✔️ AMOR EM TREVAS

9 - Dama Mortal 7 🌛

>>> Silas

Naquela noite Silas mal conseguiu pregar o olho de tamanha a sua felicidade, e claro preocupação, porque mesmo que seus planos estivessem todos bem elaborados, não podia comemorar antes da hora, porque sempre podia ter uma chance de dar errado.

Quando por fim o cansaço venceu, já estava quase amanhecendo.

...

Beatriz acordou com um peso diferente sobre seu corpo, e uma respiração tranquila que mexia com seus cabelos, não era algo que a incomodava, entretanto se continuasse daquela forma, seu corpo começaria a reclamar, então de forma lenta ela começou a se afastar.

Ela só não contava, que aqueles braços longos que a envolvia não deixasse espaço suficiente na cama para fazer uma fuga silenciosa como gostaria, de modo que assim que conseguiu se livrar deles, sem querer acabou caindo de bunda no chão.

— Merda — ela praguejou, e foi para o espaço todo o seu empenho em não acordar Silas, porque com todo o barulho o bruxo despertou, e olhou sorrindo para ela que ainda estava no chão.

— Não ria — ela falou brava.

— Por que eu estaria rindo ? — ele tentou fazer cara de ofendido, mas quando viu que não conseguiria, se levantou logo e estendeu a mão para ela, e Beatriz pegou sem hesitar, só que com o impulso, ela acabou indo direto ao corpo dele e eles se abraçaram.

— Não sabia que isso tudo era saudades — ele brincou, e ela o estapeou leve antes de o olhar nos olhos.

— Seu bobo.

— Diz isso mas continua aqui.

— Sempre — ela sorriu.

— Tenho novidades a lhe dizer.

— Sério, o que é ? — ela falou sorrindo.

— Só lhe digo mais tarde — ele a provocou.

— Mas por que ? — ela fez beicinho.

— Isso é golpe baixo, querida.

— Golpe baixo e dizer que tem algo a dizer e não contar.

— Em mais ou menos duas semanas podemos dar início ao nosso plano de fuga — os olhos da jovem se iluminaram.

— Sério ?

— Sim.

— Mas e seus pais ?

— Eu sei bem como contorná-los, mas e você milady, me acompanharia nessa jornada ?

— Mas e claro meu lorde — ela passou as mãos pelo pescoço de Silas.

— Também quero que conheça umas pessoas.

— Quem ?

— Phillip e Luan, são guardas do castelo, eles são boas pessoas, se metem em problemas às vezes, mas são bons quando necessário, são de longe quem mais confio aqui.

— E o que fizeram para merecer essa honra ?

— Me salvaram de um sequestro quando era criança, não me lembro exatamente como aconteceu, e eles não fazem muita questão de ficar comentando por aí, já que não foi uma experiência muito agradável.

— Adoraria conhecê-los então.

— Que bom.

— Não me leve a mal Silas, mas isso me deixa cada vez mais ansiosa para ficar cada vez mais longe da sua família.

— Eu também milady, eu também.

— Por que então não fizeste antes.

— Sinceramente eu era covarde demais para tentar, mas com você do meu lado tudo parece ser tão possível.

— Talvez seja.

...

Tudo estava tranquilo demais para Silas suspeitar que a tragédia estava cada vez mais batendo a porta, o bruxo estava tão entorpecido naqueles momentos que nem reparou os claros sinais que sua vidência estava dando que algo estava errado, e ali no escuro do próprio calabouço, ele se amaldiçoou por não se dar conta de tão pequenos detalhes, podia ter evitado a tragédia, podia ter evitado o que aconteceu com Beatriz e a filha.

Foram tantos acontecimentos ruins passados por sua mente que Silas quase deixou as lágrimas tomarem conta, se não fosse é claro os passos que o deixou em alerta.

— Espero que não tenha esquecido de mim — Marce falou de forma cínica e Silas explodiu de vez, ele se levantou rápido e a encarou com ódio nos olhos a bruxa do outro lado.

— Não basta ter tirado tudo de mim, ainda vem me infernizar, o que quer agora sua infeliz — ele gritou, e Marce riu antes de rapidamente o agarrar pelo pescoço e o pressionar na grade.

— Tudo eu não tirei, pode ter certeza — ela falou de forma ameaçadora antes de soltar, e com a força do movimento ele acabou caindo no chão — afinal você ainda está vivo.

Silas bem que não queria, mas foi inevitável não chorar na frente do inimigo.

— Por que ? Por que está fazendo isso ?

— Não é óbvio, por todos os anos de dor e sofrimento que me fez passar, eu estou retribuindo — ela falou tranquila.

— Mas eu não lhe fiz nada, como pode dizer isso.

— Claro que fez, se não tivesse feito não estaria aí.

— E sua mãe ? Eu não creio que Louise tenha concordado com isso — ele tentou apelar para algum lado emocional de Marce, mas deu terrivelmente errado.

— Como ousa proferir o nome da minha mãe depois de tê-la abandonado e mandado enfiar um punhal no coração dela — ela esbravejou com a voz carregada de magia, e Silas arregalou os olhos, mas antes mesmo que pudesse dizer algo em sua defesa, Marce continuou.

— Parece que merece ficar aí mais um pouco para pensar em seus atos — ela falou irritada e foi embora.

Era óbvio que tinha algo errado naquela história, mas antes de descobrir tinha que dar um jeito de sair dali.