2° Capítulo

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Bocejou tampando a boca com a mão e jogou o óculos de qualquer jeito sobre as folhas de exercício de artes, empurrou-se para longe da mesa de estudos girando na cadeira de rodinhas, abraçando os próprios joelhos.

Pateticamente desejou que sua vida como capitão do time, o popular que recebia os tapinhas nas costas e se safava das atividades escolares pelo suborno de pais ricos fosse real.

A realidade era outra, precisava manter suas boas notas para continuar no time já que não tinha a parte monetária tão favorecida assim e sua relação com os professores não é a das melhores, tudo pela imagem que mantinha de ser desleixado, quando na verdade acordava todos os dias uma hora mais cedo para terminar os exercícios que não conseguira fazer na madrugada, e ao contrário do que muitos pensavam, não queria ser um jogador famoso, mas um escritor.

Sequer sabia como ficou popular, como garotas e garotos começaram a brotar do chão querendo ficar consigo, no fundamental era um nerd completo, com blusas de anime, óculos de graus altos, que usa até hoje, o cabelo grande agora curto, apenas deu sorte de ser bom no único esporte que sabia jogar e de maior importância no novo colégio, caso contrário continuaria o mesmo.

Agradecia por não ser, não ouvia mais de seus pais que precisava socializar e ter mais amigos, via-se também mais bonito, mais alto e forte.

Saiu da cadeira e jogou-se na cama de qualquer jeito, com braços e pernas abertos, mas grunhiu cansado quando ouviu o despertador tocar, havia esquecido de o desligar, era sábado e queria dormir até mais tarde, pegou o celular em mãos virando-se de barriga para cima e sorriu com o lembrete na tela de bloqueio.

Pulou para fora da cama num instante e correu para o banho, depois de pronto desceu as escadas do sótão onde ficava seu quarto, catou a primeira maçã que viu pela frente segurando-a com os dentes enquanto vestia o casaco do time, era a marca registrada de todos os jogadores.

— Onde vai com tanta pressa? — A mãe o questionou limpando as mãos no avental colorido, colocando-as na cinturas em seguida.

— Vou ao colégio, não tirei boas notas em artes esse bimestre, então, pra melhorar minhas notas o professor pediu pra que eu fosse aos ensaios do teatro e que se me visse lá, me ajudaria com esse pequeno problema! — Mentiu arrancando um pedaço da maçã, o mastigando.

Desconfiada a mãe colocou-se na ponta dos pés, firmando o peso do corpo em um pé para enxergar atrás do filho o relógio pendurado na parede.

— São oito horas da manhã Namjoon, você nunca acordou esse horário no sábado pra qualquer aula extracurricular ou qualquer acordo que tenha feito com um professor pra ganhar nota! — Desconfiou juntando as sobrancelhas e lhe apontando com o indicador — O que você está aprontando garoto?

— Nada mãe! — Persistiu em sua mentira e riu baixinho, se aproximando e selando os lábios sobre a testa da menor — E vou precisar das chaves do carro!

— Seu pai saiu pra fazer compras, terá que ir de viação canela ou de ônibus se preferir! — Caçoou deixando dois tapinhas sobre sua cabeça em consolo, voltando-se para a massa que estava fazendo.

— Mentira! — Murchou deixando os ombros caírem, com um bico enorme nos lábios.

— Verdade bebê! — Retrucou sobre o ombro, sujando a ponta de seu nariz com trigo.

— É, vou ter que ir de ônibus mesmo! — Endireitou-se limpando o nariz, beijando-lhe os fios de cabelo antes de sair.

Quase arrependeu-se de todo o trabalho que estava tendo, o ônibus demorou um século e chegou atrasado no ensaio, quase no final.

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