Aquele dos Óculos

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No momento, Charlotte está mordendo uma maçã -o nervosismo não a deixou tomar seu café da manhã normalmente- e agradecendo a Deus por não estar frio.

Ela não sabe porque deixou que Jasper a acompanhasse na "compra" de ontem, mas não adianta se arrepender de nada. O que está feito, está feito.

Enquanto faz seu caminho para escola, a amargura de não ter deixado Henry a acompanhar como todos os dias se faz presente dentro dela, trazendo uma insegurança que a faz morder o lábio. Porém, o olhar de cansaço que ele possuía na noite anterior -dia difícil no trabalho- quando se despediram em sua calçada era suficiente para ela ter certeza que tinha tomado a decisão certa (todos os dias,o Hart tinha que se levantar pelo menos 10 minutos mais cedo para poder acompanhá-la, e apesar dos protestos dela, ele sempre deixava claro que era escolha dele e que não se importava de fazê-lo). Um dia caminhando sozinha não tem nada para dar tão errado, certo?

Errado.

Assim que ela empurrou as portas do colégio, todos os olhos, de adolescentes ou não, se viraram para ela. A sensação era de que alguém tinha a enfeitiçado para se sentir minúscula.
Algumas garotas cochichavam enquanto suas pernas trêmulas caminhavam até seu armário.
Não era como se ela estivesse com algo neon esparramado em seu rosto, oras. Ou será que era assim?
Com certeza ela tinha algo errado. Essa é a única explicação para o fato de que o grupo do time de basquete não para de a encarar. Porém, ao checar no espelho pequeno que tinha dentro de seu armário nada de "errado" foi encontrado. O que poderia ser então?
"Eles podem estar olhando na minha direção, mas não para mim!" Pensa, mordendo o lábio.
Ao olhar de novo para o espelho, procurando pelos jogadores, notou que os rapazes também tinham o lábio inferior preso entre os dentes.
E ela se lembra de ter lido em algum lugar que quando você não tem certeza de que alguém está te encarando você pode fazer um gesto simples, como bocejar, e se o observador repetir o tal gesto, ele está mesmo de olho em você.
Bem, aí estava sua prova. Estavam todos a olhando.
"Droga! Droga, droga, droga, droga, DROGA!"
Nervosa, começa a caminhar -quase correr- em direção ao armário da única pessoa que pode a ajudar nesse momento.
Ela respira fundo, aliviada por vê-lo com a cabeça enfiada no armário procurando alguma coisa que ela não sabe, e nem se importa agora, o que é.

- Henry!

O garoto se assusta e acaba batendo a cabeça na parte de cima do objeto metálico.

- Aww!- Ele reclama de olhos fechados, esfregando a parte machucada da nuca- Oi, Char...- Ele finalmente abre os olhos e a encara:

- Bom... bo-bom...-As palavras se perdem em sua boca, simplesmente somem de seu cérebro, quando ele a vê.

Charlotte Page sempre fora bonita, mas ela estava com uma blusa preta de mangas curtas, uma calça xadrez, vermelha e preta, que é ligeiramente folgada e vai até a barra de seus coturnos lustrosos que combinam com o cinto que está usando e assim, Deus o ajude, ela estava linda.
Mas, para Henry, ela não estava satisfeita sendo apenas "linda", não, isso não era suficiente para ela. A garota tinha que começar a usar óculos.
Aquele simples objeto de aros metálicos pretos que a fez parecer mais do que linda. Estava absurdamente incrível. De tirar o fôlego. Maravilhosa. Perfeita.

- HENRY?!-Ela estala os dedos na frente dele. Por quanto tempo tinha ficado assim?

"Oh, Deus. Tomara que eu não tenha encarado os lábios dela. Não, eu não fiz isso. Eu nem sei que batom ela está usando... Ah, ela não está de batom, está com um gloss. Maldito seja esse gloss. Espere... Eu estou encarando! DROGA, HENRY! ELA É SUA MELHOR AMIGA! Tudo bem, eu culpo a pessoa que fez esse gloss. Tudo bem, eu vou esquecer o gloss."

¡aqueles com chenry!Onde histórias criam vida. Descubra agora