A escuridão lhe cercava, tocando a pele morena com um arrepio, a garganta secou e engoliu em seco, em vão seus olhos procuravam por algo, seu peito apertou-se ansiosamente e sentiu seu estômago contrair-se com as tão famosas borboletas.
Então, a luz rompeu-lhe a penumbra dos olhos, vívida, intensa e dolorosa.
Os cabelos escuros estavam perfeitamente alinhados, formando um topete, seus olhos traçaram a curvatura da cintura fina, os castanhos brilhantes elevados ao céu, expressando melancolia, a mão estendida como se precisasse tocá-lo, os lábios fartos e rosados entreabertos.
E assim, a peça começou.
— Que eu me lembre, havia dito que teatro era chato! — Hwasa a líder de torcida com quem estava saindo provocou-lhe, o despertando e zombeteira cutucou-o com as enormes unhas postiças na altura das costelas.
— Ah… — Balançou a cabeça concentrando-se nela, abriu um sorriso sacana e estalou a língua — E eu estava, como estou, certo! — Respondeu passando o braço por seu ombro trazendo-a para perto.
— Estou vendo! — Debochou escorregando a mão para o interior da coxa em uma carícia lenta.
— Não acho que estamos aqui pela peça. — Sussurrou descendo com a mão de seu ombro mais para baixo de suas costas, indo para lateral, até seu seio.
— Eu tenho certeza! — Garantiu segurando um risinho mordiscando o lábio inferior, subindo as carícias para o seu membro, o estimulando.
Porém, mais uma vez seus olhos lhe atraíram para a luz.
Ele se movia com elegância sobre o palco como se o pertencesse, era seu, as luzes batendo em seu rosto acentuava cada novo traço que descobria, como as maçãs altas e seu contorno suave, a mandíbula delicadamente marcada.
Até mesmo suas sobrancelhas lhe pareciam atraentes?
A língua quente lhe arrancou da epifania e gemeu rouco e baixo, apertando um monte de fios loiros entre seus dedos.
Naquele momento, deveria ter fechado os olhos e não encontrar-se nos dele, a eternidade daqueles segundos não tocaria a melodia de seu coração e não faria um estrago, se no mínimo desviasse o olhar.
Um sorriso cúmplice cresceu nos lábios rosados e uma sobrancelha fora erguida para si do palco, jogou a cabeça para trás gozando e conteve o gemido segurando o lábio inferior entredentes.
— Devíamos fazer isso mais vezes, é excitante! — A loira com voz rouca disse entre riso enxugando o canto da boca e ajeitando o batom vermelho borrado.
— Concordo! — Assentiu fechando o zíper de sua calça — Estava sentindo sua falta boneca! — Aproximou-se apertando as bochechas e beijando o biquinho que se formou.
— Também estava sentindo a sua, mas tenho que ir, treino das líderes de torcida baby! — Apressou-se deixando um selar rápido como despedida, jogando a mochila nas costas.
Suspirou fundo e levantou-se para junto das outras poucas pessoas ali presentes para aplaudir os atores.
Sequer soube o que estava fazendo, mas decidiu esperar pelo garoto, de alguma forma, sentiu-se desconfortável pelo ocorrido, como se o devesse algo, então, o esperou nos bastidores.
— Foi uma boa peça! — Puxou conversa com um elogio fajuto e sorriu sem descolar os lábios enfiando ambas as mãos nos bolsos do casaco do time.
Ele o olhou de alto a baixo, cruzou os braços e negou com a cabeça rindo baixinho.
— Pra você? Certeza, que sim! — Apontou erguendo mais uma vez a maldita e estranhamente atraente sobrancelha.
— Está me acusando de algo? — Brincou sabendo do que ambos estavam falando, imitando-o ao cruzar os braços e erguer uma sobrancelha.
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CATHARSIS
Fiksi PenggemarCatharsis é a purificação e purgação das emoções - especialmente a piedade e o medo - através da arte ou qualquer mudança extrema de emoção que resulte em renovação e restauração. É uma metáfora usada originalmente por Aristóteles na Poética para de...