quando chegaram?
— Estávamos discutindo sobre qual de nós poderia ser um gênio do crime. Acabamos de ver Jeff sendo pego pela polícia. — Piper informou, cruzando os braços.— Ray acha que seria o melhor só por ser indestrutível.
— E como isso ajudaria em alguma coisa?— A Page franziu o rosto com uma expressão de descrença.
— Ser indestrutível sempre ajuda em qualquer situação.— O mais velho rebateu entediado, para o descontentamento do geral.
— Com licença, sinto em informar que eu seria o melhor gênio do crime. — Intrometeu-se Henry, arqueando a sobrancelha com presunção.
A sala estourou em risadas, Ray chegando a se dobrar, segurando o estômago dolorido de tanto rir.
— Lerdo do jeito que você é? — Charlotte ergue as sobrancelhas, deixando um riso escapar. — Crimes exigem inteligência e lógica, é óbvio que eu seria a melhor daqui.
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¡aqueles com chenry!
RomanceHenry Prudence Hart. Um jovem que tem aparentemente tudo para ser comum, mas na verdade, esconde um segredo: Ele é o Kid Danger, assistente do super-heroí de Swellview, sua cidade natal. Como não se pode esconder nada na vida por muito tempo, alguma...