Piquenique (II)

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“Alguns dias antes do trágico acidente, papai me convidou para uma partida de xadrez. Era só uma artimanha por que logo na primeira jogada disse que precisávamos ter aquela conversa profunda que todo o pai deveria ter com sua filha lésbica e me falou sobre mulheres. ‘Lena, a  mulher da sua vida será aquela que vai tornar a sua existência mais suave, você apenas tem que encontrá-la. Por mais que a descrença te impeça de ver o quanto o amor é a única coisa que faz sentido, um dia você vai topar com alguma garota que irá te provar que é possível tocar o céu sem sair do lugar e então você virá correndo contar pra mim”  Papai, você não está mais vivo mas sei que pode me ouvir e vai ficar feliz em saber: Eu a encontrei.”

 
Lena Luthor POV:

 
Tudo começou com uma-situação-de-cara-idiota.

 
Lembro que eu estava bebendo, era só uma caloura realizada com sua recente liberdade adquirida longe da supervisão dos pais. Tão animada por ingressar na universidade e que impulsivamente fez uma tatuagem aquela noite...

 
 Lilian quase me furou com uma agulha de tricô (sim, ela era esse tipo de mãe que fazia suéteres cafonas e iguais para os filhos) quando descobriu. Ah, era apenas um inocente Bon Appétit na nádega esquerda (ei, é uma boa e sugestiva tatuagem). Lex interviu quando mamãe começou seu falatório me reprovando  e pra minha surpresa disse que tinha feito uma tão mais chamativa na bunda com um “amigo” (e essas aspas são indicativo disto mesmo que você está pensando, não há héteros na família Luthor) e desde esta confissão passei a ser vista como a mais comportada da família por que a tatuagem de Lex... bem, não vou revelar tudo agora.

 
Mas naquela noite na fraternidade havia Morgan Edge. Ele, o típico egomaníaco que pensa que pode conquistar uma lésbica. Não tenho lembranças muito claras mas sei que o imbecil saiu com o nariz quebrado por que Sara Lance tinha um soco certeiro e potente.  Ela conta que me viu encurralada em uma parede por Edge, uma discussão, empurrões e ela não pensou em mais nada antes de agir. Foi fenomenal. Ela me defendeu de um babaca e dois minutos depois estava me mostrando um vídeo de um bebê que escalava e fugia sem dificuldades do berço quando não tinha ninguém por perto.

 
Essa é a história de como nos tornamos amigas. Apesar de tudo, não poderia matá-la como planejava após constatar a invasão de Morgana no meu encontro com Kara. Era Sara Lance, e ela pode me deixar louca as vezes mas sempre me salvaria... ok, naquele momento só desejava colocá-la em uma nave espacial com destino ao sol.

 
- Me- Me desculpe... – Kara levou a mão para pegar um guardanapo e acabou virando o copo de suco. – Droga!

 
-He he he he he. – Morgana, ou melhor, Sara estava se divertindo. Eu sabia que a luminosidade vermelha nos olhos do robô indicava que a câmera estava ativada e que ela assistia tudo.

 
Maldita!

 
- Você! Você não é tão boazinha como pensei que fosse! – Kara apontou acusatoriamente para Morgana antes de voltar a juntar guardanapos para secar o líquido derramado. – Esquece, não quero mais ela, pode jogá-la no lago! – Suspirou frustrada. - Estou estragando tudo não é mesmo?

 
Ela estava nervosa. Não pelo vestido, não pelo suco, não por Morgana e sim por estar comigo, por temer não corresponder minhas expectativas.
Tive um desejo incontrolável de abraçar e acalmá-la, Deus, estou sendo ridícula. Kara me despertava a vontade de ser carinhosa. Droga, por que ela tinha que ser tão fofa e atrapalhada? É como um gatinho de barriga pra cima que te deixa alucinada para fazer carinho. O que estou dizendo????

 
Não abracei e só decidi fazer o que era melhor. Desligar Morgana.

 
- Você não está estragando nada. – Rodeei a mesa até onde o robô estava e ainda que suas perninhas curtas e mecânicas fossem rápidas e ela fosse esperta não conseguiu fugir. Segurei uma Morgana irresoluta de cabeça para baixo. - Eu estou... hmm, eu estou feliz por estar aqui com você.

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