Para que um teatro aconteça, é necessário toda uma equipe, um historiador, um diretor, alguém que cuide da iluminação, que monte o cenário, que monitore o som, que coordene tudo.Ao todo, um conjunto de infinitas peças que juntas, formam o espetáculo.
E Hwasa, era uma delas. Apesar de não ser a protagonista, era necessária para um contexto, o desenrolar da história.
No entanto, estava decidida a mudá-lo, o autor que se fode-se, escreveria suas próprias linhas, decidiria seu destino, não seria só mais um personagem secundário.
Terminou de passar o batom em seus lábios e com a ponta da unha ajeitou as partes borradas, sorriu para o seu reflexo, sua franja estava solta na lateral de seu rosto lhe dando um ar angelical e delicado enquanto o resto do cabelo loiro estava dividido ao meio e preso em tranças boxeadoras.
Jogou a mochilas nas costas e ignorou a cozinha que lhe chamou o final de semana inteiro, indo direto para o colégio.
Assim que atravessou a rua, duas outras líderes de torcidas lhe desejaram bom dia e se puseram a caminhar ao seu lado, empinou o nariz e acenou atrevida para o pequeno grupo de garotos que lhe admirava e cochichavam malícias entre risadas.
Passo a passo, caminhava pelos corredores como uma rainha por seu reinado, todos os olhares direcionados a si, lhe desejando ou invejando.
E por milésimos de segundos, perdeu o controle quando o filho da puta que atende por Kim Namjoon, virou o corredor cercado pelos jogadores do time, seu coração errou algumas batidas e cerrou as mãos em punho ao lado do corpo, irritada.
Os olhares se encontraram e não se reconheceram, completos estranhos.
Um sorriso ladino e maldoso pintou os lábios vermelhos sangue e encheu o peito passando por ele, lhe lançando um beijo por cima do ombro.
Um dia da caça e outro do caçador, seus olhos felinos miravam um coração e ela o teria a qualquer custo.
— Você está com uma carinha de psicopata! — Moonbyul disse estalando os dedos frente ao rosto da melhor amiga — O que só pode significar uma coisa e nunca é algo bom! — Manhou com um biquinho, sabia que sem nem mesmo ser consultada seria parte de algum plano mirabolante, sempre sobrava para si.
— Namjoon está apaixonado! — Disse fitando-a e girando a caneta entre os dedos.
— E isso não é bom? — Perguntou retoricamente erguendo uma sobrancelha com a resposta óbvia.
— É sim, mas ele não está apaixonado por mim, está apaixonado por outra pessoa e eu vou descobrir quem é! — Disse firme alternando seu olhar entre o quadro e o caderno, copiando a matéria.
— Espera, o quê? — Gritou incrédula atraindo os olhares curiosos de toda a turma, inclusive da professora que a repreendeu.
— Está certo, é isso mesmo que você ouviu! — Reafirmou em um suspiro, deixando a caneta colorida na mesa e apoiando uma mão sobre a outra no caderno.
— Aí meu Deus, você está falando sério mesmo! — Tampou sua própria boca com as duas mãos, assustada com a loira.
Mais uma vez a professora chamou atenção das alunas que ameaçadas por uma advertência calaram a boca até o intervalo.
— Vem, temos um plano para executar! — Arrastou-a pela mão até o banheiro e largou a mochila cheia em cima da bancada da pia.
— Correção, você tem um plano para executar, estou faminta demais pra qualquer uma das suas loucuras! — Tentou fugir despedindo-se com um aceno de continência, mas foi segurada pela blusa.
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CATHARSIS
FanfictionCatharsis é a purificação e purgação das emoções - especialmente a piedade e o medo - através da arte ou qualquer mudança extrema de emoção que resulte em renovação e restauração. É uma metáfora usada originalmente por Aristóteles na Poética para de...