Capítulo 74

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Se puderem leiam o capítulo ouvindo essa música, em minha opinião o ar melancólico dela combina mt com esse capítulo

-Tudo começou quando meu pai e o pai do Helio e do Peter se uniram. Ambos eram famílias muito influentes no submundo, e com essa aliança, na época, ambos eram praticamente invenciveis no mundo do crime.-Diz respirando fundo enquanto acaricia minhas costas, fungo atenta a sua história.

-Todos temiam a família Menegazzo e Thompson, e, como estávamos incluídos nela, por conta da ambição de nossos pais, desde pequenos eles fizeram todos os tipos de coisas inimagináveis pra que segundo eles, pudéssemos nos tornar monstros fortes e assim, poder passar o legado que eles estavam construindo, pra frente.-Diz fazendo meu coração se acelerar.

-Nossos pais fuderam com nosso psicológico desde cedo, em especial com o meu.-Diz dando uma leve risada, cheia de amargura.-Meu pai era um sádico filho da puta que adorava provocar dor no próprio filho.-Diz acariciando minhas costas.

-Sabe a razão pela qual eu havia surtado quando transamos sem camisinha? Eu não queria passar esse legado pra frente, eu não sou e não sei se serei um bom pai pra uma criança, não sei se vou poder dar amor pra ela, ja que desde pequeno, eu nunca soube o que é isso.-Diz me fazendo engolir seco enquanto o abraço.

-E a sua mãe?-Sussurro com a voz entre cortada.

-Era uma vadia desgraçada que era tão obcecada por meu pai que deixava ele fazer o que quisesse comigo.-Diz com amargor. Respirando fundo, ele continua.

-Todo o meu inferno começou com quatro anos.-Diz me deixando surpresa.-Meu... pai, havia me levado pra o patio e havia trazido um pequeno filhote de pássaro. Eu fiquei feliz em ver um animal tão fofo, ele era tão pequeno. Bom, papai não havia gostado nada disso. Eu havia entrado em pânico quando ele tinha me ordenado quebrar as asas do animal e arrancar sua cabeça, comecei a chorar me negando a fazer o que ele pedia, ele ficou com raiva e fez isso na minha frente, depois que ele terminou, ele pegou seu cinto e me bateu muito, me bateu tanto que eu não consegui levantar mais naquele dia de tanta dor, e fiquei naquele dia lá, com fome, sede, dor e muita tristeza.-O abraço mais fortemente sentindo um aperto no peito ao imaginar a cena.

-No mês seguinte eu havia conhecido Helio e Peter. Eu estava tão traumatizado, havia passado um mês sendo espancado a cada vez que me negava a quebrar as asas e arrancar a cabeça de um pobre passarinho, até que, dias antes de eu conhecer Peter e Helio, não aguentando mais, eu fiz o que ele pediu chorando, foi perturbador ver minhas mãos cheias de sangue de um inocente, ei, não chora.-Diz enxugando minhas lágrimas que caem em grossas camadas.

-Quando conheci os dois, fiquei feliz e triste ao mesmo tempo, feliz por ter novos amigos e triste porque eles iriam passar o mesmo inferno que eu.-Diz enojado.-Eles vieram morar comigo, assim como o tio deles, que foi o responsável por nos treinar, nos ensinar a torturar pessoas. Aprendi mais sobre anatomia humana com ele do que na escola, que passei a frequentar anos depois. -Diz em uma falha tentativa de humor.

-Nossa infância e adolescência foi um verdadeiro tormento, nosso ódio por nossos pais era tão grande, tão profundo.

-Como o Peter conseguiu aquela cicatriz?-Pergunto fungando.

-Por conta de algo que ele fez. Quando estávamos perto de entrar na adolescência, a mãe dele engravidou novamente e, quando ela ganhou o bebe, era uma menininha.-Diz me deixando surpresa.-Todos nós estávamos com medo por ela, cogitamos até a ideia de fugir com ela, mas não passaríamos nem pra proxima cidade sem sermos pegos.

-O que ela tem haver com a cicatriz dele?-Pergunto encarando seu rosto, que me encara com um sorriso sombrio, triste.

-Ele cortou a garganta dela quando tinha três meses.-Diz me deixando horrorizada.-Não me olhe assim, foi preciso.

O mafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora