Aquele com a Música

2.5K 129 687
                                    

Henry adora o jeito como a câmera tem capacidade de prender um momento, guardar uma memória, capturar sentimentos.

As pessoas costumam dizer mais pelo olhar do que pelas palavras.

O loiro sorriu, encarando a tela de seu notebook com uma foto que ele havia tirado. Não dava pra distinguir nada, mas lembrava exatamente tudo que acontecera: Ele e Charlotte estavam caminhando pelo parque, o sol estava se pondo e a luz estava ótima, amarelada e forte o suficiente para iluminar a pele da amiga de um jeito que a fazia brilhar o suficiente para deixar as estrelas enciumadas. Como andava com sua mais nova câmera, ele a pediu uma foto, e depois de muita insistência, ela cedeu.

Estava prestes a tirar a segunda quando Jasper apareceu detrás de uma árvore correndo e trajando uma máscara que até hoje ele não faz ideia do que era. Charlotte se assustou e correu em sua direção, derrubando os dois na grama. Tudo que o segundo clique registrou foi um borrão dos cachos da jovem.

Sempre que olhava a fotografia lembrava-se do som da risada da Page preenchendo o ambiente. E talvez seja porque ela estava mais perto de seu coração do que de costume -caíra por cima dele- mas seu riso acendeu algo dentro de seu peito.

Foi ali que descobrira estar apaixonado por ela.

O único problema era ela estar apaixonada por Jack, um cantor famoso que nunca tinha um fio de cabelo fora do lugar.

Bem, já havia se passado quase um ano desde aquele dia, e cerca de um mês e meio depois dele se dar conta de seus sentimentos, ela terminara seu relacionamento. Como o jovem apaixonado que era, permitiu que aquilo o enchesse de esperanças... Que lhe foram tiradas no momento em que percebera tudo que arriscaria declarando-se.

Henry, então, resignou-se na zona de amigos por si próprio, não compartilhando aqueles sentimentos com ninguém além de papéis.

Sim, papéis, no plural mesmo.

Ele começara a escrever o que sentia depois de ver um programa de conselhos amorosos, que nunca admitiria a ninguém ter visto, uma psicóloga orientando um dos participantes virtuais.

Hum, não... Ele não enviara sua situação para o chat anônimo do programa. Seria o fundo do poço de sua dignidade, não é?

...

Tudo bem, era ele, e daí?

A questão era que aquilo realmente ajudava e ninguém precisava saber.

Desde então, colecionava textos e versos sobre ela, e os escondia numa madeira solta embaixo do sofá de seu quarto, guardado do resto do mundo.

Alguém bateu em sua porta, demonstrando certo desespero em ser atendido, e o tirou de seus devaneios sobre sua melhor amiga.

- Pode entrar.- Concedeu, fechando a aba do navegador do Google distraidamente enquanto pensava.

Era sua mãe, e ela parecia extasiada. Seus olhos estavam ligeiramente, nem tão ligeiramente, arregalados, sua mão apertava a maçaneta com tanta força que o sangue se esvaía dos vasos, deixando a pele mais branca do que o normal, e um sorriso enorme ameaçava rasgar seu rosto.

Tudo que ele queria perguntar era:

"Mãe, com todo respeito, a senhora está chapada?"

No entanto, com um olhar estranho e intrigado, tudo o que ele perguntou foi:

- Precisa de alguma coisa, mãe?

A mulher deixou escapar um suspiro rápido.

- Tem uma visita pra você.

¡aqueles com chenry!Onde histórias criam vida. Descubra agora