Capítulo 12

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Ainda constrangido, simplesmente fui atrás lá do tal do gelo. Meu pai segue com o olhos, sem expressão mas sinto que está rindo por dentro. Onde eu fui me meter?

O gelo não queria sair de jeito nenhum e isso só prolongou ainda mais meu tormento. Mil e um palavrões se passam pela minha cabeça mas da minha boca sai apenas um riso sem graça. Olho para trás e meu pai já não assiste meu desespero. Enfim enrolei alguns cubos de gelo num pano de prato e pressionei contra o pescoço.

Eu vou matar esse idiota. Sasuke, você me paga.

Não posso nem lembrar dele que me vem um arrepiozinho gostoso. Distraído, só noto a presença da minha mãe quando ela grita o meu nome.

Tenho certeza que acabo de ter um ataque cardíaco ou sei lá. No desespero simplesmente joguei o pano dentro da pia vazia.

- M-mãe... Oi! Tudo bem com a senhora?

Logo meu pai surge do submundo, possivelmente para termos a experiência de um belo e constrangedor momento em família.

- O que está escondendo? - ela me pergunta, num misto de dúvida e pré-raiva.

- Nada! Não é nada... Eu...

- ISSO É UM CHUPÃO?

- Ai merda.

- Relaxa, Kushina, tenho certeza que é uma boa moça. - meu pai interfere.

Moça? Eu não pretendia mentir mas também não esperava ter que corrigir ele, ainda mais nessa situação.

- Boa moça? E eles saíram por aí pra ficar se agarrando na rua?

- Não, ele trouxe ela pra cá, pra estudar, não é Naruto?

Quem sou eu para ir contra o marido da Fera? Alguma coisa ele deve saber...

- Foi.

- Ele te apresentou ela? - ela se vira pra ele de braços cruzados.

- Não me apresentou, mas me avisou que ela viria e eu autorizei, espero que não tenha problema.

- Não... Não. Claro que não, tudo bem. Mas ela sabe que já teve gente que morreu por conta de chupão?

- Mané chupão, Kushina! Você sempre foi uma sanguessuga. Eu já falei pro moleque por gelo.

- Eu sei de um jeito melhor.

Então veio ela com um pente e começou a falar sobre como eu não posso ficar por ficar, que não tenho idade para fazer certas coisas, que se for pra desobedecer para pelo menos usar uma camisinha. De que quer conhecer ela...

Não me vi com espaço para dizer nada a respeito. Estou me sentindo meio... errado.

Fui pro quarto me sentir mal enquanto ouvia música pelo menos. Para variar, mais tarde conversando com a Sakura eu percebi o quão babaca fui de ter falado que não estava com o Sasuke na festa.

Eu simplesmente TENHO que fazer alguma coisa a respeito. Só não sei bem o quê... algum... Só então me dou conta que ainda não tivemos um encontro e é exatamente o que eu pretendo fazer.

Então o celular vibra e olho a barra de notificações. É ELE!

OKAY!? Respira. O que eu faço?

Dou um leve tapa na minha própria testa. Você responde, Naruto. O sorriso simplesmente não cabe no meu rosto.

Não é exatamente a primeira mensagem que ele me manda e tem a possibilidade de não ser nada importante, mas dado as circunstâncias, não sou capaz de impedir a espectativa de crescer.

Sasuke

Então chega terça-feira e com ela temos revisões em massa e um Sasuke muito concentrado, talvez... duplamente concentrado, minha mente sempre arranjando brechas para olhar para ele. Não pensei muito sobre como eu deveria agir depois da nossa tarde de ontem e só me dei conta disso quando cheguei na sala e me deparei com o Naruto e meus amigos. Ele agiu tão normalmente que nem tive muito espaço para timidez.

Conversamos banalidades no recreio e o dia passou voando. O sinal toca e eu quero muito voltar para casa com ele, já temos feito isso mas mesmo assim. Eu quero MUITO voltar para casa com ele.

Então levantei primeiro e olhei em sua direção, ele ainda conversando arduamente com Shikamaru, não deixo de sorrir com a cena. Afinal, não muito tempo atrás ele parecia tão sozinho, provavelmente porque seus únicos amigos não são dessa escola.

Quando finalmente olha na minha direção e nossos olhares se cruzam sinto um arrepio, um sentimento que não sei nomear, mas que reafirma em meu peito o quanto é bom ter ele aqui e do quanto o quero ainda mais perto.

O Shikamaru sai fazendo alguma piada besta sobre não querer ficar de vela e Naruto e eu passamos a andar lado a lado. Pouco depois da saída da escola, mas não tão distante a ponto de não ter mais movimento de alunos, ele finalmente puxa algum assunto.

- Você é o pior ser humano do mundo.

- O que eu fiz? - Pergunto indignado, eu aqui todo boiola e ele nessa.

- Um chupão. - responde num cochicho engraçado e uma risada nasal me escapa.

- Qual é?! Nem dá pra ver!

- Porque eu dei meu jeito, mas meus pais viram.

Ficamos um momento em silêncio enquanto atravessávamos a rua e logo que nossos braços se esbarraram de leve o ouço suspirar alto. Ele puxa o próprio braço para mais perto de si e parece pensativo. Minha vontade era puxá-lo de volta mas não quero deixá-lo desconfortável.

- Como eles reagiram? - volto ao assunto.

- O que?

- Os seus pais, como reagiram?

- Querem conhecer a garota.

Senti uma lasquinha se formar lá dentro, "garota". Era bom demais pra ser verdade. Ele negou para os amigos, agora mente para os pais e me sinto traído por mim mesmo, porquê apesar de ter consciência de que mereço mais, eu quero ele. Mesmo que ele não diga a ninguém... É a minha vez de suspirar.

- A garota?

- eu não soube como corrigir, minha mãe começou a surtar por causa do chupão e não queria contar sobre isso num momento de tensão. E se eles começassem a associar você com algo ruim talvez quando te conhecerem não... - Então ele me olha com um semblante assustado, parecendo que acaba de se dar conta de alguma coisa. - Eu sou um completo idiota.

- Eu sempre te avisei sobre isso. - foi uma tentativa de ser engraçado mas tenho conciência de que não carrego humor na voz.

- Me desculpa.

- Olha, você não precisa me assumir e nem se assumir pra todo mundo, mas eu não vou entrar no armário de novo por você. Eu não quero ser rude, eu entendo que no início é mais difícil e mesmo depois não deixa de ser, mas eu... Não quero ser seu segredo.

- Você está certo, não quero que seja. Eu já queria me desculpar pelo jeito que agi com você no sábado e agora... Não vou te colocar nessa posição de novo.

- Queria ou quer? - implico.

- Quero. Você está livre esse fim de semana?

EU SOU TÃO TROUXA. Estou nas nuvens, a vontade é sair saltitando.

- O fim de semana antes das provas? Óbvio que não.

- Aí merda, eu esqueci. - Rio de sua reação. - Depois das provas então?

- Quem sabe.

Palavras De Eu Te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora